O Primeiro Ensaio

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— Ansiosa? — a Sgt.Karine perguntou para a sua filha, despertando-a do banco de passageiros.

Aline Souza piscou com força. Ainda não se acostumou em acordar tão cedo já que as aulas acabaram de voltar. Notou o sorriso empolgado de sua mãe, mesmo que a mulher estivesse atenta à estrada, e compreendeu do que se tratava a conversa: do primeiro ensaio para a formatura de conclusão do Ensino Médio, que ocorrerá só no fim do ano.

— Claro! — ajeitou-se no assento do Uno vermelho —Já sabe qual o símbolo que o Cristiano escolheu?

Sub-Tenente Cristiano — a mãe corrigiu, olhando-a em advertência antes de voltar o olhar para a pista — mas não, não faço ideia. Ele gosta de guardar isso em segredo, todo ano.

E chegaram no Colégio. O pessoal da guarita abriu o portão para que a Sargento estacionasse lá dentro por ser funcionária da instituição. E ao olhar-se no espelho do carro, Aline viu seu uniforme de hoje: agasalho. Às quartas o uniforme da sua turma era seria agasalho, devido à aula de educação física. E por pensar em agasalho, lembrou-se de Molly.

— Mãe?

— Hm?

— Não acha que pegaram muito pesado com a Molly?

— Não.

Por um instante isso congelou Aline. Opor-se à sua mãe nunca foi seu forte. Pelo contrário, Aline deseja por tudo no mundo deixá-la orgulhosa dela, de quem ela era e de quem ela se tornará. E por isso evita ao máximo contrariá-la.

Mas por mais que um frio se instalasse em seu estômago, o coração de Aline ordenava-a para que ela não desistisse do assunto tão cedo. Molly havia sido injustiçada com um F.O (que a autora aqui reitera, ser uma advertência) devido ao seu uniforme que não estava pronto por irresponsabilidade da loja.

— Ela levou um F.O por problemas externos. — insistiu, o que fez sua mãe fechar a porta do carro que acabara de abrir por acreditar ter-se findado o assunto.

— Ela levou um F.O por estar com o uniforme em desalinho.

— Não estava em desalinho, estava de agasalho, do mesmo jeito que eu estou hoje!

— Num dia que era para estar de farda! — a voz da mulher tornou-se mais agudo pela irritação. E Aline se calou, sentindo os pequenos e ferozes olhos de sua mãe sobre si. Ficaram em silêncio, porque sua mãe não lhe deu mais abertura para falar, e o horário de morte do assunto foi às 6h52, quando a voz do monitor foi escutada por toda a escola a partir das caixas de som, gritando um "VUMBORA TERCEIRO ANO". Aline respirou fundo, beijou a face de sua mãe pedindo-lhe sua bênção. A mãe abençoou a filha, e esta saiu do carro com a mochila azul nas costas, cobrindo o rosto com a máscara cinza. Apressou-se, desceu as escadas contra o fluxo da maior parte dos alunos que ali subiam, e correu para a sala.

Terceiro Ano - Apply FicOnde histórias criam vida. Descubra agora