MAYA E EU voltamos para o quarto assim que o café da manhã acaba. Sam, por algum motivo, vem logo atrás. Sem ser convidado o garoto simplesmente entra e senta na minha cama, analisando as paredes como se procurasse por alguma decoração. Ele apoia o corpo nos cotovelos e sorri de um jeito que parece deixar o quarto mais claro.
— Então — Sam começa, estala língua e me olha dos pés à cabeça —, o que você e Ethan ficaram fazendo ontem à noite?
A pergunta me deixa tão confusa que começo a gaguejar uma resposta. Maya ri e senta na própria cama, levantando uma sobrancelha para o amigo. O sorriso que molda seus lábios não é muito inocente, o que me leva a acreditar que ela já sabe quais são as intenções de Sam com a pergunta.
— Eu não sou ciumento — o garoto informa. — Pode me contar.
Finalmente entendo o que ele está insinuando e cruzo os braços. Não quero gaguejar ou parecer em dúvida dessa vez.
— Não sei o que Ethan estava fazendo se não foi para a reuniãozinha de vocês, mas eu estava bem aqui. Dormindo. Sozinha.
Sam analisa se deve acreditar em mim. Eu não deveria me importar com o que ele acha, mas existe uma estranha urgência dentro de mim e ela está crescendo, implorando para que Sam não duvide. Sei que ele não é Dominic e também não sei porque meu cérebro fez essa associação ridícula, mas só consigo pensar que, no passado, Dominic não acreditou em palavras parecidas com essas, o que resultou no caos que minha vida se encontra.
Não quero que se repita.
— Precisamos descobrir onde Ethan estava — Sam se vira para Maya tão abruptamente que me assusto.
Maya concorda e olha para mim. Não sei se ela ainda acha que Ethan e eu passamos a noite juntos ou se espera um palpite.
— Provavelmente no estúdio — digo antes de pensar.
Sam fica tenso e apoia os cotovelos nos joelhos. Olha para Maya com o sorriso crescendo, e eu me sinto estranhamente vulnerável agora, como uma criança pega no flagra. De alguma forma sei que fiz a coisa errada ao citar o estúdio.
— Como é lá dentro? — Maya quebra o silêncio. — O que ele guarda naquele casebre mofado?
— Vocês nunca foram lá?
— Não — é Sam que responde. — Nunca. Ele não deixa que a gente entre lá.
Fico boquiaberta. Não sei por que Ethan decidiu que seria diferente comigo, mas me sinto estranhamente satisfeita de ser a única a ter entrado no estúdio dele. Não que eu tenha recebido um convite — na verdade, invadi o local. Mas ele me pediu para ficar depois. E significa alguma coisa.
— É só um casebre — minto. Não quero trair a confiança de Ethan. — Nada demais.
Sam revira os olhos. Ele sabe que estou mentindo, mas não insiste em extrair a verdade e apenas se levanta. Me dá um beijo na bochecha rápido e travesso quando se direciona para a porta e, com uma saudação dramática, vai embora.
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O Som Das Cores
Storie d'amoreElizabeth Taylor tem mais de cem cadernos cheios de palavras aleatórias e seus significados. Ela ama cada um deles e, principalmente, conhecer novos. Mas, quando uma terrível tragédia dá à vida de Elizabeth um significado ruim, ela muda completament...