Capítulo 03

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Vinícius

Caminhei até o banheiro, a procura de uma aspirina, aniversários sempre me davam dor de cabeça, enchi o copo d'água na torneira e engoli ambos sem pestanejar. Deixei a cartela e o copo em seus lugares e saí do banheiro a passos preguiçosos para o corredor.

Você não vai ajudar? - Walquíria intercepta-me no caminho para o estúdio, a mulher apoia a mão na parede a minha frente e eu nem precisava encarar seu rosto para saber o olhar que ela direcionava a mim naquele momento.

— Eu avisei. Concordo desde que limpem e organizem tudo depois, mas isso não me incluía.

Ouvi ela me xingar e o canto esquerdo de meus lábios esticou-se em um sorriso fraco.

— Eu não mandei você dispensar os empregados com o restante dos convidados.

Retruquei, ela que arrumou trabalho, eu não tinha que pagar pelo seu erro, não era meu problema.

— São secretários do lar, Vinícius, e eles eram convidados, onde você já viu fazer os convidados ficarem para arrumarem a festa?

— Eles foram contratados e são pagos, isso os classifica como pessoas empregadas, Walquíria.

— Ah, tá tá, vai para o seu estúdio, se enterra lá e me deixa aqui, com sono e cansada para limpar tudo isso sozinha... Cansada e com sono.

Reviro os olhos, junto os dedos da mão e pressiono o centro da testa massageando o local em movimentos circulares enquanto prometia a mim mesmo que nunca mais deixaria ela fazer nada nesse apartamento. Tive vontade de responder a morena, mas estava sem paciência, acabaria irritando-na e ela acabaria me estressando. Wal não faria nada sozinha, os gêmeos e Bruno estavam no cômodo ao lado e seus olhos claros estavam tudo, menos anunciando quaisquer resquício de sono.

Sem me dar o trabalho de responde-la, viro para o outro lado a caminho do núcleo do olho do furacão, deixando claro, ao soltar uma proposital arrastada e sonora lufada de ar, o quão relutante e insatisfeito eu estava de me submeter a isso, não que ela se importasse. Sinto seus braços me rodearem pelas laterais do corpo e ouço sua risadinha abafada contente pelo sucesso em me persuadir, não que fosse novidade, ela sempre conseguia o que queria de mim sem fazer muito esforço.

Melissa ergueu a cabeça assim que entramos na sala, ela já estava adiantada, equipada com um enorme saco de lixo catando embalagens que estavam espalhadas por todo canto.

— Não me diz que alguém vomitou, por favor. - Suplico tentando não imaginar uma poça nojenta pelo chão no meu território, não queria nem pensar em opções de achados piores que este, mesmo na adolescência, fazer festas nunca fora de meu feitio.

— Te garanto que não, e eu já deixei o banheiro limpo, nem parece que entrou gente lá dentro.

Mark surge vindo da cozinha enxugando as mãos em um papel toalha que descarta dentro do saco da irmã.

Olho no relógio e não me espanto ao ver que já se passavam das cinco da manhã, me desvencilho dos braços de Wal e começo a por a mão na massa, agradecendo por devolver minha decoração ao lugar sem nenhum arranhão em qualquer objeto que fosse, embora algumas manchas de bebidas e marcas de dedos precisassem ser limpas.

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