Capítulo 19 - Viagem ao passado Part. 2

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Narradora


Jeongin teve muito o que fazer depois daquela situação que encontrou seu pai. Preparar todo o funeral, pois apesar de tudo, ele ainda era seu pai. Seu coração doía já que querendo ou não teve memórias e momentos muito bons com seu progenitor. Ficou surpreso quando disseram que ele tinha deixado a casa para sua mãe, e que ela podia fazer o que quisesse. Para ele foi deixado uma certa quantia em dinheiro e um envelope, bom grosso.

Tinha seu nome lá. Era direcionado a si. Sua mãe estava bastante entristecida, talvez até um pouco aliviada ninguém sabia explicar direito. Hyunjin quando chegou aquele dia no local, só pegou Jeongin e o levou para casa, junto dos pequeninos. As crianças ficaram preocupadas porque o seu pai estava chorando muito mas no final tudo ficou bem.

Seu pai já teria morrido a oito horas, no mínimo. Dependendo de qual momento teria acontecido, devia ter sido o mesmo em que seu pai mandava mensagem para conferir se Jeongin realmente iria.

Agora Jeongin ponderava muito se abria ou não aquele envelope. O dinheiro estava intacto, não fazia a mínima ideia do quê lhe aguardava ali. Na sala de sua casa com Hyunjin ao seu lado, como sempre, e as crianças com os pais de Hyunjin. O mais velho não dizia nada, apenas fazia carinho em suas costas e demonstrava apoio. Ficou apreensivo quando o mais novo se inclinou para pegar o envelope esbranquiçado que pousava sobre o centro em frente eles.

Jeongin estava com medo, que refletia em suas mãos trêmulas. A primeira vez que receberia algo de seu pai depois de tantos anos. Seu coração batia tão forte que poderia ser comparado com uma britadeira. Respirou fundo e abriu o envelope. Viu que tinha três papéis preenchido por palavras. Completamente. 

Eram cartas. 

Suas lágrimas já inundaram seus olhos. Hyunjin o abraçou fortemente.

— Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui. — se pronunciou, no tom firme e carinhoso de sempre. 

Jeongin engoliu em seco, sentindo sua garganta doer pelo choro que estava sendo reprimido. 

"Olá, Innie! 

    Se você está lendo isso tem a possibilidade de duas coisas terem acontecido; eu fui um covarde novamente e não permiti que você entrasse em minha casa, ou eu morri. Sinto tanta vergonha pelas coisas que eu fiz que nem sei por onde começar, mas sei que não mereço que você venha ao meu encontro. Eu deveria fazer isso. 

Primeiramente, peço perdão por não ter te valorizado devidamente; por ter te expulsado; por não ter te amado da forma correta; por ter rejeitado você e seus filhos. Eu não fui um pai e percebi isso tarde demais.

Quando levantei a mão para bater em sua mãe depois dela me pedir o divórcio, pude aprender inúmeras lições da pior forma possível. Seulgi sempre foi meu porto seguro e eu bati nela. Ela era a única que restava ao meu lado e novamente eu não consegui dar o devido zelo. 

Descobri que estava morrendo no dia que assinamos os papéis e discutimos os valores. Câncer no pâncreas. Me senti na maior fossa e soube naquele momento, depois de anos e anos, que eu não era nada sem vocês. Eu devia ter feito muitas coisas e não fiz. Sua mãe nunca mais falou comigo, obviamente e eu já tinha perdido você. Os que se diziam meus "amigos" me deixaram na mão.

Passei todos esses meses refletindo enquanto morria já que o câncer estava muito avançado. E agora eu digo que não perdoo você ter engravidado do Minho. Não perdoo porque não tem o que perdoar. Estava sendo muito tosco ao dizer que deveria continuar com aquele idiota. Você não engravidou porque quis, mas criou por sua própria vontade mesmo que eu, a pessoa que devesse te acolher, não o fiz. Eu quem peço desculpas porque agi de forma imprudente.

Eu peço desculpas porque não enfrentei a realidade de forma adulta, mas sim como um cego por status. Peço desculpas por ter te feito sofrer de uma forma tão desnecessária quanto aquela. Sua mãe sempre me avisou de que eu estava errado, que estava sendo mesquinho e egocêntrico, entretanto, já sabemos o que aconteceu.

Eu me senti só. Infeliz. Sentia falta do meu menino cantando por toda a casa, ou então me explicando algum assunto da sua matéria mesmo que eu não fosse conseguir entender. Sentia falta de você me dizendo o quanto me amava e que eu era sua fonte de inspiração, que obviamente já não é dessa forma mais. Sou prioritário de todo seu ódio e desprezo. Assumo isso.

Não vou negar que não senti vontade de ver seus filhos mas sabia que não poderia o fazer, porém, tomei a liberdade de deixar todo o dinheiro que pude para eles e para você. Passei a querer ajuda-los e todo o dinheiro que podia eu guardava.

Meu coração se partiu quando vimos todos ocorrido pela televisão. Se eu tivesse acreditado em você, tivesse te dado a chance de ter voz, tudo seria diferente. Mas não foi o que aconteceu.

Faça o que achar certo, Innie. Siga seu coração. Ame. Viva. Construa sua família. Seja feliz. Conquiste seus sonhos e desejos. Proteja sua mãe e seus filhos.

Fiquei sabendo que está com outro rapaz e que ele faz com que seus olhinhos brilhem novamente. Mesmo que eu não tenha o direito, irei dizer; cuide do meu filho. Ele é simpático, carismático, inteligente, faz uma torta de frango que só pelos deuses! É educado, corajoso, dona tudo no peito e devolve em amor.

Ainda que eu tenha sido um péssimo pai, meu filho teve coração o suficiente para ser diferente e você, aquele que o tem, é um homem de sorte porque meu filho é o mais perfeito de todo mundo e eu tenho orgulho. Cuide bem do Byungchan e do Subin. Já os vi por foto e eles são preciosos demais. Parecem muito com o Jeongin e ainda arrisco dizer que herdaram toda a personalidade arteira do pai. Quem imaginaria que Jeongin adorava puxar os cabelos alheios? Cheguei até a ficar calvo! Uma vez ele puxou um tufo do meu cabelo em uma reunião de pais e mestres.

Enfim... Não escrevi isso para receber seu perdão e ter alívio interior. Fiz para que você soubesse que eu mudei meus pensamentos e que estou arrependido. Não espero que venha me ver, e detestarei que o faça caso eu tenha morrido. Viva, Yang Jeongin! Respire! Crie seus filhos da forma mais bela que eu serei que irá fazer. Conheça seus netos e deixe que eles sintam orgulho de você! Não seja igual a mim.

Eu sempre te amarei, mesmo que eu afirme o contrário por pura imprudência.

Seu, mesmo que infelizmente, pai."

Jeongin já estava banhado em lágrimas. Sentia tanto alívio. O peso que carregava em suas costas tinha quebrado e as metades estavam espalhadas pelo seu eu interior, para logo evaporar da forma mais suave possível.

Todas as noites que passou em agonia e aflição. O sentimento de rejeição e de ter errado. Tudo acabou.

— Papai... pior que aquele que erra, é aquele que permanece no erro! — falou entre lágrimas.

Hyunjin estava desesperado, tantando acalmar seu amado que se debulhava em lágrimas.

Neste dia, Jeongin extravasou seus sentimentos. Sejam ele a raiva, tristeza, felicidade, gratidão, alívio, saudade, e até mesmo; perdão.

Nineteen - Hyunin.Onde histórias criam vida. Descubra agora