Adeus

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1 dia antes

Eram 5 horas da manhã e eu já estava de pé, amanhã seria o meu aniversário e eu estava ansioso, mas pouco esperançoso, fui tomar o banho de sempre e me arrumei para ir pra "facul" como meus amigos diziam, tomei o mesmo café, dei o mesmo beijo em minha e fui para a faculdade do mesmo jeito de sempre, esses dias que eu passei fora, pareciam uma exceção agora, eu estava me enxergando a mesma pessoas de 3 dias atrás, tirando o fato que amanha eu completaria 18 anos, estava me sentindo acabado e triste, não estava entendendo, nada, era como se meus sentimentos estivem entrando em colapso, bem que eu disse antes, eu sou uma caixa de surpresa, não sei o que aconteceu comigo enquanto dormia, mas aquilo havia acabado comigo.

Quando eu cheguei na faculdade tudo parecia tão triste, como se alguém tivesse morrido e realmente alguém morreu, as pessoas olhavam pra mim com cara de pena, como se tivesse algum parente meu, de repente, Alice chega aos prantos e me abraça e me explica o que havia acontecido, quando chegaram na escola, Bruno não havia chegado, mas suspeitaram, pois ele havia dito que viria, foram ate a casa e seus pais deram uma noticia trágica, depois que eu sai da casa deles ontem à noite, Bruno foi ao banheiro e não saiu mais de lá, seu pai arrombou a porta e o encontrou morto com os pulsos cortados. Aquilo me deixou no chão, ontem eu estava em seu lado, disse que o amava, pensei que ele ficaria bem, eu fiquei desesperado, e comecei a me culpar, pensei que não dado atenção suficiente a ele, talvez por isso eu estou me sentindo mal desde manhã, porque eu senti o que havia acontecido, meu Deus, estou sem rumo, um dos únicos amigos que eu tenho, considerava como um irmão.

As aulas do resto da semana foram suspensas em respeito a Bruno, seu funeral e velório seria amanhã, dia do meu aniversário, esse será o pior aniversario de minha vida. Me tranquei em meu quarto e chorei o resto do dia, a flor amarela não estava murcha, mas estava de cabeça baixa, como se soubesse e sentisse o que estava havendo, eu não conseguia para de pensar em Bruno e de que a culpa de sua morte foi minha, relembrei todas as nossas memorias, quando brincávamos aqui ou na casa dele, quando estudávamos juntos e depois saímos de bicicleta, todos os momentos bons, pareciam trazer mais tristeza ainda, pois nada daquilo iria se repetir de novo.

A noite chegou, troquei de roupa e fui ao velho campo e dessa vez levei a flor comigo, me sentei no chão do campo e comecei a chorar de novo, não haviam nuvens no céu, as estrelas brilhavam, como em nenhum outro dia, eu fiquei olhando pra lá, tentando encontrar alguma resposta, tentando encontrar um aviso dele, uma pista, pra explicar o porquê de tudo aquilo, ainda acredito que a culpa foi minha, toda minha, eu não devia ter vindo para casa ontem, não devia ter o deixado, a culpa é minha, toda minha, as lágrimas escorriam sem fim, e a flor amarela continuava com a cabeça baixa, eu só não entendia o porquê de tudo aquilo, era isso que o universo estava guardando pra mim? Muita tristeza e muita dor que eu guardaria pelo resto dos meus anos nesse inferno de planeta, é isso que você queria trazer pra mim o tempo todo? Dor, eu sempre fui fascinado por você, por seus astros, por sua luz e você faz isso comigo, justo comigo, tantas pessoas nesse planeta e as coisas acontecem comigo? Porque? Mas logo me dei conta de que a culpa não era do universo, a culpa era minha, eu controlo minhas atitudes, eu que sou responsável por elas, lamentar para o universo não adiantaria de nada, esses anos todos que passei de observando, não serviram de anda, porque você não faz nada, simplesmente nada, só eu que faço sempre as minhas besteiras, sempre, eu que acabo com a minha vida eu que estou escrevendo o meu final, um final triste e doloroso, mas um final merecido, merecido por alguém idiota e inútil que não serviu nem pra salvar o próprio amigo, que não tem planos pro futuro e que só serve de peso pras pessoas.
A culpa não é do universo, a culpa é minharepeti isso várias vezes, logo depois fui pra casa com a flor junto, não parei de chorar, pelo contrário, chorei mais ainda, não falei com minha mãe, não comi, fui direto pro quarto, coloquei água na flor, e tomei banho enquanto chorava em voz alta, minha mãe até tentou conversar comigo, mas logo desistiu, eu não queria escutar, eu passei o resto da noite e da madrugada em claro, não conseguia dormir pensando em Bruno e que a culpa de tudo isso era minha.

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