-Beatrice!
-BEATRICE!
sim, meu pai sabia que eu estava com fones e sempre gritava pra eu voltar a atenção pra ele, o velho achava que eu não escutava ele, na real, eu as vezes só deixava nas orelhas, sem tocar nada, só para estressar ele um pouco, era divertido
-oquê foi velho? não precisa gritar, nossa, vai acabar assustando os ursos daqui, não quer que eu vire um sanduíche de Beatrice né?
o velho entra em uma pequena estrada de terra seca e muita neblina, levava a uma cabana, eu não sei descrever, mas era muito meu estilo, uma coisa antiga e que com certeza daria pra fazer uma festa nela! talvez eu tenha ganhado a sorte grande no fim
- ai pai, matou quem pra ficar com essa casa?
-vê se larga de brincadeira e ajuda a pegar as malas que estão ai atrás, se não conseguir abrir o porta-malas, da uma batida nele ou mais provavelmente, deixa com o homem aqui, ele sim da conta do trabalho
"deixa com o homem aqui?" ele com certeza anda se achando mais que o normal, nesse exato momento, fui para a parte de trás do carro, sem antes dar uma bela de uma batida forte ao fechar a porta
-BEATRICE!
ele odeia quando eu faço isso, "ups" depois de abrir o porta malas eu senti um calafrio vindo das minhas costas, quando olhei para trás, vi um pequeno caminho que levava para um bosque cheio de árvores e algumas coisas antigas, se como fosse um pedestal com vários emblemas, fiquei parada por um momento e logo virei antes que meu pai gritasse comigo denovo, eu abri o porta-malas e só tive vontade de mostrar o dedo pra ele me encarando, acho que talvez ele não se orgulhe da "filha" dele fazendo coisas sozinha, fiz uma cara de deboche e continuei a procurar minhas coisas no meio daquela bagunça de coisas do trabalho deles. Sim, meu pai frauda seguro para conseguir dinheiro fácil e a minha mãe é uma falsa vidente, tipo aquelas videntes que inventam mentiras e cobram o olho da cara pra prever o "futuro" não é a toa que esse país está indo para o buraco e eu vou acabar indo junto se deixar
- o velho, cadê meu skate? eu falei pra você guardar aqui atrás que eu iria levar minhas roupas na mochila, ai nem iria ocupar espaço aqui, já que eu não posso sujar seu lindo banco de couro
-bom, praticamente deixamos aquele utensílio inútil no meio do caminho para um menino, ele falou que estava procurando um para comprar e bom.. o dinheiro sempre chama mais alto filha, você nem ia usar aquilo, então agradeça, vai ser ótimo pra você aproveitar mais a natureza sem quebrar alguma parte do corpo
-OQUE? VOCÊ VENDEU MEU SKATE ENQUANTO EU DORMIA? MÃE?!
minha mãe que já estava praticamente entrando naquela velha cabana, só olhou para trás e disse "seu pai sabe oquê faz querida, depois venha me ver que quero que faça uma coisa"
eu não podia acreditar, meu velho vendeu a porcaria do meu skate que ganhei da minha melhor amiga enquanto dormia, isso foi golpe baixo, fiquei mais brava que tudo, só fechei o porta-malas com uma batida que fez um som ecoar e afastar todos os pássaros de perto-obrigado velho, saiba que você arruinou meu resto de vida que eu tinha.
eu segui até a velha cabana e mostrei o dedo pro meu pai, foda-se, isso já está passando dos limites.
aquela casa era estranha, após passar a porta, eu pude ver um pentagrama desenhado embaixo do tapete, esses símbolos estranhos me arrepiavam e me deixava meio curiosa para saber o motivo deles ali.
mas bom, tudo que é bom dura pouco, cheguei em meu quarto e era praticamente um espaço minúsculo com uma cama e um pequeno tapete no meio do quarto, a cama era confortável pelo menos, tirei minha bota e me joguei encima da cama, era um quarto meio antigo e sem graça, mas bom, podemos fazer uma melhoria não é?após alguns minutos, todos os meus posters de minhas bandas preferidas estavam pendurados naquelas paredes velhas e desgastadas, e para um toque final... peguei um pisca-pisca gigante de dentro da minha mochila e pendurei no meio dos meus pôsters, "melhor que isso não fica" pensei logo em seguida, aposto que posso me acostumar com isso...
eu estava terminando quando vejo que aquele tapete que estava no meio do meu quarto, escondia uma pequena porta que ia para o porão, bom, igual meu pai disse "cadê seu espírito naturalista?" pulei da cama e percebi que aquela porta tinha uma tranca tão velha, que só de puxar um pouco, ela se quebrou e assim abrindo a porta, estava uma escuridão danada lá embaixo, lembrei que tinha pegado uma lanterna e guardado na mochila, dei sorte de ter roubado essa lanterna da cabana de pesca do meu pai "uhull, beatrice 1, velho 0"
desço um par de escadas que rangiam mais que tudo, não sei como isso não acordou meus pais... bom, naquele porão só tinha mais daqueles pentagramas e uns símbolos mais estranhos que eu não fazia ideia do que eram, segui em frente e encontrei um velho baú gigante, meu medo de ter uma aranha gigante dentro daquela coisa era imenso, mas como eu já estava ali e não queria perder a viagem, abri devagar e nossa, eu só vi folhas e fotos de umas pessoas que eu não fazia ideia de quem eram, já estava prestes a ir embora, quando percebo uma coisa que rouba minha atenção, era um livro de capa verde, nela, tinha desenhado uma folha e um símbolo estranho feitos de galhos, uma longa escrita dizia "wicca" e bom.. oquê diabos isso significa? aquele lugar parecia me observar, como se eu não tivesse que estar ali, voltei correndo para meu quarto e decidi ler aquilo quando acordasse, não queria me arriscar a despertar qualquer coisa que vivesse nessa casa ou naquele porão.
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my mind make noises
Teen Fictionuma garota de 17 anos se muda para uma cidade no meio do nada em plena metade de novembro por vontade dos pais, e lá, com uma descoberta e um companheiro inesperado, a sua vida que parecia pacata logo se tornará uma fuga da realidade. vamos ver se t...