I renounce you

The call

Mais um dia sem a Maria, meses se passaram e eu continuo sem nenhuma notícia dela, eu a perdi, perdi a mulher da minha vida, eu deveria ter expulsado Alba daqui quando Maria me alertava mas eu a ignorei, agora por culpa dela eu perdi o amor da minha vida. Há meses a minha vida perdeu todo o sentido, não tenho mais ido trabalhar deixei Heitor cuidando de tudo por mim juntamente com os demais sócios, eu não tenho estruturas de cuidar de empresa nesse momento.. o detetive que contratamos não está sendo de muita ajuda, meses se passaram e a única coisa que sabemos é que ela foi para Europa, mas a grande dúvida: para onde?
Cada dia eu sinto como se estivesse deixando de viver, eu me sinto culpado, eu inventei essa maldita mentira que foi destruindo Maria ainda mais a cada dia após sua volta, eu sou o causador de toda a sua dor, eu estou pagando com lágrimas de sangue todas as vezes que ela chorou naquela cela sendo culpada por um crime no qual não cometeu, hoje eu tenho certeza disso mas infelizmente quando ela precisava eu duvidei de sua palavra e lhe virei as costas a abandonando naquele lugar horrível por 20 anos, tenho a certeza que se fosse o contrário ela moveria o mundo para me tirar de lá e infelizmente eu não fui capaz de fazer o mesmo que ela. Após algumas terapias, as quais eu não queria porém Heitor e Estrela me obrigavam a fazer, descobri estar em um estado depressivo.. meu mundo caiu sobre os meus pés no dia que li a carta onde ela deixava avisado que iria embora, como eles esperavam que eu fosse ficar? Eu não tenho mais bebido tanto, porque meus filhos mandaram os empregados jogarem todas as minhas bebidas fora e os proibiu de comprar e me entregar, no momento que isso conteve eu fiquei irritado porém hoje é irrelevante, passo os meus dias aqui sentado na poltrona do quarto de Maria folheando os álbuns de fotos que temos, dos momentos felizes que juntos vivemos aqui nessa casa, e durante nossa casamento antes da tragédia acontecer em Aruba, onde minha vida foi destruída. Meses se passaram e eu continuei aqui em seu quarto tentando deixar a esperança dentro de mim aguardando chegar o dia que a verei novamente (se é que verei).

Em Viena.. Maria estava sentada na sala de seu apartamento, se frente à janela observando a chuva cair e lembrando dos seus filhos e de seu marido.
Há meses estou na Europa e apesar de estar emocionalmente melhor, eu só queria poder ir até lá e contar toda a verdade a eles, abraçá-los e ouvi-los me chamar de "mamãe", como será que Estêvão está? Há meses sinto como se fosse um mal pressentimento e meu peito doer sempre que lembro de meu marido, a falta que sinto da minha família com o passar dos dias tem se tornado cada dia maior. Meses, para ser mais exata, 8 meses se passaram desde que renunciei a tudo no México e vim para cá tentar me reconstruir e tentar encontrar a mulher que um dia eu fui, me sinto quase preparada e decidi que voltarei para lá, enfrentarei quem for e terei os meus filhos de volta, terei meu marido de volta, são a minha família e eu não deveria ter renunciado à tudo isso, há meses eu desliguei meu antigo telefone para não ter contato com eles até ter a certeza que estou preparada para voltar ao México e lidar com tudo que me espera, comprei um novo já que estou trabalhando em uma empresa aqui em Viena. Após algumas horas, Maria resolve ligar para sua casa, algo dentro dela dizia que tinha algo errado e ela tinha medo de que algo acontecesse a algum deles.
- Boa noite, gostaria de falar com o Senhor San Roman. - diz Maria ao telefone após perceber que alguém havia atendido.
- Maria? Maria? É você? - diz Heitor sem acreditar.
- Sou eu Heitor, desculpe estar incomodando. - ela diz e já ia desligar quando o ouvir dizer...
- mamãe, por favor volte, papai estar em um estado depressivo desde que você foi embora. Estamos te procurando a meses e não conseguimos te achar, se ainda estiver com raiva de nós, volte pelo papai temo que o pior possa acontecer. - diz Heitor desesperado.
- Mamãe? Você já sabe da verdade? O que houve com Estêvão? - diz Maria preocupada e ao mesmo tempo feliz ao ouvi-lo chamá-la de "mamãe".
- Papai nos contou tudo no dia que pegou sua carta com o porteiro de seu antigo apartamento. Ele passou meses bebendo até que Estrela e eu proibimos que entrasse bebida aqui em casa, ele está fazendo terapia porém todos esses meses ele dormiu em seu quarto abraçado a sua foto mamãe, ele não vai nem na empresa mais.. - ele suspirou triste - não sabemos mais o que fazer, ele não sai do quarto e mal tem se alimentado, vive apenas repetindo a mesma frase "sou culpado por tê-la perdido." Estamos sozinhos aqui e já não sabemos como ajudá-lo. - ele diz angustiado.
- Heitor, como vocês estão lidando com tudo sozinhos? Onde estão Alba e Carmem? - ela diz analisando tudo que seu filho lhe disse.
- Papai expulsou Alba de casa no mesmo dia que descobriu da sua ida, e tia Carmem foi com ela. - ele diz rancoroso. - Venha para casa mamãe, por favor, nos perdoe.. eu sei que não merecemos perdão mas pelo menos volte pelo papai.  - diz ele chorando.
- Vou ver o que posso fazer aqui Heitor, por enquanto não conte a ele que liguei, até mais. - diz Maria e logo desliga a ligação.
Estêvão contou a verdade aos meus filhos, será que é o momento de voltar? Ele expulsou Carmem e Alba de casa e estar em um estado depressivo, ele está mal.. me ajude meu Deus, o que eu devo fazer? Não posso deixar meus filhos sozinhos cuidando de tudo e Estêvão no estado em que está, preciso ir até lá, preciso voltar para minha família.
Alguns dias se passaram, Heitor contou a Estrela sobre a ligação de Maria e disse o quanto ela aparecia ter mudado pela forma como havia falado com ele ao telefone, eles estão angustiados aguardando outra ligação porém Maria não havia ligado outra vez. Maria estava terminando de organizar tudo em Viena para voltar a sua casa, ela acreditava ser o melhor a se fazer naquele momento. Estêvão estava na mesma, continuava trancado no quarto de Maria acreditava que lá era o único lugar que o ajudava a se sentir melhor, nada curava a ferida que havia em sua alma.