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Desde o acidente, eu passava a maior parte do meu tempo na casa da Cecília

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Desde o acidente, eu passava a maior parte do meu tempo na casa da Cecília.

Meu pai se incomodava muito com aquilo, mas do que ele sabe? Cecília precisava muito mais de mim do que eu precisava ficar em casa, e eu parecia ser a única a ver aquilo, Zöe era um furacão, algo intenso e natural que quando foi embora, deixou apenas destruição e lembranças dolorosas para trás, ainda haviam fotos dela no quarto de Ceci, mas as do resto da casa haviam sido quase que completamente removidas pela madrasta de Cecilia, como se ela quisesse apagar a lembrança de que um dia a filha mais velha e morta do seu querido marido havia vivido ali. Pelo menos era isso que Cecília falava.

Era sábado a tarde, o dia do roubo, Cecília estava esparramada na cama, eu estava no chão e ela estava me irritando profundamente, eu sabia que dali duas semanas ia completar um ano que a irmã mais velha dela havia morrido em um acidente de carro, também sabia que quando eu apareci lá na casa dela de surpresa, ela estava chorando, e que quando ela percebeu que eu estava lá, logo cobriu o rosto com uma máscara dura e fechada fingindo que estava tudo bem, e aquilo me irritava tanto, eu não gostava muito de falar sobre essas coisas, profundidade emocional era coisa da Bia e da Annie, mas até eu podia perceber que minha amiga precisava desabafar, por outro lado, mesmo que eu fosse cega conseguiria perceber que ela não iria fazer aquilo comigo.

Uma batida insistente na porta chamou nossa atenção, a música que tocava no rádio abafou um pouco o barulho mas a batida continuou, Cecília resmungou alguma coisa e trocou um olhar comigo, seus lábios cheios desenhavam claramente as palavras: "Fingir de morta" com um sorriso nos lábios me esquecendo da minha irritação por um tempo, deitei no tapete peludinho e fechei os olhos acreditando que Cecília fazia o mesmo no momento que alguém abriu a porta.

-Cecilia!- A voz de Calypso soou pelo quarto- Eu sei que vocês não estão dormindo!- Disse ela, então, pelo que dizem minhas habilidades sensitivas, ela jogou alguma coisa em Cecília, levei um dos dedos até meus lábios.

-Shh- pedi- A gente ta tentando entrar em outra dimensão.

Cecília abafou uma risada.

-É- Concordou ela- Uma em que você não existe.

Pof. Calypso arremessou outra almofada em Ceci, e depois outra, mas essa pegou em mim, com muita força.

Levantei rápido sentando no chão novamente, Calypso era uma criatura irritante, e estava olhando tanto para mim quanto para Cecília de um jeito ainda mais irritante.

-O que você quer?- Rendeu-se Cecília observando a irmã, ela apontou para nossas mochilas em um canto do quarto.

-Aonde vocês vão?- Exigiu ela e Cecília trocou um olhar rápido e afiado comigo.

-Dormir na casa da Bia- Respondeu ela com um sorrisinho nos lábios- Mas antes nós duas vamos na casa do Leo Valdez.

Tanto eu quando Calypso olhamos assombradas para Cecília, ela porque a ideia parecia ridícula mesmo, e eu, porque tinhamos passado meia hora de ontem combinando nossas mentiras, os pais de Bia não estavam em casa, tinham ido buscar a irmã mais nova dela, Hazel, em New Orleans, por isso era a desculpa perfeita, não íamos citar o Leo, esse era o combinado, busquei na expressão irônica de Cecilia uma pista do porquê ela tinha falado aquilo, mas não achei nada além de pura provocação entre irmãs.

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