O céu ajuda os tolos apaixonados

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🌼

É possível a melhor parte de uma viagem para alguém não ser o destino?Na verdade o caminho em si...pode ser lindo de morrer.
É o que sentia em quanto estávamos a toda velocidade na rota 66, era uma imensidão árida e rochosa a nossa volta,como um infinito nada,mas era estranhamente reconfortante.
Um tipo de paz que nunca imaginei sentir em quanto Mark tocava The Lumineers-Ophelia em seu violão e Taeyong cantava com sua voz rouca junto com o vento quente que fazia uma melodia de fundo.
Sei que a rota 66 acaba em Los Angeles,mas no fundo desejo que ela não tivesse fim,que esse fosse meu limbo,meu momento eterno.
Yuta coloca um baseado entre meus lábios em quanto estou observando o céu extremamente azul,trago sentindo meu pulmão se encher e solto a fumaça a deixando se juntar com as nuvens lá em cima.
Em quanto ergo a capota para nos proteger do sol,olho para o lado e vejo Ten e Johnny rindo e dançando alguma música que está tocando no rádio da caminhonete.
Acho que nunca Ten havia sorrido assim,era como se a cada dia ele sentisse mais,o que de certa forma era cruelmente lindo de ser ver,cada expressão... tão humana,mas desejei que ele sentisse apenas as partes boas de estar vivo,assim como desejava para Taeyong também.
As vezes nada parecia real,e eu torcia para que não fosse mesmo,que tudo fosse uma mentira bem contada,um sonho de um coma ou um delírio de uma simples febre,mas nesse momento,esse delírio,essa viagem,eu torcia ao máximo que não fosse só um surto,ou algo do tipo,na verdade toda a minha viagem de volta para o passado,se não fosse real...se tivesse que voltar para quela realidade triste e cinza...preferia morrer.
Só percebi o quanto estava triste depois de me sentir feliz todos os dias ao lado desse garotos idiotas.
(...)
Taeyong sempre teve o hábito de andar com tinta preta em spray na sua mochila,e todos os lugares que ele achava importante,belo,ou abandonado de mais,ele assinava seu nome em letras grandes.No passado,perguntei porque ele sempre estava marcando os lugares, estávamos sentados no topo da arquibancada da escola,o sol estava se pondo e ele usava uma touca escondendo os cabelos rebeldes, me fitou com um sorriso triste e disse:
"Quando eu for em bora,todos vão se esquecer, até mesmo eu provavelmente...isso é um lembrete,de que estive aqui,que passei por lugares lindos e estranhos ou até mesmo inusitados. Acho que no fim só quero que alguém se lembre de que estive...vivo"
"Bem,sempre vou lembrar de você"
Eu deveria ter pensado mais no significado de tudo aquilo.
Eu não deveria ter respondido da quela maneira, deveria ter sido mais cuidadoso e observador.
Meus pensamentos são interrompidos quando vejo que estamos chegando em L.A.
Não havia nem percebido que quatro horas se passaram em quanto me perdia em pensamentos ao som do violão do baixinho atrás de mim.
-É,parece que estamos mesmo aqui-Digo ainda sem acreditar o quão longe estamos de Wallows White.
-Vamos pra casa do tio do Johnny,ele disse que o velho deve estar na Flórida nessa época.
-É melhor que esteja mesmo-Jisung diz acordando e olhando em volta.
Já estava anoitecendo e Los Angeles era muito linda a noite,um verão menos cruel se fazia na quela cidade,do tipo agradável e com uma brisa gelada.
Adentramos cada vez mais a cidade,fui seguindo a caminhonete pois Johnny parecia saber muito bem o caminho,virei duas ruas estreitas e então na terceira me surpreendi,pois estávamos na Hollywood Boulevard.
As palmeiras altas enfileiradas,os letreiros em neon extremamente vibrantes, diversos artistas de rua,era como estar na porra de um filme.
Olhei para Taeyong ao meu lado e seus olhos brilhavam com os neons e a clara empolgação.
Acelerei mais e desci a capota para que pudéssemos sentir melhor aquele vento gelado,Jisung se inclinou para frente e ligou o rádio do carro no último volume, está tocando "Moments Arrival" e eu simplesmente amo esse porra de música.
Todo o universo parecia conspirar para que aquele momento fosse um dos mais extraordinários da maneira mais simples possível,alguns adolescentes num carro com uma boa música,e ao mesmo tempo era o melhor momento de todos ali.
Comecei a cantar o primeiro verso a todos os pulmões,ainda sim o som dos autos falantes cobriam minha voz,me fazendo quase gritar.
-Eu sei que você sabe essa música-Digo em quanto sou observado por Taeyong rindo da minha cara.
Ele revira os olhos com um sorriso bobo antes de começar a cantar tão loucamente quanto eu, erguendo os braços e sentindo o vento o acariciar.
Olho pelo espelho e vejo Mark,Jisung e Yuta dublando a música com uma coreografia totalmente aleatória e empolgada.
Com certeza pessoas precisam de um momento assim pelo menos uma vez em toda a sua existência.
Nos afastamos aos poucos das áreas mais agitadas da cidade,Johnny foi nos guiando para um bairro de casas gigantes,até que parou em uma branca, totalmente opulosa.
Eu sabia que a família do Johnny era uma das mais ricas da cidade,além a do Lucas e a minha.
Mas não pensei que era nesse nível.
Ele desceu e abriu o portão enorme,estacionamos na enorme entrada e descemos.
-O que seu tio faz?-Jisung perguntou estarrecido olhando cada cantinho.
-Ele escreve roteiros de filmes-John disse entrando dentro da mansão e digitando a senha do alarme rapidamente.
-Puta merda...-Deixo escapar quando olho saguão de piso polido e os quadros caros nas paredes.
-Só... não toquem em nada-Johnny disse tirando um vaso chinês antigo das mãos do menino Mark.
Em seguida deu um tapa na mão de Jisung quando ele tentou tocar uma escultura de metal pendurada em um canto da sala
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Pedimos pizza na quela noite,nos sentamos do lado de fora da casa observando a vista para toda a cidade,a casa ficava em uma colina alta,ao fundo conseguia ver a placa de Hollywood bem pequena iluminada ao longe.
Estávamos a beira da piscina com nossos pés mergulhados de maneira despreocupada.
-Então Taeyong...eu ouvi um papo bizarro em quanto tentava dormir hoje na viagem pra cá-Jisung começou.
Imediatamente todos do grupo ficaram curiosos.
-O que?-O mais velho perguntou em suas feições esculpidas.
-O Mark quer pegar o Yuta.
Mark arregalou os olhos na hora em quanto engasgava com a pizza,Yuta começou a rir de forma nervosa e tentava não encarar Taeyong nos olhos.
-Yuta...-Taeyong começou irritado-Ele só tem treze anos!
-Eu não fiz nada! Só prometi esperar ele ter 16...
-O que?!-Taeyong ficou chocado por ser realmente sério.
E parece que Mark também,de uma forma totalmente empolgada.
-Dezoito-Tae disse severo.
-Dezesseis está ótimo pra mim-Mark disse sorrindo para Yuta.
-Não,com dezoito é o casamento-Yuta disse doce-Já tenho tudo planejado.Vou cuidar bem dele,CUNHADO.
Taeyong empurrou Yuta para dentro da piscina com raiva,o garoto ainda tinha a pizza em mãos,agora encharcada.
-Ainda bem que você ainda não fez dezoito cara...-Johnny disse fitando o japonês encharcado a sua frente.
-Viu? Não é crime...
-Em seis meses será-Digo rindo e chutando água na cara de Yuta.
-Vão se foder!-Mark disse berrando e pulando na água como uma bola de canhão e espirrando água em todos nós.
Então abraçou Yuta de maneira possessiva em quanto encarava Taeyong.
Ele sorriu,e como sempre quando ele sorria,eu sorri também.

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