Fragmento ¹ 

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Vocês devem estar se perguntando,como me aproximei de Taeyong e viramos amigos,afinal éramos como água e vinho.

Ele não tinha medo de ser quem era,por mais que aquela cidade de merda não o merecesse, já eu...bem sempre fui um tremendo covarde.

Mas algo mudou na quela tarde no estacionamento da escola.

Tinha ficado esperando meu pai depois do jogo de futebol,mas ele não apareceu,decepcionado mas não muito surpreso.Fiquei sentado na quele banco por cerca de meia hora me sentindo totalmente frustrado com o fato de que se fosse para ganhar votos,ou aparecer com boa imagem,ele viria.

Então,passei pelo estacionamento vazio,o sol já estava quase indo em bora quando ouvi um grunhido.

Olhei em volta, não via ninguém ali,mas o som ficou mais alto.

O segui e encontrei aquele garoto machucado atrás das latas de lixo tinha o nariz quebrado e o olho roxo.

-Taeyong?-Era o garoto problema da minha turma, mas não tinha nada contra,ele até que tinha umas piadas muito engraçadas.

-Eae,cara-Disse cuspindo sangue-Será que rola uma ajudinha?-Perguntou sorrindo fraco.

Imediatamente me abaixei e o ajudei levantar com todo o cuidado possível para não o machucar ainda mais.

Ele sofria muito bullying, então meio que não me surpreendi tanto assim,mas ele nunca chegou a me contar quem havia feito isso com ele.

Hoje em dia sei que ele gostaria,mas simplesmente não conseguiu.

Então o levei para o hospital no carro da minha mãe,era pura sorte ela ter cedido o carro na quele dia,talvez por não me querer de bike na rua até tarde,já que o jogo poderia demorar.

Minhas mãos tremiam em quanto o via sangrar como uma cascata pelo nariz.

Ele parecia bem calmo na verdade,quieto,o que me deixava ainda mais triste,pensar que ele poderia ter se acostumado a se machucar tanto assim.

Meu pensamento estava correto, é assustador pensar em como Taeyong lidava diferente com a dor,ele não resistia ou chorava,apenas se permitia sentir.

E talvez seja isso que o fez pensar que conseguiria chegar até o fim desse tipo de sensação.

Quando chegamos ele foi atendido rapidamente, não acontecia muita coisa na cidade,e como sempre,o hospital estava deserto.

Mas ele precisou de pontos em certas partes do rosto,e eu fiquei ao seu lado,porque quando perguntei se queria que eu ligasse para alguém ele disse:

-Não, não quero que Mark me veja assim.

Então segurei sua mão o tempo todo em quanto sua pele era costurada,como uma linda peça de porcelana sendo remendada.

Senti apertar com força meus dedos em quanto colocavam seu nariz no lugar.

E depois de uma longa sessão de reparos,foi liberado com direito a uma porrada de analgésicos fortes.

Ainda estava segurando sua mão quando saímos do hospital e andávamos em direção ao carro.

-Já pode soltar-Disse tentando romper o toque,mas foi como se eu estivesse bêbado, não sabia explicar exatamente minhas ações,mas simplesmente  firmei nossos dedos novamente.

Ele não disse mais nada,apenas me deixou ajuda-lo a entrar no carro.

O caminho de volta foi tão silencioso quanto a ida

Parei em frente a seu prédio,morávamos a poucos quarteirões de distância.

Ele não mexeu nem um músculo,apenas ficou ali parado,como se buscasse coragem de entrar todo machucado em casa.

Era de partir o coração, então apenas liguei o carro e segui pra minha casa,ele me olhou confuso.

-Liga pro seu pai e avisa que vai dormir lá em casa.

-Ah, não precisa-Disse abrindo o frasco de comprimidos e pegando uns quatro de uma vez.

-Porque? Vão ficar preocupados...-Observei engolir um por um,me ofereceu como se fossem balas,apenas ignorei.

-Jaehyun, não tem ninguém em casa.

-Ah...-Não sabia o que responder, só queria que ele não se sentisse sozinho,mas parece que todos os acontecimentos colaboravam para isso.

-Você não precisava fazer tudo isso, sabe,poderia apenas ter me deixado lá e ido em bora.

-Eu sei,mas nunca seria esse tipo de pessoa.

E mesmo com pontos no rosto,um nariz fraturado e um corpo machucado,Taeyong sorriu,e pra mim,aquele sorriso marcava o começo de tudo,pois desejei saber mais sobre aquele garoto azul e triste,pois de alguma forma...sentia que éramos iguais em algo que na quela época não saberia dizer.

Mas hoje em dia sei: nós dois nos sentíamos sozinhos.

Notas da autora:Apenas uma lembrança curtinha,mas feita com amor,obg por ler até aqui e até o próximo cap ❤️

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