Angelaris - O Despertar

#02 Fatum Gloria - Invitação

Estado de Minnesota, EUA...

Uma tempestade se aproximava, com ventos que uivavam entre as frestas de uma janela de madeira. O dia havia amanhecido ensolarado e promissor, mas agora as nuvens que pairavam, traziam uma sensação medonha, como se as nuvens anunciassem o fim dos tempos. Enquanto os relâmpagos e trovões estremeciam até os móveis, Dean se encontrava encolhido e com frio. Ele aguardava ansiosamente por Jully que preparava um chocolate bem quente para aquecê-lo.

- Eu vou morrer! - Exclamou Dean, tremendo no sofá da sala, pois havia caído acidentalmente na piscina e uma forte tempestade estava sobre East End, uma cidade localizada no extremo sul do estado de Minnesota, EUA.

- Calma! Eu vou te levar um chocolate quente! - Exclamou Jully, sem entender como o acidente havia ocorrido.

Dean era um rapaz de dezessete anos, moreno e corpo torneado. Ele sempre fora um excelente nadador, mas por algum motivo, havia quase se afogado na piscina do orfanato, minutos antes da tempestade começar.

- Você acha que ele vai ficar bem? - Perguntou Kaius, um dos cuidadores responsáveis pelas crianças do local.

- Você acha que ele está voltando a ter aqueles surtos? Aquelas doideiras de se lembrar de pessoas que ele não sabe quem são? Chamar por nomes de pessoas que ele nunca ouviu falar? - Perguntou Jully, sussurrando para que Dean não a escutasse.

- O que esse menino foi fazer lá fora? - Perguntou Kaius um pouco alterado, pois ele ainda estava todo molhado por ter mergulhado na piscina para salvar Dean.

Enquanto eles conversavam, Dean adormeceu rapidamente e enquanto seu corpo relaxava no sofá, começou a ouvir uma voz o chamando. Ele então, abriu os olhos repentinamente e se viu em um buraco. Um pouco assustado com a situação, Dean logo se levantou abruptamente e se deu conta de que na verdade, se encontrava dentro de uma caverna escura.

Depois de alguns passos para frente, Dean começou a ouvir um som ao fundo, como se uma corrente de água estivesse passando por perto e então resolveu seguir o som até que passou a sentir que o solo começará a ficar cada vez mais úmido. Um pouco surpreso com a água demasiadamente fria, Dean se arrepiou, mas logo se muniu de coragem e seguiu em frente.

- Olá? Tem alguém aí? -Indagou Dean, mas apenas o breu e os ecos das águas o faziam companhia.

Alguns minutos se passaram desde que Dean entrou na água e a cada passo que dava, o nível de água só aumentava. Quando ele finalmente sentiu a água bater na altura do pescoço, parou de caminhar, pois sabia que havia chego no seu limite e de nada adiantaria nadar dentro do breu.

- ALGUÉM? TEM ALGUÉM AÍ? - Gritou Dean, sentindo a pressão da água contra os seus pulmões.

Nesse momento, uma calmaria se formou na água, pois onde antes havia a fluidez da correnteza, agora apenas o corpo de Dean se movimentava. Alguns segundos após ficar totalmente imóvel, Dean percebeu que algo estava errado. Talvez ele estivesse de frente para um paredão ou a água simplesmente havia mudado seu curso.

Dean parou de respirar, pois o simples movimento de seus pulmões o atrapalharia de sentir para a onde a corrente estava fluindo. Acontece que mesmo sem se mover, ainda não era possível determinar para onde a água corria.

- Não se assuste! - Exclamou uma voz doce.

- QUEM ESTÁ AÍ? - Gritou Dean, sem medo, pois era como se a voz o causasse certa euforia.

Ninguém o respondeu, mas alguns instantes após a quietude que se sucedeu, uma ondulação na água o chamou a atenção. Dean então virou-se na direção de suas costas e uma luz forte com a silhueta de uma pessoa começou a se aproximar.