Prólogo

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Um dia tristonho havia iniciado em River Hills, pois um terrível acidente ocorreu na noite passada e comovido boa parte da população. Mesmo com os legistas relatando que um animal o havia causado, alguns moradores ainda se mantiveram incrédulos com forma como tudo havia acontecido. Era quase impossível para a família entender como o veículo havia perdido o controle e caído do alto de uma das colinas. O velório, estava quase no seu fim, quando de repente, uma adolescente entrou e se debruçou no corpo de seus pais.

- Meu Deus! Ela foi a única sobrevivente! - Sussurrou uma das mulheres que ali estavam.

- Disseram que os pais bateram muito forte com a cabeça! - Respondeu a outra mulher.

Enquanto as senhoras coscuvilhavam, a adolescente acariciava o rosto dos pais e em seguida encarou uma mulher que estava mais ao fundo, próxima a uma coroa de flores. Essa mulher era Lucy, sua avó paterna.

- Eles não irão voltar! Não importa o que aconteça! - Exclamou Lucy, em tom grosseiro e tristonho.

Nesse momento, um homem apareceu pela porta e gentilmente agarrou a adolescente pelos braços. Após alçar a jovem, o homem a levou para o lado de fora, pois o enterro daria início e ela se encontrava muito abalada.

- Temos que dar um jeito em tudo isso! - Disse Lucy, referindo-se a ter que enterrar o seu único filho ao lado da mulher que havia o feito tomar as decisões que antecederam o acidente.

- Sim, Lucy. Temos que afastar sua única neta dessa cidade! - Exclamou Eleonore e em seguida, ambas foram na direção em que os corpos haviam sido levados.

Assim que a adolescente reconheceu o lugar onde seus pais seriam enterrados, ela entrou em choque, pois a mesma não acreditava que aquela seria a última vez que os veria. Em poucos segundos, os corpos de seus pais estavam no fundo da cova. A sensação era desesperadora, pois ela sabia que à partir daquele momento, sua vida nunca mais seria a mesma.

Atordoada, a jovem virou de costas para a cova e começou a caminhar entre as pessoas que ali estavam. Seus passos eram curtos, em um ritmo lento, como se não soubesse exatamente par aonde deveria seguir.

- Sarah? - Chamou uma jovem morena de cabelos cacheados que se encontrava um pouco mais ao fundo das demais pessoas ali presentes.

Era Emily, sua melhor amiga. As duas então se abraçaram e Emily decidiu afastar Sarah daquele tumulto. Após caminharem em direção ao bosque nos fundos do cemitério, as duas sentaram em uma pedra, próximas a um fio de água e então se mantiveram abraçadas por vários minutos.

- Eu não entendo! Juro para você! Não consigo compreender como tudo aconteceu! Foi tão rápido, a criatura apareceu no meio da estrada e depois o carro começou a sacudir! - Disse Sarah aos soluços.

- É algo bem difícil de acreditar! Saiba que você pode contar comigo para o que der e vier! - Exclamou Gunsberg, surgindo entre as árvores.

Ao ver o rapaz, as meninas ficaram se entreolhando, pois haviam tomado todo cuidado para que não fossem seguidas. De repente, um quarto integrante apareceu e elas ficaram ainda mais emburradas pela falta de privacidade.

- Demorei? - Perguntou Harley, aparecendo entre os arbustos.

Um pouco incomodadas, as meninas levantaram da pedra, mas logo foram surpreendidas por um rosnado que veio às suas costas. Em questões de segundos, uma sombra escura como a noite se aproximou e rapidamente avançou na direção do quarteto.

Com o susto, Sarah gritou no mesmo instante, em seguida fechou os olhos, pois tinha certeza de que havia sido ferida. Seu braço ardeu ligeiramente e uma dor intensa se deu início, quase que no mesmo instante. Mesmo com a dor e o medo, Sarah continuou imóvel.

- CORRE! Gritou Gunsberg, mas a mente e o corpo de Sarah não estavam respondendo.

- MEMORIAM FLUIS! - Exclamou uma voz de longe e então Sarah tentou abrir os olhos, mas não conseguiu enxergar nada a sua frente.

Sons de pegadas começaram a se propagar próximos dela, como se algo estivesse a rodeando e em seguida, um zunido. Nesse momento, Sarah começou a sentir uma leve tontura, acompanhada de uma súbita falta de ar.

- Ela está bem! - Exclamou Eleonore, se aproximando ligeiramente de Sarah que desfaleceu em questões de segundos.

Alguns minutos depois, Sarah começou a ouvir alguns sons e vagarosamente foi recobrando a consciência. Quando finalmente abriu um pouco os olhos, se viu no colo de um homem que a carregava cuidadosamente pelo cemitério. Esse homem era o mesmo que havia lhe acolhido no velório, era Roger, seu tio materno.

- Espero que você fique bem! - Disse Roger, sorrindo gentilmente para ela.

Sarah estava confusa, pois a alguns segundos atrás, a mesma se encontrava junto de seus amigos e em um piscar de olhos, tudo havia virado de cabeça para baixo.

- Aonde estão as sombras? - Perguntou Sarah, referindo-se ao acontecimento que havia ocorrido antes de desmaiar.

- Quais sombras? - Perguntou Roger, um tanto preocupado com a sanidade de sua sobrinha.

Enquanto eles se aproximavam da entrada do cemitério, Eleonore riu e carinhosamente passou a mão na cabeça de Sarah.

- Você desmaiou, querida! Talvez tenha sonhado enquanto estava desacordada! - Exclamou Eleonore e em seguida trocou olhares suspeitos com Roger.

Assim que chegaram no estacionamento, localizado do outro lado da rua, Eleonore e Lucy se despediram de Sarah, que ainda se encontrava confusa. Após a despedida, Roger a colocou no banco de trás do carro.

- Você está se sentindo bem? - Perguntou Roger, enquanto colocava o sinto se segurança em Sarah.

- Não sei, eu estou muito confusa, não entendo como vim parar aqui! - Exclamou Sarah.

Roger então sorriu para tirar a tensão do momento, mas ela apenas ficou com a cara emburrada e em silêncio absoluto. Um pouco depois, Emily e Gunsberg vieram correndo para se despedirem. Logo atrás, Harley apareceu e todos se abraçaram por longos minutos.

- Você promete que sempre vai mandar mensagem? Que vai me mandar fotos da cidade grande? - Perguntou Emily, com um jeitinho fofo.

- Claro que sim! - Exclamou Sarah.

Após Sarah e seus amigos se despedirem, Roger deu a partida no carro e então pegou a estrada para a saída de River Hills. Ao mesmo tempo em que Roger se concentrava na estrada, sua sobrinha olhava para o lado de fora do carro, admirando a paisagem antes que começasse a rodovia.

Enquanto Sarah e Roger saiam da cidade, Eleonore e Lucy seguiram para o bosque onde antes, Sarah e os demais haviam presenciado a sombra. Chegando lá, elas olharam no sentido dos galhos das árvores e se depararam com uma escuridão disforme camuflada nas sombras das copas.

- Eles estão aqui! - Exclamou Eleonore, apontando na direção as trevas.

- Esses carniceiros farejaram ela! - Exclamou Lucy, fechando os punhos e entoando imensa preocupação.

Alguns segundos depois, Eleonore e Lucy se encararam, pois sabiam o que isso significava. Elas precisavam encontrar um jeito de banir a escuridão e manter Sarah a salvo.

- Exitio lux tenebris! - Exclamou uma voz masculina às costas das duas.

Um som parecido com um trovão se propagou pelo bosque e então uma luz ascendeu em direção às trevas que se dissiparam rapidamente.

- Não se preocupem, não haverá vestígios! Sarah estará em segurança! - Exclamou a voz de um homem que estava escondido entre as sombras das árvores.

Depois do banimento, Lucy e Eleonore caminharam para a saída do cemitério. Após saírem pelo portão, as duas seguiram pela calçada onde do outro lado, havia um milharal.

- Não gosto da forma como as coisas aconteceram. - Disse Eleonore, arrumando sua meia arrastão que havia rasgado em um arbusto do bosque.

- Eu detesto mais ainda a forma como será daqui pra frente! - Exclamou Lucy, encarando Eleonore.

Elas sabiam que afastar Sarah era uma decisão dolorosa, mas não havia outra alternativa. Elas precisavam manter todos em segurança, mesmo que tivessem que pagar um preço alto.

FINIS CAPITULUM


Espero que vocês tenham gostado!
Sejam bem vindos a essa incrível aventura!

Que seja feita a vontade dos anjos!
😊❤️

Angelaris - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora