quatro

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Mais tarde naquela noite, Scorpius Malfoy se viu debatendo-se no colchão, apavorado com um pesadelo:

As coisas começaram a dar errado no minuto em que ele acordou naquela manhã. Água pingava de uma fonte desconhecida em seu rosto e, quando se mexeu para sair da cama, descobriu que o chão também estava coberto de água. Chegava aos tornozelos e parecia vir do Lago Negro. 

Água continuou a jorrar da grande rachadura que Scorpius notou que havia se formado ao longo do canto direito da janela aparentemente indestrutível. Ele franziu a testa, tremendo e temendo que a janela explodisse e enchesse de água as masmorras e toda a Sonserina.

Ele salpicou água em direção à cama de Albus e puxou as cortinas, franzindo ainda mais a testa quando viu o garoto de cabelos escuros olhando para ele com a pessoa que ele mais temia - sua chantagista, sentada ao seu lado.

— Albus? — Ele perguntou e o menino de olhos verdes zombou dele, empurrando-o para trás, fazendo com que ele tropeçasse e caísse na água gelada que continuava a encher seu quarto.

— Seu completo e absoluto estranho!  Albus gritou, pulando da cama e pousando na água, empurrando o loiro novamente.  Seu pervertido! Você- sua bicha!

A cabeça de Scorpius foi empurrada para baixo da água novamente, e o loiro sentiu seus pulmões se encherem de água.  Ele gritou, apenas para que bolhas subissem à superfície enquanto o jovem Potter de olhos verdes sentava em seu peito, segurando-o.

— Você é totalmente maluco! Como você pode pensar que eu gosto de você assim? É nojento! Você é uma bicha! Espere até que seu pai saiba disso.  Apesar de estar debaixo d'água, Scorpius podia ouvir o outro garoto perfeitamente, e seu coração afundou tanto quanto seu corpo.

Seus pulmões estavam gritando por ar e, com a última gota de energia que ele tinha, ele gritou novamente — Albus!

Scorpius sentiu um peso atingir sua cama e, por um momento, temeu morrer de outra forma. Ele acordou assustado e encontrou Albus sentado ao seu lado na cama, seco e sorrindo tristemente, passando as mãos pelos seus cabelos.

— Foi só um sonho, Scorp. Só um sonho.  O garoto de cabelos escuros silenciou o loiro inquieto. Seu coração batia forte em seu peito enquanto ele se movia para que sua cabeça descansasse no colo de Albus, desejando que o garoto se juntasse a ele na cama.

Ele não disse nada, mas abraçou as pernas do garoto de olhos verdes com força e se obrigou a respirar mais devagar. Albus continuou passando a mão pelo seu cabelo e, embora o gesto fosse bondoso, gentil até, isso só fez o coração de Scorpius se mover mais irregularmente.

P- Pare de me tocar.  Ele gaguejou e a mão de Albus parou.  Ele a retirou, e Scorpius choramingou com a perda de contato, abraçando seu amigo ainda mais forte. Ele percebeu que as costas de Albus deveriam doer pela maneira como ele estava posicionado contra a cabeceira da cama tão rigidamente, então Scorpius puxou o garoto para que eles ficassem deitados lado a lado.

Ele encarou seu melhor amigo, olhando o bronzeado do garoto de cima a baixo. Seus olhos eram tão verdes, assim como o emblema da Sonserina, e seu cabelo era escuro como o do pai. Scorpius se perguntou como Albus seria ruivo, como Gina.

— Você está bem?  Ele perguntou, tirando Scorpius de seus pensamentos.  Ele olhou para o rosto preocupado de Albus mais uma vez, e então assentiu.

— Eu- sim, foi apenas um sonho. Desculpe por ter te acordado. Tenho certeza de que é tarde.  Ele murmurou, olhando para o relógio e percebendo que na verdade não era tarde, mas pouco depois das onze.

what our fathers never hadOnde histórias criam vida. Descubra agora