- Amy já estás pronta? Estou à tua espera para te fazer o penteado! - Ouço a minha mãe gritar do andar de baixo.
Analiso-me ao espelho e admiro o resultado. Nem pareço eu, os brincos e o colar combinam perfeitamente com o azul escuro cedoso do vestido de detalhes prateados que apenas consegui reparar quando já estava vestida.
- Vou já! - Levanto-me da minha cómoda e solto o laço preto do cabelo, mas não me vou embora sem ele, ato a fita escura ao pulso e sigo caminho escada abaixo.
- Finalmente moça! Vá senta-te aqui. - A minha mãe puxa um banco para a frente dela e espera impaciente que eu chegue até lá.
- Pronto. Está perfeito. - Cinco minutos depois ouço ela dizer satisfeita consigo mesma. - Estás tão crescida...
Não me apetece comentar esta sua afirmação. Desde a morte da minha irmã que nos tornámos distantes e da maneira que ele me trata receio não lhe conseguir elogiar. Pelo menos não agora.
Vejo o meu pai sair da cozinha a tentar endireitar a gravata e a minha mãe dirige-se a ele para o ajudar.
- Vamos Amy, a carroça já deve ter chegado. - Diz o meu pai enquanto pega apressadamente na sacola da minha mãe e entrega-lha.
Eles sussurram qualquer coisa porém não consigo ouvir.
- Vamos! - Exclama a minha mãe entusiasmada.
Assim que chego à entrada do jardim com os meus pais no meu encalço viro-me para eles com uma expressão curiosa no rosto.
- Porque precisamos nós de ir nesta carruagem? Isto nem se pode considerar carroça. Onde está a nossa? - Abro os braços em direção ao veículo monstruoso puxado por quatro cavalos adornados e um cocheiro à nossa frente.
- Ora, entra lá e aproveita a viagem. - O meu pai afasta-se e acena ao homem que nos vai levar ao nosso destino.Entro na carroça, ou melhor na carruagem e sento-me do lado da janela, os meus pais entram logo atrás de mim e sentam-se no banco em frente. Parece que vai uma viagem bastante longa.
- Oh Meu Deus! Levanta-te Amy, já chegámos. - Sinto a mão gelada da minha mãe sobre a minha enquanto a abana.
Lindo passei o caminho inteiro a dormir. Olho novamente pela janela antes de sair, vejo um jardim grotesco e verdejante reparo também no céu que já está escuro . Quanto tempo é que terá esta viagem levado?
- Despacha-te Amy! - Os meus pais já estam do lado de fora da carruagem à minha espera e olham-me impacientes.
Desço da cabine e os meus olhos pousam imediatamente numa casa enorme muito bem iluminada com cortinas de veludo vermelhas em cada janela, uma pintura perfeita e várias plantas e flores rasteiras de cada lado da escadaria de pedra mármore polida.
- Vamos filha. - Diz o meu pai dando o braço à minha mãe.Eu aliso o vestido antes de começar a caminhar atrás deles. Quem quer que seja que viva aqui aposto que toma banho com água de rosas. Agora faz mais sentido eles terem de vir tão bem vestidos e obrigarem-me a usar estes apetrechos caros.
Entramos na casa que parece ser feita de ouro de tão polida que se encontra e devido ao efeito que as luzes alaranjadas provocam.
- Vejam só!
- Se não são os Clarke.Ouço duas vozes, uma masculina e uma feminina a dirigirem-se aos meus pais.
Eles cumprimentam de volta e eu escondo-me o mais que posso atrás deles mas a minha mãe decide estragar os meus planos de passar despercebida quando se desvia e vira-se para mim de braços estendidos.- Esta é a nossa filha, a nossa doce Amy.
Olho para os anfitriões.
É uma mulher que aparenta ter a idade da minha mãe e um homem pouco mais velho que o meu pai já de cabelos grisalhos. Por outro lado a mulher dele tem o cabelo escuro como a noite lá fora.- Amy... Prazer em conhecê-la. - Diz o homem com simpatia.
- Está muito bonita. - Afirma a mulher. - Eu chamo-me Ellen e tenho de lhe dizer que as jóias que está usar são bastante requintadas. - Sorri em direção do marido com cumplicidade.
De repente uma figura mais jovem aparece vinda de uma das divisões do corredore mais adiante.
- Mãe, é mesmo necessário tudo isto? Quer dizer, já viu bem a quantidade de comida que... - O rapaz devia ter a mesma idade que eu. Os nossos olhares cruzam-se e permanecemos parados.
Os olhos dele são verdes, mais escuros do que os do Oliver e os seus cabelos são morenos. Realmente não posso dizer que não seja um rapaz atraente, mas eu sei que mesmo que eu não estivesse apaixonada pelo Oliver não ficaria com um rapaz de aspeto tão emproado.- Joshua querido, vem cumprimentar os nossos convidados. - Finalmente alguém quebra este silêncio desconfortável.
- Sim mãe. - Joshua caminha na minha direção. Parece estar bastante divertido com a situação.- Prazer Senhorita Clarke. - Pega-me na mão e beija-a levemente.
O único rapaz que alguma vez me tocou foi o Oliver, sinto-me desconfortável com toda esta situação, e o facto de todos os presentes na divisão esperarem uma resposta da minha parte faz com que eu apenas acene com a cabeça ao Joshua e mantenha-me calada.De repente as peças começam a encaixar-se. Eu estou noiva.
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Amy - Romance Dramático (PT-PT)
Roman d'amourA história de Amy Lavander Clarke passa-se nos finais do século 19 num pequeno povoado na Inglaterra. Acompanhem esta jovem numa aventura de autoconhecimento com muita emoção e surpresas reveladoras. *Escrito em Português de Portugal Não revisada*