O restaurante estava cheio como nunca antes, e com certeza o que mais fazia barulho eram as mesas de jogos. Elas sempre estavam cheias de homens bêbados que não se conheciam, mas mesmo assim jogavam um com os outros apostando até mesmo seus carros. Normalmente aqueles a jogarem são sempre velhos, velhos que tem dinheiro o suficiente para apostarem seu carro e na manhã seguinte nem sentirem falta daquilo que perderam, mas hoje tinha um homem em especifico que me chamou a atenção. Ele me pediu apenas água, uma desculpa para poder ficar no bar jogando o tal jogo.
O homem era o mais novo da mesa, e pelo que parecia ele era o mais pobre também, tanto que não apostava nada de valor, e ficava apenas apostando dinheiro, não um objeto valioso em si. Mas não foi isso que me chamou a atenção, e sim que ele escondia em cima de sua coxa uma carta, e quando a atenção dos outros homens era voltada para alguma outra coisa, ele trocava suas próprias cartas, não é possível que os outros tenham caído nessa.
Depois de tanto tempo trapaceando, um dos homens o olha de canto de olho, o pegando no flagra, e como era de se esperar, o homem mais alto e mais forte de levanta da cadeira, jogando-a no chão e pegando o homem trapaceiro pela gola da blusa, estava pronto para lhe acertar um soco se um de seus amigos não o parasse antes – Está doido, mano?! – O apaziguador pergunta também bravo.
O homem magro já se preparava para apanhar, fechando um dos olhos e encarando o mais alto com o outro olho, quase fechado – Esse filho da puta estava trapaceando! – O bar dica em silêncio por curtos minutos, até que o amigo do homem mais alto o solta, deixando que ele acerte um soco no mais baixo
Eu bato meu punho da mesa, não admitia brigas dentro do meu bar, se querem fazer isso irão fazer fora daqui, e eu juro que se fizerem muito barulho eu ligo para a policia os parar – Se vão brigar façam isso lá fora! – Eu aponto para a grande porta do bar, e o homem alto e barbudo me olha uma última vez antes de andar rastejando o outro pela blusa. Em poucos segundos a mesa se esvazia, todos foram embora dali, não tenho certeza se todos eles pagaram, mas espero que tenham, irei confiar neles.
O bar já estava para fechar, afinal eram nas noites que as mesas de jogos se lotavam, mas infelizmente tive que acabar com a diversão deles muito tempo depois da briga na mesa de truco. Com todos para fora da loja eu poderia finalmente fechar meu bar, e assim o faço. Ando até a esquina de tal lugar, se os homens do truco brigaram algum deles estaria lá, e como era de se imaginar, o magrinho estava sentado ao lado da lata de lixo, machucado enquanto brincava com seu próprio tênis – Ei, pode me ouvir?
Eu me ajoelho ao seu lado, tentando falar com ele – Posso – O homem ri
– Está doendo? – Era uma pergunta óbvia, mas é importante mostrar preocupação a alguem ferido
– Para caralho – Ele se levanta lentamente com a minha ajuda, ele não fica apoiado em mim, pelo menos não quebraram as suas pernas. Já teve um cliente que trapaceou e uma de suas pernas foi quebrada em uma briga de bar
– Tinha escondido um zap em cima de sua perna? – Nós dois andamos lado a lado, voltando para o bar, ele estava machucado, o mínimo a eu fazer por ele era tentar o ajudar, nem que seja só um pouco
– Um sete de copas, não queria vencer todas – Ele ria ao falar, não devia estar doendo tanto quanto antes já que sua briga foi a um tempo atrás, me pergunto a quanto tempo ele estava sentado ali
Abro novamente o bar e peço para que ele entre, e o homem o faz, assim que ele passa por mim volto a trancar a porta, andando até o balcão e me abaixando, era lá que eu guardava o kit primeiro socorros – Qual seu nome?
– Turquia – Pego um algodão e o molho na pia, logo depois limpo seus machucados para que eles não inflamem – O que só pede água
– Você veio aqui outras vezes? Acho que me lembro de você – Ele murmura assim que eu passo o algodão em uma de suas feridas
– Essa e a minha terceira vez – Deixo o algodão de lado e pego um band-aid, colocando-o em uma ferida aberta do rosto do homem turco
– Espero que essa briga não te dê uma visão errada do bar, juro que isso não é frequente
Ele ri, confesso que sua risada é muito doce – Não se preocupe, está tudo bem comigo
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Bar do China
FanfictionChina tentou cursar uma faculdade, mas aquela não era a vida que o chinês queria levar, então depois de uma sugestão da irmã, China abre um bar próprio, onde trabalha apenas ele. Com seu bar sempre cheio, China busca ser o mais gentil possivel com s...