🇮🇷 Irã

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O trabalho estava difícil, cada dia tínhamos mais clientes, e em um momento ou outro era óbvio que eu teria que mudar o bar de lugar, e assim o fiz. O lugar era grande, tinha dois anderes e pensava em vender mais coisas do que apenas bebidas e as vezes comida, então tive que contratar mais pessoas.

Nunca quis desistir do bar, então toda noite eu recebia diversos clientes para que eles jogassem jogos de apostas ou bebessem enquanto conversavam comigo, apenas o primeiro andar era aberto, assim como eu fazia no local anterior, só tinha uma mudança, agora eu tinha um ajudante – Quem é, China? – Estados Unidos pergunta ao apontar para Irã

– Irã, prazer em lhe conhecer – O homem responde com um sorriso ladino no rosto – Estou aqui para ajudar China no turno da noite

Irã conheceu meus principais clientes, e assim como eu ele foi gentil com todos, e era muito mais calmo do que eu, não elevou sua voz uma vez sequer por mais irritante seja o cliente

– Bom trabalho hoje, Irã – Ele tirava seu avental enquanto eu falava com ele, estava sério

– Você deu bebidas grátis para 2 clientes hoje

– O que? – Eu mal tinha palavras para lhe responder, ele estava me cobrando explicações?

– Aqueles dois da mesa de sinuca – Irã começa a falar, me devolvendo seu avental – Deu um shot de bebida para cada

– Eee... Sim? – Ele suspira

– Hoje também não vendemos muito café – Eu me apoio de lado no balcão, ainda olhando para ele buscando palavras para falar – Não devíamos parar com o café? O chá também

– Mas a gente faz pouco café e chá por dia, não estamos no lucro, mas estamos bem

– Você devia pensar mais nessas coisas, China – Irã vira suas costas para mim, andando até a porta de vidro e a abrindo, indo embora de lá pela direita, onde ficava sua casa

No dia seguinte foi a mesma coisa, e nos próximos 10 dias também. Quando percebi Irã estava anotando cada coisa que vendíamos pelo dia, ele pode ser muito organizado, mas aquilo passou a me irritar – O que quer? – Estávamos no turno da tarde, estávamos lotados e Irã servia como garçom, atendendo a Inglaterra

– Tem café? – Ele pergunta olhando para o asiático com olhar terno

– Preto e expresso – O inglês pensa um pouco antes de responder ao mais novo

– Qual você sugere?

– Eu não posso fazer isso, senhor
– Solto um suspiro, andando até o iraniano que levava consigo um caderninho e uma caneta, um em cada mão

– Como vai, Inglaterra? – Eu pergunto ao britânico que sorri para mim, gostava de minha presença, mas desde que mudamos para cá não pude beber café junto a ele. No outro bar as tardes eram vazias, e eu podia ter tempo para ele, mas agora qualquer hora estamos cheios de clientes

Irã no fim das contas era sempre muito sério, pensando sempre em números e apenas nisso, mas mesmo assim admiro a sua calma de sempre – Irã, você está bem?

Estávamos no fim do turno, as luzes eram fechadas e ambos podíamos ver a rua em nossa frente – Estou, por que?

– Apenas perguntando – Dou de ombros, fechando meus olhos por alguns instantes – É só que você está pegando muito no meu pé, aí eu queria saber

– Acha que eu estou? – Aceno positivamente

– Hunrum – Ele olhava para o chão, estava pensativo e demora um pouco para me responder – Irã? – O chamo

– Então irei mudar

No dia seguinte o homem começou a ser mais amigável com todos, sorria toda vez que falava e deixou de escrever o que vendíamos e o que não, e pela primeira vez vejo-o levantar sua voz contra uma das brigas noturnas – Você não vai fazer isso aqui dentro! – Ele aponta para fora – Saia

O homem murmura, saindo bravo do bar enquanto olhava para o chão, batendo a porta do lugar ao sair. Irã volta para o meu lado, atrás do balcão – Bem... Vejo que mudou seu jeito

– Estou tentando ver o melhor jeito de trabalhar – Ele se vira para mim com um grande sorriso no rosto, nunca pareceu triste, mas também nunca havia visto um sorriso tão verdadeiro quanto aquele que Irã havia dado agora – Estou fazendo certo?

– Claro!

Bar do ChinaOnde histórias criam vida. Descubra agora