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BARÃO

Guiei pra longe dela, hoje não teria mulher, bebida ou droga no mundo que me faria esquecer ela e olha que eu coloquei ela no esquecimento no momento em que ela deu as costas pra mim, se tivesse sido só um flerte ou um namoro besta de adolescente, mas não, foi coisa séria, casei com aquela filha da puta numa igreja que tem aqui no alto da comunidade, eu nunca fui crente de Deus, mas, ela sempre foi e eu sempre fiz tudo o que a Marina quisesse, esse é o foda, eu ficava de quatro por ela sem nem pensar duas vezes. 

Peguei a Marina ela tinha dezesseis e eu tinha vinte anos recém completos, papo de amor mesmo, de quando tua mão treme e bate aquela ansiedade do caralho de ver o outro. A Marina era de longe o meu ponto fraco, eu deitava fácil pra ela e não negava isso, devo muito do que eu sou a ela, ela bateu de frente com muito sujeito homem pra me ajudar, ia em reunião de facção me acompanhando, lado a lado, tratava de carregamento de drogas, de armamento, cresceu ali do meu lado, era reconhecida por geral e ainda é na verdade, Marina é o tipo de mulher que impõe respeito onde chega e ela nem precisa ser grossa com ninguém não, o jeito que ela olha, que ela fala, na moral? Penso nem duas vezes antes de querer ela de volta pra mim. 

Mas, ai que tá o X da questão, eu vacilei tanto com ela e vi todo o sentimento bom dela por mim se transformar em raiva, em mágoa e eu não entendia o porque e também não fazia questão de entender, lembro perfeitamente como foi. 

FLASHBACK.

— Qual foi Marina, onde tu tá indo?  — falei encarando as malas no meio da sala da nossa casa. Eu fungava o tempo todo, tava cheiradão, ligado pra caralho e ela percebeu isso já que negava com a cabeça enquanto me encarava. 

— Eu vou embora, William. - me encarou. 

— Porra de ir embora, Marina. Tá maluca? — ri debochado do que ela falou. Ir embora, vê se pode. 

— Cansei cara. Cansei de humilhação de amante sua, cansei de parceiro teu te trazendo carregado porque você bebeu pra caralho em baile e perdeu a linha. Cansei de ficar dentro de casa trancada porque você acha que sou sua propriedade, que não posso fazer nada. Tu não era isso, nós não éramos isso William. — falou baixo a ultima parte. 

— Se tu for, tu não olha pra trás, mete teu pé já que cansou. — falei fungando mais uma vez. 

Ela não disse nada naquele momento, pegou as coisas e meteu o pé. E eu? Fiquei ali com cara de babaca. 


ATUALMENTE.

E foi assim que a mulher da minha vida foi embora e irmão? Só ladeira a baixo. Engravidei a Flavinha um mês depois, ela era uma das minas que eu traia a Marina, mas era sem juízo nenhum, fez um aborto que não deu muito certo e quando eu vi, ela tava morta, tava de três meses, o bebê tava formado, perdi o chão ali. Um mês depois do aborto e da morte da Flavinha eu fui pra um confronto com inimigo de de facção e tomei um tiro na barriga, GK jura por Deus que a única coisa que eu pedia no leito era pra ver a Marina, mas, a sanidade dele não deixou que ela viesse. 

Me afundei, me afundei como jamais eu pensei que fosse acontecer, fiquei ruim, matei pessoas e então esqueci ela. Esqueci no modo de dizer, porque foi ver ela e veio a avalanche de coisas que eu pensava ter deixado pra trás. Eu vi ela se relacionar com outro, senti ódio, ódio por ela ter sido tão rápida em me deixar. 

A vida é foda mesmo, irmão. 

PRIMEIRA DAMA.Onde histórias criam vida. Descubra agora