MARINA.
O caminho até o hospital foi ridículo de silencioso, eu sei que em momento algum eu deveria ter escondido do ítalo que eu havia casado com o William na igreja, tampouco que ele era um escroto do caralho – não que ele já não soubesse, mas, eu deveria ter reforçado tudo isso. Chegamos quietos e eu desci junto da minha vó, eu sabia que o Ítalo não iria querer conversar comigo, então, eu simplesmente dei tchau com a mão e dei as costas para ele.
– A senhora pode parar de dar corda pro William, vó. – falei a encarando enquanto ela preenchia a ficha para entrarmos.
– Eu sei que ele não é a melhor pessoa do mundo, Marina, mas, dá um tempo. Vocês dois juntos, por mais coisas erradas que fizessem, vocês juntos eram imbatíveis, mas separados, só Deus sabe o que pode acontecer daqui pra frente. – negou com a cabeça. – Eu vi ódio nos olhos dele, você também viu. Tira o Ítalo disso antes que isso piore, você conhece o William, mas, também conhece o Barão e sabe que essa não é a melhor versão dele. – disse ao terminar de assinar. – Me escuta dessa vez, Marina. – pediu.
– Vó. – falei como se fosse numa suplica. – Não é hora disso, sério.
Ela apenas concordou e seguimos pra sala da quimioterapia. Confesso que ver minha avó daquela maneira me corta o coração, eu sabia que ela estava se fazendo de forte principalmente pelo meu avô, mas, eu sabia também que ela estava sendo forte por mim, pelo meus primos e meus tios e tias. Minha vó me criou logo que minha mãe foi morta por policiais em troca de tiro, não que eu tenha um ódio por policiais, pelo contrário, existem alguns que são bons e realmente pensam em morador, mas a grande maioria só pensa no dinheiro. Minha vó então decidiu ficar comigo, meu pai nunca nem vi, nem imagino quem seja e hoje em dia acho que foi melhor assim, meus avós me criaram da melhor maneira possível.
Ficamos longas três horas no hospital e quando saímos pra minha surpresa quem estava a nos esperar era o Neguinho, um dos mandados do William.
– Merda é essa neguinho? – falei encarando ele.
– Patrão mandou vim atrás de vocês logo que vocês saíram pô. Teu namorado foi embora logo que deixou vocês, fiquei pra levar. – se explicou.
– Nunca. – falei rápida.
– Vai embora andando então filha da puta. – minha vó disse me olhando. – Bora Jeferson, me da a mão que eu to tonta, inferno de remédio.
– Ô minha gostosa, com todo prazer eu te ajudo. – ele disse pegando a mão dela e colocando ela no carro e então me olhou. – Vai ficar de fogo no cu mermo, Marina? – me encarou.
A contra gosto eu respirei fundo e entrei no banco do carona, ele não podia dar muita bandeira no asfalto então dirigiu rápido de volta pra comunidade. Inferno isso o que o William tava achando da vida. Não demorou para que chegássemos, ele me ajudou a colocar minha avó pra dentro de casa e rapidamente eu sai atrás dele.
– Cadê teu patrão? – perguntei no portão.
– Na boca da 15. – respondeu me olhando.
– Vai me levar lá, Jeferson. – falei simples.
– Vou nada. – respondeu saindo.
– Ótimo, vou de moto taxi. Teu patrão vai adorar saber que tu me deixou andando com esses moleque de moto por ai. – falei sorrindo e indo na direção do ponto de moto táxi.
Ele me gritava para que eu entrasse no carro e tu foi? Porque eu não. Subi na moto e mandei guiar pro local onde o William estava, não demorou para que eu chegasse. Paguei o menino e fiquei olhando os moleques que estavam sentados ali na frente.
– Cadê teu patrão? – perguntei pro menor.
– Lá dentro com a Vivi. – falou simples. Respirei fundo e concordei.
– Chama o GK pra mim, faz favor. – pedi. Ele me mediu dos pés a cabeça e saiu indo pra dentro da casinha e não demorou para que voltasse com o outro.
– Qual foi Marina, ta fazendo o que aqui? – perguntou.
– Cadê o William? – perguntei simples.
– Tá resolvendo um bagulho da endola, Marina. – falou ríspido. – Tu sabe que ele vai queimar no golpe nisso cara, vai pra casa. – falou me puxando pelo braço.
– Ou tu me solta ou a gente perde a amizade, Maycon. – falei séria.
Ele me soltou e negou com a cabeça, deu as costas e fez sinal para que eu seguisse ele, entramos em uma das salas que tinha porta ali e me deparei com um William todo concentrado em um caderno, junto de uma mulher cheia de tatuagens. Ele ergueu o olhar e sorriu ao me ver.
– Qual foi Marina? – perguntou com um sorriso nos lábios.
– A gente precisa conversar. – falei simples e olhei a mulher. – A sós. – dei ênfase.
– Qual foi Vivi, mais tarde eu apareço na tua casa e a gente termina isso. – ele disse a mulher e ela sorriu.
– E ai patroa. – disse ao passar pro mim e eu podia jurar que tinha um pouco de maldade no tom de voz dela. Ergui uma sobrancelha e a encarei e em seguida me virei pro William que sorria pra mim.
– Eu quero a anulação do casamento, Barão. – falei agora o chamando pelo vulgo e ele riu pra mim.
– O que te faz pensar que eu vou te dar? – sorriu.
De todas as coisas do mundo, essa era a ultima que eu queria ter que passar.
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PRIMEIRA DAMA.
RomanceNo meio de mágoas e um sentimento mútuo de ódio será que ainda pode existir amor entre duas pessoas que um dia já foram algo um para o outro? Um rei nunca é um rei sem sua rainha.