Dou outro gole no café, esperando que a crise de risadas histéricas de Sofya acabe. Respiro fundo e, pela milésima vez em menos de um minuto, me pergunto porque ainda teimo em abrir a boca para contar-lhe as coisas, mesmo sabendo que reações como esta me esperam.
Ah, se arrependimento matasse...
– Você está se saindo melhor do que eu imaginava, Any. – minha amiga continua rindo e eu apenas suspiro – Armário do zelador?! Wow!
– Do que você está falando, Sofya?! O Bailey entra aqui pulando a janela do seu quarto. Acha mesmo que o que eu fiz é estranho, comparado à isso?!
– Mas a louca aqui, sou eu, amiga. Você sempre foi a responsável e certinha.
Volto a bufar e bebo mais do café. Ela continua:
– Além disso, vale ressaltar que você ficou meses enchendo o meu saco, falando que detestava o garoto, reclamando de tudo o que ele fazia, e agora...
– 'Tá bom! Pode parar que eu já entendi, e...
– Ah, não! – interrompe – Preciso falar isso e de boca cheia.
Lanço meu olhar mais amedrontador, ainda que eu saiba que Sofya sequer dará atenção para isso, não quando está tão eufórica como agora.
– Você reclamava de tudo o que ele fazia e agora está aí, cheia de fogo porque o garoto sabe como te pegar de jeito.
– Sofya!
– Any, toda animada com um aluninho delícia e cheio de hormônios do terceiro ano. Aí caramba, eu não acredito que vivi para ver isso...
Constrangida com a falta de vergonha na cara da pessoa que compartilha a casa comigo, viro o restante do café e replico antes que possa soltar mais uma pérola:
– Quer saber?! Eu não sou obrigada a ouvir suas besteiras.
Levanto, deixo a caneca na pia e sigo para o meu quarto. Ouço a risada escandalosa da minha amiga ao fundo e logo seus passos crescendo ao meu encalço.
Respiro fundo, sabendo que essa falação está longe do fim. Só eu mesma para pensar que havia a possibilidade de ela não me seguir ou, pelo menos, ficar quieta.
Abro a porta, fingindo que não tem uma louca na minha cola, e vou direto para o armário. Pego uma calça jeans e minha camiseta do The Strokes.
– Eu não sei por que fica tão brava com as coisas que eu digo. Só estou feliz por você, oras. – Sofya joga-se sobre a cama e me observa.
– Feliz por mim? E posso saber o motivo e como essa gozação toda com a minha cara é a demonstração disso?
– Primeiro, eu estou feliz porque está se dando bem com o tal Noah. E segundo, você sabe que esse é o meu jeito de demonstrar que te apoio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝑰𝒓𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍 ❃ Noany ❃
RomanceAny Gabrielly é uma brasileira que está trabalhando em Londres como professora do ensino médio. Com todas as dificuldades de cultura e por ser nova nesse emprego, tudo de que ela não precisava era ficar à fim de um garoto de 18 anos, que ainda por c...