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O olhar cansado de Charles não me abalaria dessa vez.
Era a segunda vez em uma semana que discutíamos sobre o mesmo assunto. Raven Darkholme, sua irmã e minha cunhada. Desde do dia em que ela se aliou ao nosso ex-amigo Erik Lehnsherr, o Magneto que Charles vem tentando rastreá-la através do Cérebro, mas sem muito sucesso.
— Qual parte de "ela não quer ser encontrada" você não entendeu, Charlie? — indaguei, desesperada. Ele era como um menino teimoso que insistia no mesmo erro, mesmo sabendo que estava errado. — Se a Raven estivesse mesmo a afim de ser encontrada, ela certamente nos mandaria um sinal, um telefonema, quem sabe. Agora ponha na sua cabeça que ela não quer nos ver. Supera, Charlie.
— Gabby, ela é minha...
— Ela não quer nos ver, Charles. Entende isso de uma vez. A Raven escolheu o lado dela e ela não vai voltar, sinto muito. — explodi. Eu odiava brigar com ele, mas ele nunca me dava muita escolha. — Sei que ela é sua irmã e tal, mas ela já é adulta e dona de si, ela sabe se virar e se você ousar me contrariar novamente, eu juro que vou embora, Charles. E não vai ter Cérebro nenhum que me ache.
Ele parecia pensar em algo, mas não verbalizou.
Pelo seu semblante, eu sabia que ele não iria desistir. O que era uma pena.
— Boa sorte, Charles. Mas não venha dizer que eu não avisei. — e o deixei.
――――╳――――
Cinco semanas. Já fazia cinco semanas que Charles e eu não nos falamos mais. Talvez eu tenha sido dura demais com ele, mas ele precisava aprender que a irmã dele cresceu e não nos quer por perto, e que agora as coisas eram diferentes de quando eles eram crianças.
O som da porta da sala de aula sendo aberta me despertou dos meus pensamentos.
Por um momento, achei que fosse Charles, mas...
Era Jean, ela sempre chegava cedo nas aulas. Logo veio Kitty sendo seguida por Kurt, Scott e os demais alunos. E Jubileu Lee, o meu inferno pessoal.
― Sem gracinhas, srta. Lee! ― a adverti.
― Pode deixar, professora Gabrielle. ― garantiu Jubilee, indo para seu lugar na sala.
――――╳ ――――
O primeiro chamado ocorreu após toda escola ter ido dormir. O segundo foi quando eu já estava de pé, em sua porta.
Minha pulsação estava a mil e a ansiedade não me deixava em paz. E também havia o medo de que se fossemos brigar novamente, a nossa separação seria definitiva. E não era isso que eu queria.
— Entre. — disse Charles de dentro do quarto.
Girei a maçaneta e entrei, timidamente, no quarto do meu então namorado.
A luz do abajur era a única acessa em todo o cômodo e Charles estava perfeitamente sentado na cabeceira de sua cama, a minha espera.
E ele deu duas batinhas no lado esquerdo de sua cama de casal, como se dissesse "vem cá".
Nem me atrevi a deixá-lo esperando e atravessei o quarto e me sentei ao seu lado.
— Você estava certa. — declarou Charles, enlaçando sua mão na minha. — Raven não é nenhuma criança e sabe o que faz, mesmo que eu não concorde com os métodos dela.
— Eu avisei.
— Eu esperava que dissesse isso. — comentou com um sorriso. — Você sempre está afirmando o óbvio, mas não vamos brigar.
— Brigar pra quê? Eu estou certa e você está errado. — rebati. — E isso já é o suficiente para mim.
Charles riu.
— Dorme aqui hoje? — pediu Charles, já se acomodando na cama. — Por favor.
— Hoje e sempre. — e o beijei. — Eu te amo, Charlie. Mesmo você sendo teimoso como uma criança de cinco anos.
— Nossa, quanto amor. — retrucou Charles, revirando os olhos. — Boa noite, Gab.
— Boa noite, Charlie.
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➥ Olha quem voltou! Eu mesma! Desculpa pela demora, eu estava com um bloqueio criativo durante toda essa semana e eu estou vencendo aos poucos, hoje mesmo consegui terminar a minha releitura de "Um Perfeito Cavalheiro" da Julia Quinn. Mas enfim, espero que goste.
