✟ Capítulo 3: Música celestial ✟

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Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono,bem como os seres viventes e os anciãos... 

Apocalipse 5:11

Quando eu era garoto, passava muito tempo no campo e na floresta. Quando caminhava pelo meio do mato seco, cuja altura chegava até a cintura, costumava pegar de surpresa um bando de pássaros, afugentando-os dos ninhos que faziam no chão. O som forte das asas batendo acompanhava a fuga das aves. 

Minha lembrança mais vivida do céu é do que ouvi enquanto estive lá. Só consigo descrever como uma grande revoada de pássaros. Mesmo assim, eu teria de multiplicar milhares de vezes para poder explicar o efeito do som celestial. Era o som mais lindo e agradável que já ouvi, e não parava. Era como uma canção interminável. Senti-me extasiado, e não queria mais nada além de ficar ouvindo. Não se tratava apenas de uma música. Era como se eu fizesse parte daquela canção, que tocava dentro de mim e através do meu corpo. Fiquei paralisado e, mesmo assim,me sentia envolvido pelos sons. 

Conforme me acostumava com as melodias e os sons maviosos que enchiam o ambiente, nada mais conseguia desviar a minha atenção. Sentia como se aquele concerto celestial permanesse todas as partes de meu ser, mas, ao mesmo tempo, eu me mantinha concentrado em tudo quanto havia à minha volta. 

Não identifiquei nada que estivesse produzindo aquele som. Tive a sensação de que, qualquer que fosse a origem daquela música celestial, essa fonte estava acima de mim. Mesmo assim, não olhei para cima. Não sei bem qual a razão para agir dessa maneira. Talvez tenha sido pelo fato de eu estar muito encantado com as pessoas que me cercavam; ou então por causa de meus sentidos, tão envolvidos naquele banquete que eu queria aproveitar tudo ao mesmo tempo. Não fiz nenhuma pergunta, e em momento algum quis saber o que estava acontecendo. Tudo era perfeito. Senti que sabia tudo quanto precisava, e não havia necessidade de questionamentos. 

Uma infinidade de sons tomou conta de minha mente e de meu coração. É muito difícil tentar explicá-los. Contudo, o mais impressionante de todos era o das asas dos anjos. Eu não os via, mas o som era uma melodia linda e santa, em uma cadência que parecia não ter fim. O sibilar das asas ressoava como se fosse uma forma de louvor eterno. Quando ouvi, simplesmente sabia do que se tratava.

Outro som permanece ainda hoje como a lembrança mais vivida e singular que tenho de toda a minha experiência celestial. Eu o chamo "música", mas era diferente de tudo quanto eu já ouvi ou um dia poderia ouvir na Terra. As melodias de louvor tomavam conta de todo o ambiente.Fiquei impressionado com a intensidade e com a variedade interminável de sons. 

 O louvor não tinha fim, mas o que mais me chamou a atenção foram as centenas de canções entoadas ao mesmo tempo — todas de louvor a Deus. Conforme eu me aproximava do grande é magnífico portão, ouvia as músicas chegando de todas as direções. Percebi que cada uma daquelas vozes louvava a Deus. Eu uso o termo "vozes", mas era bem mais do que isso. Alguns sons se assemelhavam ao de instrumentos musicais, mas eu não tinha certeza nem estava muito preocupado com isso. O louvor se espalhava por todos os lugares, e era inteiramente musical.Mesmo assim, se compunha de melodias e tons que eu jamais ouvira antes. 

"Aleluia!"; "Louvado seja!"; "Glória a Deus!"; "Louvado seja o Rei!" Palavras como essas surgiam em meio a toda aquela música. Não sei se eram os anjos que as proferiam ou se vinham de vozes humanas. Eu estava tão extasiado e envolvido no clima celestial que nem me dava ao trabalho de olhar em volta. Meu coração fora tomado da mais profunda alegria que eu jamais sentira em toda a minha vida. Eu não participava daquele movimento de adoração, mas era como se o meu coração também se manifestasse com o mesmo tipo de alegria e exuberância.

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