✟ Capítulo 7 :Decisões e Mudanças ✟

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Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação,ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez,ou perigo, ou espada? Como está escrito:"Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias;somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro." 

 Romanos 8:35,36 

Uma das coisas mais difíceis — além da própria dor física — era ver a reação dos meus familiares e dos meus amigos. Meus pais vivem em Louisiana, a cerca de quatrocentos quilômetros de Houston, mas chegaram no dia seguinte ao de minha cirurgia. Minha mãe é uma mulher muito forte, e eu sempre achei que ela seria capaz de lidar com qualquer situação. Mas quando ela entrou na UTI e olhou para mim, desmaiou na hora. Meu pai teve de segurá-la elevá-la para fora.

 O desmaio de minha mãe me fez perceber como o meu estado era ruim.

A maioria daqueles primeiros dias ficou na minha memória de maneira muito vaga. Eu não tinha certeza se as pessoas haviam me visitado de fato ou se tudo não passava de alucinação. Segundo Eva e as enfermeiras, às vezes eu delirava. 

O hospital permitiu visitas diárias, poucas pessoas de cada vez. Mesmo quando elas não diziam nada, o olhar triste e consternado evidenciava aquilo que estavam sentindo. Uso a palavra"evidenciava" porque sei como era fácil perceber. Olhando para trás, pode ser que eu estivesse enganado. Acho que eu estava tão convicto a respeito de minha morte iminente — a qual eu desejava — que vi nos olhos das pessoas o que eu sentia a respeito de mim mesmo. 

Certo ou não em minha avaliação, eu me sentia como se as pessoas estivessem olhando apenas para um corpo mutilado, e não para um ser vivo que, apesar das palavras de incentivo e consolo que proferiam, parecia pronto para morrer a qualquer momento. Eu ficava pensando se elas me visitavam para prestar suas últimas homenagens antes de meus olhos se fecharem para sempre.

 Embora a pneumonia tivesse melhorado, ainda era necessário tratar seus efeitos. As enfermeiras apareciam a cada quatro horas para realizar os tratamentos respiratórios. Elas batiam em meu peito e me obrigavam a respirar, através de um bocal, uma coisa que cheirava muito mal e tinha um sabor horrível. Segundo diziam, aquilo ajudaria a revestir meus pulmões. Esse tratamento evitaria que a pneumonia voltasse e ajudaria a restaurar a saúde pulmonar. Quando eu acordava e via as pessoas se aproximando, pensava: "Elas vão me obrigar a respirar aquele troço. Vão me dar pancadas no peito para tentar soltar o catarro."

Por mais doloroso que fosse, o tratamento funcionou. O Dr. Houchins, chefe da equipe de trauma do Hospital Hermann, ia me ver várias vezes durante o dia. O que podia lhe faltar em termos de cordialidade sobrava em determinação. Não aceitava perder nenhum de seus pacientes. Ele me mandava respirar: 

— Não desista agora. Não desista. Continue tentando.

O Dr. Houchins não se limitava apenas às palavras que me dizia. Por mais doente que eu estivesse, senti como se ele lutasse ao meu lado. 

— Não desista. Continue tentando.

Geralmente eu não tinha muita energia para respirar, por isso parava de tentar. Então via a expressão de dor em seu semblante. Em seguida, os traços do rosto se contorciam em uma raiva muito intensa.

 —Você ouviu o que eu disse? Faça isso! Agora! Respire e tussa! Vamos lá. 

Balancei a cabeça. Eu simplesmente não tinha forças para fazer nada mais. 

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