— Dá pra trocar essa música horrível, por favor?
— Não.
— Você é a única pessoa de Busan que gosta de Princess Nokia, que vergonha... — Jungkook fez uma careta de desagrado e continuou apontando o lápis de cor verde. Ele estava sentado no sofá mais próximo do balcão da recepção, colorindo um daqueles livros para relaxar enquanto conversava com Hoseok, que o alertara uma dúzia de vezes que o Jeon ficaria com as costas ferradas devido a postura curvada, mas o garoto não ligou muito.
Jungkook pensou que era justamente por não ter dado atenção ao puxão de orelha do Jung que ele estava fazendo Versace Hottie soar pelos auto-falantes do estúdio e suspirou, cansado e realmente com dor na coluna.
— Então sou a única pessoa de Busan com bom gosto, né — Hoseok riu, e Jungkook adorava como o amigo ria com o corpo inteiro, desde os olhos gentis, os ombros sacudindo e a voz melodiosa até mesmo em comentários bobos como aquele. — Relaxa, agora vem uma do Tae.
E Flashed Junk Mind começou. Na Intoxiqué não existia hierarquia e, por isso, eles dividiam uma playlist onde cada um adicionava músicas do próprio estilo musical para acompanhar os dias de trabalho, o que chegava a ser engraçado de ver já que eram estilos e artistas tão diversos. Uma prova disso era ser Shameless, da Camila Cabello, na sequência, e Jungkook animou-se internamente, ainda pintando os desenhos no papel, mas parou ao ouvir vozes se aproximando.
Yoongi e uma cliente loira surgiram no pequeno corredor do estúdio, conversando e andando em direção ao balcão de Hoseok, provavelmente para efetuar o pagamento da perfuração. Logo quando teve o vislumbre do sorriso relaxado do Min, Jungkook sentiu as tão famosas borboletas em seu estômago agitadas, debatendo-se na pobre barriga do garoto que não sabia o que fazer a não ser olhar atento, os olhinhos grandinhos devido a tamanha atenção que botava num único ponto do recinto, o também causador de todas aquelas sensações tão chamadas de paixonite; Min Yoongi.
Desde que se beijaram no barzinho Jungkook ficava daquela forma, e se antes por vezes se sentia desconcertado ao falar ou ver o Body, tudo acabou se intensificando ainda mais, deixando como vestígios os seus tão frequentes rubores e gaguejamentos, suas visitas repentinas ao estúdio nem que fosse apenas para pintar algo no balcão e poder vê-lo passando por si, as roupas pretas com penugens de felinos o fazendo sempre sorrir meio abobado, se recordando da conversa que tiveram. “O Hyung sempre chega lá no estúdio com esses pelinhos espalhados pela roupa, principalmente as pretas. É fofo.” Jungkook balançou a cabeça ao se lembrar porque, céus, como ele conseguia ser bobo.
— Sua mandala ficou daora, coelhinho. — foi retirado de seus pensamentos, aquela voz fazendo-o amolecer inteiro na cadeira, o lápis quase caindo de suas mãos ao sentir a presença dele atrás de si. Seu coração ficara muito, muito acelerado.
— Ah, Valeu, Hyung. — tentou falar com a voz normal, mas falhou terrivelmente quando o viu sentar-se ao seu lado, encostar o cotovelo no estofado e o encarar, bem nos olhos e com um sorriso que poderia fazer Jungkook gritar em seu travesseiro, caso se lembrasse daquele delineado em pura perfeição de noite.
Yoongi riu, após perceber a postura tímida que o mais novo adotara apenas por se sentar ao lado dele. Jungkook era completamente adorável, e o encantava de todas as formas possíveis com aquele jeitinho.
— Acho que essa parte ficaria legal em azul — o mais velho apontou para a parte mencionada e pegou o estojo de lápis de cor apoiado nas pernas do Jeon, escolhendo dois tons de azul e questionando pelo olhar se o rapaz aprovava a sugestão. Jungkook pintou um pouco ali, só para marcar os tons e sorriu, agradecido. — Posso ver mais?
— Sim, mas eu não sou muito bom, hyung... — disse, guardando os lápis e dando o caderno para o Min, que começou a folheá-lo sem pressa, as íris negrumes presas nos desenhos. — Só pinto quando não tenho nada pra fazer- ah, esse carnaval foi o Hobi, olha!
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jewels
FanfictionJeon Jungkook tem apenas vinte anos, mas é dono de uma extensa lista de desilusões amorosas - ou de pés na bunda, como os amigos preferem chamar. O garoto não entende sua má sorte no amor, afinal, ele dá tudo de si sempre que se relaciona com alguém...