Capítulo Dez

884 104 15
                                    

Daryl está de costas para mim. Depois que eu contei aquilo, ele ficou estranho, como se me odiasse. Ele se volta e me encara.
-

Conta tudo. Agora!
Respiro fundo.
- Bem, minha mãe morreu quando eu tinha dez anos, ela nunca soube que Jim... Me ensinava aquelas coisas. Ele me ensinou a atirar desde os cinco, e me deu um arco. Aos dez ele me ensinou a... matar. - Olho o chão. - Estavamos em NY quando policiais entram na casa e me levaram. Fui viver com Andrew e a sua familia, mas quando comecei a estudar em NY, bem, até bem antes disso, Jim me chamava para eu ajudar ele com alguns serviços dele.

- E você nunca recusava? - Gritou Daryl.
- Claro que sim! Mas... Para eu aprender, Jim teve de me ensinar algumas coisas que... Era mais uma tortura. Se eu recusasse... Ele matava a familia do Andrew. Ele era bom profissional, mas era enorme... Eu me mexia melhor do que ele. Acabei por me tornar melhor do que ele.
Daryl ergueu as mãos e depois voltou a deixar elas cair.
- Como... Porque... - Ele parecia um tigre enjaulado, andando de um lado pro outro, pronto a matar assim que eu abrisse a porta. - Nunca ninguém descobriu?
Abanei a cabeça.
- Pera ai. - Daryl me olhou. - Aquela flecha... Era sua!
- Sim. Só eu tinha flechas como aquela.
- Isso quer dizer que...
- Ou o Jim está vivo, ou alguém achou ela em algum lugar e perdeu de novo.
Daryl caminhou, se afastando de mim, mas de repente ele volta, se aproximando. O tigre estava solto.
- E você nunca pensou em me contar??!! Nunca achou que eu deveria saber que... Malia... - Ele estava mais assustador do que nunca. - Eu durmo com um assassina! Eu amo uma assassina!
- Eu nunca matei ninguém! - Grito também.
Escuto errantes entrarem na fazenda mas não ligo.
- Duvido! Se você ajudava seu pai!
- Ele não é meu pai! Nunca foi! Ele só queria saber de dinheiro!
Daryl pega a besta e eu seguro o arco e começamos a matar a horda que entrou, ouvindo nossos gritos.
- Deveria ter me contado! - Grita Daryl enquanto mata errantes.
- Para quê? - Grito também, espetando a cabeça de um. - Para você me matar?
- Eu nunca iria matar você! - Grita ele.
Eu ri, xutando um errante.
- Claro que não, Daryl Dixon.
- Você nunca deveria ter aparecido naquele dia! - Gritava ele. - Mas apareceu! A unica coisa que eu queria era que essa boneca que eu levei na prisão fosse sincera! Eu te odiei por gostar de você desde o primeiro dia!
Em poucos minutos, eu e Daryl, aos gritos, tinhamos acabado com uma horda de errantes. Ficamos ali, olhando eles, vendo aquela cena épica. Estou cansada de matar e gritar ao mesmo tempo, e vejo que Daryl também.
- Escuta. - Digo eu. - O Charilie é muito parecido com o Jim. Eu vou voltar no acampamento do outro grupo, depois vou tentar achar Rick e os outros. Se você quiser vir, ótimo. Se não...
Daryl agarra meu braço e me beija, como se fosse o ultimo dia que tinhamos para ficar juntos. Depois ele se afasta, me olhando.
- Te odeio, mas percebo que sua vida foi mais complicada do que qualquer coisa e percebo porque você mentiu. Eu também não gosto de falar sobre... coisas. - Ele respira fundo. - Mas eu prometi que seguiria você para sempre. E vou cumprir.
Sorri.
- Eu te amo.
- Eu te amo boneca assassina.
Eu ri, coberta de sangue.

A História de Malia Mason - 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora