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"Jisung se você me unhar desse jeito mais UMA VEZ!" - Chenle gritou, agoniado com as marcas que o maknae estava deixando em seu pulso toda vez que o agarrava porque se assustava.
"Foi mal! Eu achei que tinha visto alguma coisa" - se defendeu, achando difícil ignorar que os sons daquela floresta que o tempo todo lhe enganavam a audição e as árvores que eram confundidas com pessoas entre sombras.
"Não tem nada, Sung" - Jeno falou num suspiro.
O Lee andava atrás de Jaemin, este último ficando encarregado de guiar o caminho pelos motivos de não estar tremendo de medo igual os maknaes e ter uma boa visão - boa, comparada aos demais - que os permitiria ficar mais tempo sem ter que usar as baterias dos celulares para lanternas.
Renjun massageava as têmporas, numa batalha interna entre surtar e manter o foco principal: sair vivo dali.
Lembrava perfeitamente que da última vez tinha passado por toda a "dificuldade" - por mais que não achasse que aquela fosse a palavra mais adequada - com a perna machucada e, por isso, tomava o dobro de cuidado ao olhar onde pisava, xingando sempre que dava pequenos escorregões ou os tênis começavam a grudar no chão lamacento.
Mark também estava tenso indo por último, porque conseguia ouvir perfeitamente as falas raivosas dos outros membros. E, de onde estava, via as costas levemente encurvadas de Haechan à sua frente, sem saber se devia ou não incomodar o namorado.
Tentou, se adiantando um pouco até estar pertinho deste e alcançar sua mão.
O Fullsun estava frio.
A pele como seu estado de espírito. Como o gelo prestes a rachar e quebrar.
"Hey" - o canadense sussurrou baixinho, dando um aperto reconfortante na mão do namorado.
Recebeu olhos cansados de volta e seu coração se apertou enquanto tentava encontrar nos orbes castanhos algum resquício do brilho usual do seu Haechan.
Mark abriu a boca para falar algo, mas o menor se antecipou, lhe dizendo num sorriso mínimo.
"Não vamos parar, Mark. Não é bom se separar nem fazer eles esperarem" - lhe afirmou antes de abaixar a cabeça e voltar a andar, enquanto Minhyung nem percebera que tinha ficado parado para começo de conversa.
Suspirou, sabendo que não era justo exigir de ninguém daquele grupo qualquer animação ou bom ânimo.
Só eles sabiam o que já tinham passado.
E o quanto queriam acordar daquele pesadelo.
A passos largos, voltou para a fila em que estavam andando, conseguindo ouvir a voz de Chenle à frente.
"Ya! Park Jisung!!" - praticamente berrou, quando o outro novamente voltou a lhe puxar para perto.
"Eu juro que eu vi alguma coisa ali!" - o mais novo apontou e todas as cabeças se viraram para aquela direção, onde havia uma movimentação entre arbustos.
Com os corpos petrificados, os garotos tentavam se acalmar. Jeno foi o primeiro a fazê-lo, mas apenas num sussurro, sem querer arriscar.
"Não deve ser nada. Pode ser algum coelho, algum animal assim... Vamo devagarzinho"
E, de fato, foram a passos lentos voltando a andar, sem desviar um segundo sequer os olhos atentos da moita que não era nem mais alta que eles, mas que naquele momento parecia uma massa escura e aterrorizante, de onde a qualquer momento algo podia sair.
Mal perceberam que estavam tentando prender a respiração, que agora pareciam altas demais. Mesmo assim continuaram, andando praticamente de lado enquanto a trilha os fazia contornar a vegetação estranha.
Estranha porque, perceberam, aquele bosque era composto principalmente por árvores altas.
Então vinha a questão, e Renjun fez questão de perguntar, mesmo que fosse num fio de voz que só Chenle e Haechan, um na sua frente e o outro atrás, conseguissem ouvir.
"Será que não foi alguém que colocou isso aqui?"
Donghyuck queria responder "não" e logo em seguida adicionar um argumento convincente para sua resposta. Queria mesmo.
Mas não tinha nenhum.
"V-você acha, hyung?" - o Zhong questionou, a voz um tanto engasgada e os olhos agora mais arregalados, como se se piscasse por um segundo algo poderia sair daquela moita.
"Eu não sei, mas não parece estranho?"
Jaemin e Jeno tinham acabado de fazer a curva, saindo do campo de vista dos três garotos que conversavam baixinho, com um Jisung agarrado a camisa do Lee. Chenle, por sua vez, estava quase passando para o outro lado também.
Quase.
Porque foi no momento que o Zhong sumiu da visão periférica de Renjun que ouviram um estouro alto que os fez gritar.
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