Abaddon e Ariadne voltam para a superfície. Cansados e cheios de escoriações não tratadas, ambos vão direto ao palácio onde Hadria está. O exército havia feito um ótimo trabalho.
— Hadria! Apareça! — grita Abaddon. O mestre de Amazonas repara que Ariadne está saindo sutilmente por entre o aglomerado de tritões e sereias que fazem parte do exército. A intercepta a segurando pelo antebraço que segura um dos mais poderosos artefatos de Eudora. — Aonde você vai?
— Eu não posso fazer isso!
— Você pode. Você vai.
— Mas...
— Escuta. Se você abandonar o seu dever está abandonando o seu futuro. Se não salvar o reino não terá onde viver. Pense nisso.
Ariadne assente e reprime as lágrimas. Sabe que se usar a espada contra o tritão demônio terá que oferecer alguém como sacrifício dias depois.
Um arauto anuncia:
— Todos para trás! Ariadne de Eudora, portadora da Espada Profana, vai cumprir o seu dever!
— É o certo — Abaddon a abraça com força.
Ariadne, depois do primeiro abraço que recebeu de seu mentor, sentindo o coração gelar e errar as batidas, entra no palácio. Reflete.
"É o melhor para todos."
◇◇◇
Enquanto ela passa pelos corredores do palácio, a voz de Abaddon verbera em sua mente...
"Escuta. Se você abandonar o seu dever está abandonando o seu futuro. Se não salvar o reino não terá onde viver. Pense nisso."
"Não é só a minha vida que está em jogo aqui."
◇◇◇
Ficou remoendo as últimas falas de seu mestre até chegar aos portões do salão principal.
"Se você abandonar o seu dever..."
O loop de lembranças que tanto circula em sua mente é interrompido assim que ouve uma voz grave.
— A vida é triste. Eu pensava que a morte era a pior das tragédias. Mas ao viver... percebi que estava enganado.
Os portões se abrem sozinhos. Foi magia.
— Hadria... — Ariadne susurra ao ver um tritão acomodado em um trono que não pertence a ele.
— Me mate de uma vez. Você pode. Você deve. Por você. Por todos que estão lá fora — diz o tritão que está com a alva pele quase toda coberta por manchas escuras. Ele está doente. Por ter mantido a princesa enferma como refém, acabou pegando a sua doença...
Sai de uma sala ao lado, a princesa que, também coberta de manchas negras, se lança sobre os pés do tritão pela qual se apaixonou perdidamente.
— Você não pode fazer isso! Eu amo o Hadria! Você tem o dever de salvá-lo, não tira a vida dele!
— Cristine... — o jovem amaldiçoado, portador de longos cabelos esverdeados, segura o rosto da amada para a forçar a olhar para ele.
— Espera... — Cristine já tinha ideia do que ele ia falar.
— Acabou — declara Hadria.
— Não... não...
— Eu... — Ariadne tenta intervir, ir até Hadria e atravesar a espada em seu coração, mas tudo o que consegue é susurrar de forma bem tímida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Sereia Ariadne ▪ A Guerreira Submersa
De TodoViver nas profundezas do vasto oceano nunca foi fácil, principalmente para a sereia Ariadne que ficou pelas ruas do reino de Eudora durante boa parte de sua infância. Assim que completou 16 anos de idade, entrou para a academia de sereias guerreiras...