15 | Hadria

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Abaddon e Ariadne voltam para a superfície. Cansados e cheios de escoriações não tratadas, ambos vão direto ao palácio onde Hadria está. O exército havia feito um ótimo trabalho.

— Hadria! Apareça! — grita Abaddon. O mestre de Amazonas repara que Ariadne está saindo sutilmente por entre o aglomerado de tritões e sereias que fazem parte do exército. A intercepta a segurando pelo antebraço que segura um dos mais poderosos artefatos de Eudora. — Aonde você vai?

— Eu não posso fazer isso!

— Você pode. Você vai.

— Mas...

— Escuta. Se você abandonar o seu dever está abandonando o seu futuro. Se não salvar o reino não terá onde viver. Pense nisso.

Ariadne assente e reprime as lágrimas. Sabe que se usar a espada contra o tritão demônio terá que oferecer alguém como sacrifício dias depois.

Um arauto anuncia:

— Todos para trás! Ariadne de Eudora, portadora da Espada Profana, vai cumprir o seu dever!

— É o certo — Abaddon a abraça com força.

Ariadne, depois do primeiro abraço que recebeu de seu mentor, sentindo o coração gelar e errar as batidas, entra no palácio. Reflete.

"É o melhor para todos."

◇◇◇

Enquanto ela passa pelos corredores do palácio, a voz de Abaddon verbera em sua mente...

"Escuta. Se você abandonar o seu dever está abandonando o seu futuro. Se não salvar o reino não terá onde viver. Pense nisso."

"Não é só a minha vida que está em jogo aqui."

◇◇◇

Ficou remoendo as últimas falas de seu mestre até chegar aos portões do salão principal.

"Se você abandonar o seu dever..."

O loop de lembranças que tanto circula em sua mente é interrompido assim que ouve uma voz grave.

— A vida é triste. Eu pensava que a morte era a pior das tragédias. Mas ao viver... percebi que estava enganado.

Os portões se abrem sozinhos. Foi magia.

— Hadria... — Ariadne susurra ao ver um tritão acomodado em um trono que não pertence a ele.

— Me mate de uma vez. Você pode. Você deve. Por você. Por todos que estão lá fora — diz o tritão que está com a alva pele quase toda coberta por manchas escuras. Ele está doente. Por ter mantido a princesa enferma como refém, acabou pegando a sua doença...

Sai de uma sala ao lado, a princesa que, também coberta de manchas negras, se lança sobre os pés do tritão pela qual se apaixonou perdidamente.

— Você não pode fazer isso! Eu amo o Hadria! Você tem o dever de salvá-lo, não tira a vida dele!

— Cristine... — o jovem amaldiçoado, portador de longos cabelos esverdeados, segura o rosto da amada para a forçar a olhar para ele.

— Espera... — Cristine já tinha ideia do que ele ia falar.

— Acabou — declara Hadria.

— Não... não...

— Eu... — Ariadne tenta intervir, ir até Hadria e atravesar a espada em seu coração, mas tudo o que consegue é susurrar de forma bem tímida.

A Sereia Ariadne ▪ A Guerreira SubmersaOnde histórias criam vida. Descubra agora