Lili

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ㅡ Eu vi aquilo, Lili. ㅡCamila resmungou, mordendo o seu hambúrguer. Engoli em seco.

ㅡ Viu o quê?

ㅡ Cole sussurrando algo em seu ouvido. ㅡSenti o ardor nas minhas bochechas.

ㅡ Ah...

ㅡ O que ele disse? ㅡConheço ela muito bem para afirmar que está morrendo de ciúmes.

ㅡ Ele disse que gosta de verde. ㅡA expressão de Camila suavizou.

ㅡ Sério? Obrigada por me dizer, Lili. Vou usar verde na minha paleta de cores. ㅡComentou. ㅡ A idiota da Ângela disse que ele estava dando em cima de você. Sei que você não iria admitir isso. E que, cai entre nós, Cole não faz o seu tipo. ㅡSei que ela não disse aquilo por mal, mas de certa forma, me magoou.

ㅡ Uhm... acho que já vou, Cami. ㅡAvisei, pegando minha mochila e levantando da mesa.

ㅡ Já? ㅡPerguntou.

ㅡ Sim. Me desculpe, mas minha avó quer falar comigo. ㅡA morena assentiu e nos despedimos com um abraço.

Sem querer esperar por um ônibus, decidi ir andando.
São seis da noite, e dessa lanchonete perto da faculdade até a minha casa, são cerca de dez minutos se eu for de ônibus, e vinte se eu for a pé.

Vai me fazer bem caminhar um pouco.
Minha trança já estava quase que solta, então decidi soltar de vez.
Meus cabelos são um pouco ondulados, e longos. Batem até o meio das minhas costas.

Coloquei a liga no meu pulso e voltei a caminhar. Já estava a andar por uns quatro minutos.

Sou tão azarada, que esqueci de trazer um casaco. E o frio de Nova Iorque está insuportável hoje.
Abracei meu próprio corpo e quase morri de susto quando um carro parou ao meu lado.

E graças à Camila, eu o reconheço bem.
Mercedes branca com detalhes azuis, o carro do Sprouse.
Suspirei em alívio, mesmo nervosa por ele estar aqui.

O moreno abaixou o vidro do carro, revelando seu rosto bem esculpido.

ㅡ Aceita uma carona, princesa? ㅡFechei minhas mãos em punho e olhei para ele, analisando a situação.
Ainda falta muito para eu chegar em casa.
Já está escuro e estou congelando de frio.
Mas esse é o Cole.
Estaria traindo a confiança da Cami?

ㅡ Não posso aceitar, Cole. ㅡEle revirou os olhos.

ㅡ Sempre recusa meus pedidos. Mas dessa vez vou insistir até que aceite. Seu nariz está vermelho por conta do frio terrível que está fazendo. Não vou te deixar andar sozinha, à noite e morrendo de frio pelas ruas. Entra aqui, por favor. ㅡBufei irritada e o vi sorrir quando atravessei o carro e me joguei no banco do passageiro.

ㅡ Está bom para você? ㅡPerguntei emburrada, olhando para frente.

ㅡ Ótimo. ㅡO moreno pegou minha mochila e colocou no banco de trás, arrancando com o carro.
Ele mexeu no aquecedor e mesmo que eu tenha relaxado um pouco, ainda estava com muito frio.
Cole tocou meu antebraço, o que me fez sobressaltar com um susto. Foi como se uma eletricidade percorresse meu corpo. Me encolhi no banco. ㅡ Calma. Só quero ver se ainda está com frio. E pelo visto... puta merda, não tem medo de pegar uma hipotermia, não? ㅡFalou, tirando sua jaqueta e colocando sobre meus ombros, aproveitando o sinal o vermelho.

ㅡ Não precisa. ㅡSussurrei.

ㅡ Claro que precisa. ㅡMesmo não querendo aceitar, sua jaqueta cheirava tão bem e estava tão quentinha que me embrulhei feito um bebê nela.
Dei à ele as instruções onde fica minha casa e quando o sinal abriu, ele foi indo pelo caminho certo sem precisar que eu o guiasse.
Em menos de oito minutos, estávamos lá.

Suspirei e então me virei para ele, que estava pegando minha bolsa.
Depois que me entregou, sorriu para mim e eu retribui sem graça.

ㅡ Obrigada pela carona. ㅡAgradeci baixinho, esfregando meu nariz.

ㅡ Tudo bem. Não foi nada. E parece que alguém vai pegar um resfriado... imagina se eu não tivesse aparecido? Use casacos, Lili. ㅡPediu, pegando uma mecha do meu cabelo e passando por trás da minha orelha. Paralisada e com a respiração entrecortada, eu engoli em seco. ㅡ Seu cabelo é lindo. E você mais ainda quando está com ele solto. ㅡElogiou, fazendo finalmente eu sentir alguma quentura em meu corpo. Com mais intensidade em minhas bochechas. Ele riu baixinho. ㅡ Acho que fiz seu corpo voltar a temperatura normal.

Não evitei o sorriso. Ele é engraçado.

Cole veio se aproximando devagar, tão perto que podia sentir algumas das minhas respirações serem roubadas por ele.
Quando seus lábios roçaram os meus, eu acordei para a vida. Desviei do seu rosto e o abracei com cuidado.

ㅡ Obrigada mais uma vez. Tenho que ir agora. ㅡAbri a porta do carro e sem esperar por uma resposta, entrei em disparada na minha casa.
Apoiei minhas costas na porta e só consegui respirar normalmente quando escutei o motor do seu carro, indicando que ele já havia ido embora.

ㅡ O que aconteceu? Você está mais vermelha que um pimentão, menina. ㅡVóvó apareceu na sala, misturando algo em uma tigela.

ㅡ Nada, vó. Vou subir para tomar banho e já desço para ajudar a senhora a preparar o jantar, ok? ㅡAvisei, já subindo as escadas.

ㅡ Certo, criança. ㅡMurmurou desconfiada.

Tranquei a porta do meu quarto e suspirei, tocando meus lábios.
Eu queria beijar ele. E me sinto mal por isso.

Quando comecei a me despir, tomei consciência de que ainda estou com sua jaqueta. Inspirei fundo e senti o seu cheiro delicioso.
Depois de um tempo inebriada, eu a pendurei na minha poltrona e fui tomar o meu banho.

Merda, Camila. Por que você tinha que ser apaixonada logo por ele?

...

Lose Or Win? - Sprousehart (SHORT FIC)Onde histórias criam vida. Descubra agora