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Eu, que nunca chorei, agora me desfaço em pesar, que o

inverno deve, então, interromper nossa primavera.

— Henrique VI, parte 3

Se não estivesse tão confusa, a volta para a mansão teria sido

divertida. Adam conduziu a motoneve azul com calma e convicção,

atravessando os bancos de neve com facilidade. Ele prendeu um

reboque para a bagagem, com os quatro empoleirados nos assentos

e um cobertor ao redor das pernas para tentar amenizar o frio. Era

quase como estar em um barco. A sensação de deslizar suavemente

era muito parecida com a lancha da sua amiga em Venice Beach.

No entanto, o vento frio que atingia seus rostos não os deixava ter

dúvida de que estavam no meio de uma montanha no inverno, a

neve se levantando na frente deles como se fosse uma onda se

separando na frente de um barco.

— Então, sobre a Starbucks. — Drake teve que gritar acima do

barulho do motor e do vento para ser ouvido.

— Que Starbucks? — Kitty respondeu. — O mais próximo que

você vai chegar de um mochaccino venti é o coador da Annie, e isso

se você conseguir falar com ela.

— Quem é Annie? É a barista? — Ele torceu o nariz, como se

algo estivesse realmente cheirando mal.

Ela tentou abafar a risada.

— Não, Annie é a governanta. Nós estamos no meio do nada.

Não existem cafés ou restaurantes por aqui. Parece que tem uma

loja e um bar caindo aos pedaços e só. — Ela lançou um olhar para

as costas de Adam, lembrando suas duras palavras quando a

encontrara junto ao cervo moribundo na estrada. Não havia

negócios em Cutler's Gap.

Tinha sido mesmo uma hora antes que ele a segurara nos

braços, proporcionando a experiência mais sensual da sua vida?

Durante todo o tempo em que ele preparou a motoneve e carregou

tudo, Adam continuou a evitar seu olhar. Agora ela estava mais

confusa do que nunca. O homem era tão instável que ela não sabia

se deveria queimar ou congelar. Toda vez que olhava para ele,

sentia um frio na barriga. Isso não poderia ser bom, né?

— Bar? — Drake perguntou. — É um daqueles típicos bares de

montanha, com velhos barbudos e uma mesa de bilhar no canto?

Ele se virou para Everett.

— Vamos checar. Seria perfeito para a cena de despedida...

— Drake. — O tom da voz de Everett o cortou antes que ele

pudesse terminar. — Nós conversamos sobre trabalho mais tarde,

ok?

— Ah, claro. Você joga bilhar, Everett? — O resto da ida para a

Um Amor de Inverno - As Irmãs Shakespeare Vol 02Onde histórias criam vida. Descubra agora