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O tolo pensa que é sábio, mas o sábio sabe que é um tolo.

— Do jeito que você gosta

— Bem, acho nem devo perguntar se você teve um bom Natal, não

é? — Martin lhe deu um olhar irônico.

O sorriso de Adam morreu em seus lábios antes mesmo de se

formar. Mesmo depois de dois dias, era impossível encontrar algo

engraçado nisso.

— Sim. Não se preocupe.

Martin o encarou, uma expressão tensa se formando no rosto.

— Estou feliz que você tenha me ligado.

— Eu não tinha certeza de que você atenderia — Adam

respondeu. Não se incomodou em dizer a Martin que ele havia

sido sua última esperança. Dois dias andando, correndo e tentando

não acabar com a cabana foram um testemunho disso. Mas essa

não foi a pior parte. Era a dor no peito que se recusava a ir embora.

O desespero que ele sentia cada vez que cheirava seu perfume. O

jeito como continuava olhando para a casa principal sempre que

passava por lá, de alguma forma esperando que ela o visse.

E ainda não tendo coragem de entrar para vê-la.

— E o seu irmão está insistindo com as acusações desta vez? —

Martin perguntou, se referindo à briga de Adam e Everett. Ele não

pareceu mais satisfeito quando Adam havia descrito seu confronto.

Não que sua reação fosse surpreendente. Eles estavam trabalhando

para controlar a raiva de Adam havia meses, e, na primeira vez em

que ele fora confrontado, voltou a brigar.

— Não tanto, pelo que eu sei. A polícia não apareceu.

— Então é isso? — Martin perguntou. — Tudo acabou e as

coisas voltaram ao normal?

— Acho que sim. — O estômago de Adam se comprimiu. Se

isso era o normal, ele odiava. Odiava o silêncio da cabana. A forma

como tudo parecia tão vazio. Ele se sentia o tempo todo de lado

sem ela.

Jesus Cristo, ele estava com muita saudade de Kitty. E não

parecia estar melhorando.

— Por que você ainda não voltou para a casa?

A boca de Adam tinha sabor de arrependimento.

— Eu não consigo encará-los — falou. — Arruinei tudo. Acabei

com o Natal. — Ele não pôde deixar de pensar na expressão de

Jonas, as lágrimas da mãe, como o pai dele ficou desapontado. —

Eles não me querem lá.

— Como você sabe?

— Porque não vieram me ver. — Adam começou a puxar um fio

solto no braço da cadeira.

— Talvez eles estejam te dando um pouco de espaço. Foi você

Um Amor de Inverno - As Irmãs Shakespeare Vol 02Onde histórias criam vida. Descubra agora