Capítulo 1

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O nome dela é Tereza Ortega e em sua mão esquerda há um diamante um pouco menor do que uma bola de golfe e tão grande quanto pode pagar a conta bancária de um astro do rock milionário.

Um anel de noivado.

Se Dominic Wilde não estivesse sóbrio nos últimos quatro meses, Nash diria que essa foi uma daquelas coisas malucas que celebridades entediadas fazem para passar o tempo.

Mas não, o baterista havia acabado de sair da reabilitação e estava limpo.

Aquilo era sério.

Dominic Wilde. Noivo. Puta merda.

E as novidades não pararam por aí.

— Você está me expulsando do apartamento?

— Não, Elijah, o Dom está apenas pedindo, educadamente, que você lhe conceda um tempo para que ele possa se reestabilizar no apartamento dele. — A tal Tereza falou, mas mesmo com seu delicioso timbre de apresentadora de programa de auditório, as coisas não soaram mais agradáveis aos ouvidos de Nash.

Tereza Ortega. Não era difícil entender porque o baterista estava caidinho por ela: lábios carnudos, traços do rosto de uma candidata a miss e curvas voluptuosas que, por respeito ao amigo, Elijah Nash fez um grande esforço para não dedicar mais que cinco segundos de contato visual.

— Então de repente eu virei a má influência e causador de todos os problemas do Dom e preciso ser enxotado como um cachorro velho. Por quê? Se fui um dos que mais deu força para o cara se internar. — Disse Elijah.

A mulher deu um olhar significativo para as garrafas de Jack Daniels vazias em cima do balcão da cozinha. As pobrezinhas devem ter ficado envergonhadas. Tereza deduziu que, de tão bêbado que Nash estava, o guitarrista provavelmente acabara com metade delas sozinho antes da festa começar.

— Digamos que é porque seu "estilo de vida" não combina com o momento atual do Dom.

— Eu só preciso esfriar a cabeça, Nash. — Dominic apertou os dedos numa das almofadas, ele quase não abriu a boca desde que chegara ali. Ao que parece, Tereza virara sua porta voz. Ou então deixa o parceiro falar pelo outro era só um sintoma idiota que a paixão faz com as pessoas. — E você sabe tanto quanto eu, que... a Tereza tem razão.

Sim, ele sabia. Domic Wilde nunca esteve tão bem desde... Desde sempre. Antes de se enfiar na reabilitação, o rapaz tinha olheiras fundas, perdera uns bons quilos e desmaiava nos locais mais inconvenientes: festas, elevadores, em cima do palco. Num breve resumo: qualquer superfície plana.

Era mesma necessária uma intervenção profissional.

E agora, olhem só para ele: o homem poderia ser o próximo embaixador da Men's health.

Tereza Ortega operou um milagre ali.

— É. Mas isso não significa que precise se casar com a mulher. Se você gosta dela, Dom, tranquem-se num quarto durante alguns dias e coloquem uma placa de "não pertube" até que isso passe.

A expressão um tanto quanto serena, um tanto quanto envergonhada, no rosto de Dominic mudou para raiva pura.

— Elijah.

— Aliás, tenho quase certeza de que é antiético. Terapeuta e paciente se envolvendo na clínica de reabilitação. Não tem um nome para isso? Síndrome de Estocolmo ou algo assim.

Tereza alternava olhares entre a bagunça deixada pelos convidados que saíram às pressas, o mobiliário do apartamento para o qual sua mente já arquitetava várias ideias novas de decoração, e, claro, para Elijah: a pecinha mais inconveniente entre ela e Dominic, no momento.

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