Consequências

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Lauren POV
Acordei com uma puta claridade em meus olhos, olhei meu braço direito, que estava com agulhas e cânulas enfiadas. Ok, eu estou num hospital e eu simplesmente odeio isso! Olhei ao redor e vi Camila dormindo toda desajeitada num pequeno sofá, tentei me levantar mas senti dor, o que me fez grunhir e acordá-la.

– Lauren, oi. Você está se sentindo bem? Vou chamar um médico. - disse a morena se aprontando para sair da sala.
– Não, Camz, fica! - pedi suplicante. – O que eu tô fazendo aqui?
– Você e Nate sofreram um acidente ontem, não se lembra?

Enquanto eu olhava para ela, me lembrando da noite passada, a primeira coisa que me veio à mente foi balançar minhas pernas. Ufa! Posso andar. Aparentemente, eu estou bem, então o que ainda faço aqui?

– Quando vou poder sair daqui? Não há lugar que eu deteste menos do que a escola e hospitais. Nate, como ele está?
– Você e Nate serão liberados hoje mesmo. Eu vim aqui para ficar no lugar de Vero, ela precisava tomar café. Mas acabei dormindo de novo. - disse ela sem jeito.
– Tudo bem. Por que está vestida assim, Cabello? - eu fiquei curiosa, a morena estava usando um casaco marrom por cima de um uniforme tipo vestido com a logo do Poppis.
– Ah, isso. - disse ela enquanto se olhava – Bem, eu estava trabalhando quando vocês decidiram me visitar, quebrando toda a fachada da lanchonete. - brincou.
– Eu pensei que fosse morrer, sério. Você dormiu aqui?

Ela apenas assentiu. Eu fiquei surpresa, tenho certeza que ela estava com raiva de mim depois de ontem de manhã, e mesmo assim ficou aqui.

– Lauren, os seus pais, nós não conseguimos contato, eles devem estar preocupados, você dormiu aqui e...
– Não precisa, Camila, eles não se importam. Meus pais não desgrudam do celular, se não vieram é porque não quiseram. Isso já aconteceu antes, não se preocupe.

A morena apenas assentiu de novo e avisou que chamaria Vero e o médico, me deixando ali sozinha com os meus pensamentos. Por mais que eu não demonstrasse, a negligência de meus pais me corroía por dentro. Eu já fiz de tudo para chamar a atenção deles, mas não recebo nada além de ameaças e frieza. Sinto falta de minha infância, quando tudo era calmo e alegre.

– Papa, não me molhe!
– É melhor correr, mosquitinha, eu vou te molhar. - disse meu pai com a mangueira na mão.

– Parabéns, meu amor! A mamãe está muito orgulhosa de você.
– Mais uma medalha, você é a melhor nadadora de LA.
– Eu amo vocês! - eu disse abraçando-os

Eu não sei quando aconteceu, mas meus pais mudaram completamente. Quanto mais rico, mais enfurnado na empresa meu pai ficava, não se importando mais em ver filmes comigo ou sequer perguntar como foi o meu dia. Minha mãe, nem se fale, se tornara uma espécie de socialite, só o dinheiro, os coquetéis com as cocotinhas de LA importavam. E eu, eu tinha apenas Maria, a empregada.

– Bom dia, Jauregui! Sou o doutor Sheppard e venho lhe dar as informações sobre o seu prontuário. Você teve uma leve concussão na cabeça, mas de acordo com os raios X, está tudo bem! Você tomará o café da manhã e hoje mesmo será liberada. Preciso que tome 3 analgésicos durante dois dias e se sentir alguma dor ou tontura, não hesite em retornar ao hospital, certo?
– Tudo bem, doutor, e Nate?
– Nate quebrou o braço, mas também será liberado hoje mesmo. E mais... ambos terão de se apresentar à delegacia, vocês estavam com teor alcoólico no sangue e substâncias entorpecentes.

Era só o que me faltava. Droga! Olhei para Camila e Verônica em minha frente e pedi um pouco de água. Vero logo trouxe o copo.

– Você e Nate...Acho que já deu, não? - disse Vero preocupada.
– Acidentes acontecem, Vero.
– Não é a primeira vez, Laur. Vocês vão acabar morrendo. Quando se juntam, não dá certo!
– Não banque a puritana comigo, Verônica, me poupe disso, ok. Só quero sair daqui logo.

Olhei para Camila que nos observava com os braços cruzados. Ela também me julgava com os olhos, mas parecia preocupada. Vero logo me contou que Mani também esteve aqui, mas que não pôde ficar, recontou todo o desespero que elas sentiram, o que me fez rir, e me avisou que já havia buscado minhas roupas para eu ir embora.

– Já sabe o que vai falar na delegacia? Sabe que seu nome é bem conhecido por lá, né? - disse Verônica, enquanto eu me vestia.
– Vou levar o advogado da família, simples. Ele que lute e dê as explicações por mim, é pago pra isso.
– O bom da riqueza! - disse ela, por fim, rindo.

No caminho de casa, Verônica batucava os dedos no volante ao ouvir uma música qualquer da rádio, eu estava no banco de trás e Camila no carona, olhando a estrada. Ela estava quieta desde quando acordei, confesso estar curiosa.

– Pode virar aqui, Vero, minha casa é logo ali. - disse a morena apontando para a rua dela.
– Vejo que já pintaram a obra de arte da Jauregui, Camilinha. - Verônica riu ao olhar a casa de Camila, agora pintada de branco novamente.
– Sempre há alguém que conserte as merdas dos riquinhos, não é mesmo? - disse ela ironicamente. Ok, doeu, mas nem transpareci. – Bem, vou indo. Obrigada, Verônica. E, Lauren, me dê notícias, ok? O que precisar, me ligue. Tchau!

Nos despedimos e eu a olhei entrar em casa, ainda sem acreditar que a morena tenha ficado no hospital a noite toda por mim. Logo eu, uma babaca! Durante o caminho, Vero me contou que Camila ficara desesperada, chorando muito por minha causa, e que foi ela quem avisou à ambulância e às meninas. Aquilo, de certa forma, aqueceu meu coração. Uma estranha se preocupa mais comigo do que minha família.

– Vero... - eu a olhei do jeito que ela já sabia.
– Ok, Laur, vamos para a minha casa. Minha mãe fará uma sopinha pra você melhorar. - ela disse debochando, mas entendia que eu precisava de uma amiga agora, e não de minha casa vazia.

Namorada de Aluguel Onde histórias criam vida. Descubra agora