Jimin esperava que ao entrar no castelo o som de seus passos seriam abafados por uma espessa camada de poeira condizente à um lugar supostamente abandonado como aquele, porém, ficou surpreso ao pisar em um chão impecavelmente limpo e lustroso — apesar de gasto —, assim como tudo ali.
Pairava no ar uma sensação mórbida, como se ele fosse o primeiro resquício de vida ali, como se algo vivo jamais tivesse tocado aquele chão, como se a luz nunca tivesse banhado aquelas paredes, como se a inércia fosse tudo o que sempre existira.
O ar era completamente parado e denso e fazia muito frio para uma tarde de outono. Não era um frio normal. Era uma calidez soturna que fazia seus ossos doerem e ao olhar pelo vitral vermelho que se estendia pela alta parede de pedra, notou que a luz do dia não alcançava o ambiente interior.
Havia apenas penumbra e a escassa luz avermelhada era apenas o bastante para criar sombras que bruxuleavam pelas escadarias, serpenteando em formas fantasmagóricas.
Jimin sorriu, o coração batendo forte. Ele nunca se cansava daquela sensação.
Tirou a câmera de dentro da mochila e procurou o melhor ângulo para dar início ao vídeo. Era o cenário perfeito! Já podia imaginar aquele caso viralizando na Internet.— Consegui entrar — disse, sua voz soando alta demais em meio ao silêncio tão profundo que chegava a pressionar seus ouvidos. — Não é… Incrível? Eu moraria aqui, facilmente. Agora vamos achar esse monstrinho levado…
Ele andou pelo salão, os passos ecoando sobre o mármore negro enquanto guiava a câmera à todas as direções em que seus olhos captavam algo interessante.
Apesar da degradação dos móveis e do aspecto solitário e sombrio, Jimin achou que poderia muito bem ter sido o castelo luxuoso de algum lorde há muito tempo atrás, talvez na Era Vitoriana.
Sorriu ao imaginar como devia ser aquele lugar em seus dias de ouro, com música tocando, pessoas em seus trajes finos, dança, claridade, bailes elegantes, cortejos, risos e conversas…
Quem podia imaginar que se tornaria um lugar invisível, detentor de algo tido como maligno, do qual todos queriam distância?
Mas para Park não era assim. Ele tinha certeza que gostaria muito menos da versão antiga do castelo. Preferia a sua imagem atual, as marcas do tempo, o peso das memórias e segredos, o breu que encobria qualquer vestígio de que alguém além dele já pisara ali.
Parou quando avistou no topo da escada dois pontinhos vermelhos cintilando na escuridão. Dois olhos o observando, pairando no canto menos iluminado do local, envolto pelas trevas.
Jimin mirou a câmera precisamente naquele lugar e suspirou desapontado quando não viu na tela o mesmo que seus olhos podiam ver.
Claro, seres sobrenaturais não apareciam em aparelhos eletrônicos, ele sabia disso, mas ainda assim não podia evitar ter esperanças e arriscar uma tentativa falha todas as vezes que uma oportunidade aparecia.
Jimin notou que ele se movia lentamente para mais perto e percebeu aos poucos uma silhueta se formando à medida que se aproximava da luz.
Ouviu um rosnado baixinho e se preparou para um ataque, um rugido, qualquer coisa que supostamente deveria lhe amedrontar.E então…
— Au au…
Jimin piscou, atônito, bagunçando com os dedos os cabelos esbranquiçados como sempre fazia quando estava confuso.
— Isso… — ele parou, confuso — Foi um latido? — não um qualquer. Era fino e fofo, como o de um filhote ou de um cão de pequeno porte.
Um silêncio constrangedor se seguiu e a criatura pigarreou.
— Bom — disse num tom baixo e rouco, como se não falasse há séculos e precisasse se habituar à essa ação. — Faz muito tempo que não faço isso… — admitiu, parecendo envergonhado.
— Claro, amiguinho — Jimin consolou, segurando o riso. — Vá no seu tempo. Meu rugido também não é dos melhores, quer ver?
A criatura não respondeu, então o rapaz de cabelos brancos fez um som estranho que mais parecia uma galinha engasgada do que algo minimamente ameaçador.
— Viu? — ele riu. — Não é dos melhores… Você quer, hm… Tentar de novo?
— Bom — o ser hesitou. — Pode… Pode ser.
Ele se preparou; Jimin não podia vê-lo, mas pôde ouvir quando tomou fôlego e então um som alto e forte estremeceu as paredes do castelo.
Park se equilibrou diante daquela força esmagadora e esperou com calma que acabasse, sem sequer piscar. Quando o ser finalizou seu rugido vigoroso, ele sorriu grande e bateu palmas de maneira calorosa.
— Muito bem! Você foi ótimo! — elogiou.
— Acha mesmo? — a voz soava tímida. — Sentiste medo?
— Olha, eu até teria sentido se eu não tivesse isso aqui — enfiou as mãos nos bolsos, procurando por algo. — Droga, onde é que estava mesmo? Ah, achei!
Tirou uma réstia de alho do bolso externo da mochila, estendendo ela no ar para que o monstro a visse.
— E para quê isso supostamente serviria?
— Pra te domar… Você é um vampiro, não é?
O ser permaneceu em silêncio. Ele sentiu uma sensação estranha que não sentia há muito tempo. Algo que formigava, subindo pelo seu tronco, passando pela garganta e escapando pela boca no som de um riso tão suave e desajeitado quanto breve.
— O quê? Vai me dizer que alho não te machuca? — Jimin perguntou, desapontado.
Era raro que estivesse equivocado sobre algo, porém nunca havia encontrado com um vampiro. Eram extremamente raros, bem mais do que as histórias de terror costumam mencionar.
— Detesto, particularmente. Porém não me fere — respondeu a criatura.
— Mas eu não queria te ferir.
O vampiro estreitou os olhos, olhando Jimin de cima a baixo, analisando.
— Como entrou? E o quê busca em meus domínios, mortal?
— Você. Eu vim te salvar — disse com a simplicidade de quem diz a coisa mais banal e cotidiana.
Jungkook sentiu novamente aquele formigamento engraçado, mas acompanhado de um certo desconforto dessa vez.
Não sabia identificar ao certo do que se tratava, pois há muito tempo não sentia coisa alguma.
— Você deve se salvar de mim. Lhe darei até meia noite para estar longe daqui… Caso contrário, o caçarei e me alimentarei de cada gota de seu sangue puro e ingênuo.
O vampiro se afastou até mesclar-se totalmente às sombras das quais emergira e então desaparecer sem deixar rastros.
Jimin permaneceu ali tranquilamente, filmando o local no qual se sentia perfeitamente confortável e contando o quanto aquele seu novo amigo era… Fofo e adorável!
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Queria dizer que estou triste por seguir sem idéias pra hashtag da história kkkkkk não é como se ela tivesse muitos leitores, mas seria bom interagir com as poucas pessoas que lêem 🥰Muito cedo pra perguntar se estão gostando e o que acharam?
E ESCUTEM a playlist, sério, estão muito boas e tem tudo a ver com a história! É muito gostosinho ler ela enquanto escuta 🥳
Muito obrigada a todos que estão lendo, comentando e votando, sei que amaranthine ainda é um bebê pequenininho, mas cada votinho aqui significa DEMAIS pra mim!
Até o próximo, amorzinho ❤❤❤
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amaranthine ★ jikook
FanfictionReza a lenda que na Colina da Morte, há muitos anos, bruxas se uniram para selar um monstro que ameaçava a paz. Ele era tão perigoso que sua prisão foi escondida e jamais encontrada por ninguém, nem mesmo pelo próprio Rei do Inferno. Muitos anos se...