Capítulo dois: Interesse

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ISAAC SANTISTA NOVAIS

— Acordado às dez de um sábado? E ainda voltou pra casa?

Aline é a primeira a me ver entrar na cozinha, também é a primeira a abordar um assunto comigo. Tito desvia o olhar da televisão e me olha por um momento antes de voltar a olhar para a televisão.

— Voltei cedo ontem.

Não tive pique algum para ficar até o final do evento, mulherada tava muito em cima e eu ainda não tirei aquela loirinha da cabeça. Mulher nem olhou na minha cara no tempo que estive no bar do Jorge, não rendeu um único minuto e isso feriu meu ego pra caralho, voltei pra casa por volta das três e pouquinho convencido que até ter aquela mulher eu não iria sentir vontade de ficar com qualquer outra, me conheço o suficiente pra saber que sou enjoado a esse ponto.

— Mamãe gosta assim, odeio quando vira a noite fora, não te criei assim meu filho.

— Mas eu criei, deve ter dado erro daí. — Tito provoca e recebe um tapão da Aline.

Dou risada e me junto a mesa com eles.

— Como anda o curso bebê? — Aline pergunta, nem acho ruim o apelido até porque se eu reclamar ela reclama mais ainda.

— Na mesma mãe, nada muda e a Clínica?

— Muito bem, vou investir em novos equipamentos em breve, só tô esperando sobrar uma grana.

— Já disse que posso te ajudar nisso. — Tito diz ao seu lado.

— E eu já disse obrigada mas não precisa.

Ouço passos na escada, viro a cabeça e vejo Gabriele descer toda arrumada e parecia apressada.

— Oi, oi! Bom dia, tô saindo. — Ela passa as pressas até a saída.

— Qual foi Gabrielle, preciso falar contigo! — chamo sua atenção, ela nem tchum.

— Na volta!

— Vai sair sem comer, Gabrielle! — Aline berra da mesa — Vai passar mal na rua eu vou te deixar lá caída!

— Vou voltar logo mãe, tchau! — Ela pega a chave no chaveiro e desaparece logo em seguida, não duvido nada que tá correndo desse jeito pra ir arrumar o preju que ela deu com o colar da Aline.

Vinte mil reais véi, quase o preço da minha moto, não pagaria tanto em um acessório mas não posso negar que o dinheiro não faz falta pra Aline, se ela queria muito a Jóia comprou porquê podia.

Não fico muito tempo também, Aline reclama porquê nós nunca temos tempo quando ela está em casa e pra não a ouvir reclamar muito dou um abraço nela e beijo o seu rosto enrugado.

— Mais tarde eu volto, tenho que fazer uns corre ali.

— Pilota devagar! — Ela grita assim que eu me afasto, me despeço do meu coroa e pego o capacete antes de sair. Se fosse outro dia eu levaria a arma que tenho em meu nome, mas como tô indo acertar os meus boletos no banco é bom não atrair a atenção pra mim.

Não demoro pra cumprir meus compromissos da manhã, fora o pagamento da moto que ainda não é quitada, paguei a fatura do cartão de crédito antes que eu sumisse com o dinheiro. Diferente da Gabrielle não curto pegar a grana dos meus coroa faz um tempo, gosto de ser independente financeiramente mesmo morando na casa deles, da mesma forma que minha mãe gosta de ter o seu dinheiro mesmo com o Tito dizendo que ela não precisa trabalhar. Se fosse outro ficaria na mordomia gastando a grana dos dois sem problemas algum, mas isso é uma parada que não combina comigo. Faço meu curso que consegui através de uma bolsa e trampo na Clínica e nos finais de semana pra te uma grana extra.

Doce amor | NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora