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 Amber continuou internada por mais uma semana depois do que lhe tinha sucedido.

A rapariga estava mais em baixo que nunca. Não era capaz de reagir e era importante que o fizesse, apenas precisava de um empurrão que a fizesse mudar a opinião que, inconscientemente tinha sobre a sua doença. Amber precisava de a aceitar.

Depois de ter voltado a casa ficou decidido que não voltaria à escola naquele ano lectivo, não valeria a pena e a rapariga não estava minimamente em condições para tal.

Ela continuou a frequentar as consultas com o psicólogo Harry. Nas consultas ela mal falava, por mais que Harry tentasse a rapariga não fazia qualquer esforço para melhorar.

Foi então que, em reunião com o pai de Amber e as médicas da sua patologia, devido à situação em que Amber estava a cair ficou decidido que lhe poderia fazer bem frequentar um grupo de apoio do hospital onde, todas as semanas se reuniam várias pessoas de diferentes idades e diferentes problemas e histórias de vida.

Amber não recusou, foi apenas imparcial, não deu qualquer opinião. No primeiro encontro de grupo Harry acompanhou a rapariga.

Na sala onde iria decorrer a reunião encontravam-se cerca de dez pessoas de diferentes idades. O ambiente era acolhedor, as pessoas encontravam-se sentadas em cadeiras fazendo um círculo e ao entrar de Amber e Harry na divisão, vários dirigiram sorrisos afáveis à rapariga, como que fazendo-a sentir bem-vinda. Harry e Amber ocuparam as cadeiras vazias que se encontravam a meio do círculo.

- Boa tarde a todos. – O silêncio foi quebrado por uma senhora de meia-idade, a líder do grupo. – Encontramo-nos aqui mais uma vez para partilhámos as nossas histórias e ajudarmo-nos mutuamente. Esta semana temos aqui uma nova menina. – Ela olhou na direcção de Amber e a rapariga limitou-se a olhar para o chão. – Mas vamos começar por dar-lhe o exemplo de algumas das vossas histórias para que se possa sentir mais à vontade e perceber que aqui não está sozinha. – Amber olhou na direcção da mulher e esta sorri-lhe amavelmente.

Várias pessoas contaram as suas histórias de vida, começando por se apresentarem e depois partilharem o problema que tinham e como viviam com ele e ultrapassaram alguns momentos mais difíceis. Todos naquele grupo possuíam cancros em diferentes sítios e, mesmo não falando, Amber sentia-se emocionada por certas histórias que ouvia, deixando escapar lágrimas.

A última pessoa a falar foi um rapaz jovem que parecia ser da idade de Amber, ele era alto, com o cabelo curto e preto e olhos de cor castanho de avelã.

- Olá eu sou o Tom, tenho 18 anos e nasci e vivo com o vírus VIH, Sida. – A atenção de Amber voltou-se de imediato para o rapaz que se encontrava de pé. – Eu nasci com este problema por causa da minha mãe que também tem este problema e aprendi a viver com ele acho eu. Sei que o meu problema comparado com o de todos vocês é mínimo mas estou aqui porque quero partilhar a minha história e como aprendi a aceitar o meu problema. Há uns anos atrás eu estive internado porque deixei de tomar a medicação que preciso de tomar todos os dias e estive em risco de vida por ter apanhado uma constipação que se tornou em algo mais grave devido às baixas defesas que tinha por falta de medicação. Acho que todos nós passamos por experiências que nos mudam a vida e aquela foi a minha. O facto de ter estado às portas de morte e ver toda a gente que me amava à minha volta a sofrer por um descuido estúpido da minha parte fez-me abrir os olhos, fez-me perceber que me estava a entregar ao vírus e, depois de ter ficado melhor e ter tido alta, aprendi a lidar com ele de uma forma como nunca antes tinha feito. É isso que quero que todos vocês, mesmo com problemas diferentes, percebam e aprendam, não podemos entregar-nos à nossa doença, temos de viver o máximo que conseguirmos e agirmos normalmente, porque é isso que todos nós somos, normais.

Amber olhava para o rapaz espantada com as revelações e viu-se no lugar dele, mas com a diferença que ela não estava a ser capaz de superar o desgosto que tinha tido.

Neste momento todos olhavam para Amber esperando que ela falasse. A rapariga olhou para Harry que lhe deu a mão num gesto de encorajamento e depois olhou em volta e em particular para o rapaz à sua frente que tinha acabado de falar.

- Eu sou a Amber, tenho 17 anos e nasci com o vírus do VIH. – Os olhos de Tom estavam agora postos em Amber. – Desde sempre pensei que aceitava o meu problema mas a verdade é que acho que nunca o fiz e não sei se sou capaz de o fazer. – Disse numa voz trémula. Ela não foi capaz de falar mais nada e começou a chorar.

N/A: Penúltimo capítulo!!! A seguir vem já o epílogo e será o fim definitivo da história!

Espero que tenham gostado, votem e comentem uma última vez!

AIDS // {h.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora