Raiva

313 51 47
                                    

P.O.V Dean

Estava a ponto de explodi, as minhas mãos seguravam com força o volante e o pé no acelerador apenas afundava mais. Sammy me olhava apreensivo, mas eu não liguei. Que se foda tudo. Tempo depois chegamos em casa, são e salvos. Esperei Sam descer e quando ele o fez, eu acelerei e parti dali.

- Dean! Dean! - Escutei os gritos de Sam, mas não parei.

O que menos queria era parar.

No primeiro bar que encontrei eu entrei, precisava extravasar. E encher a cara, era uma ótima maneira. Mal entrei e já pedi uma dose dupla do Whisky mais forte. O primeiro gole desceu queimando, assim como a raiva me queimava, me destruía e me fortalecia. Era a minha droga favorita.

Depois de horas, eu nem sabia mas onde eu estava, mas sabia pra onde deveria ir. Paguei a conta e entrei no carro, rumo ao meu destino crucial. Não demorou muito e eu já estava em frente a pequena igreja, minha vontade era de queimar tudo ali, acabar com aquele lugar e o que ele representa. Peguei um pedaço de madeira que tinha ali e me encaminhei até a primeira vidraça, onde uma pintura de anjos se destacava.

- Deus, espero que esteja vendo isso, odiaria que você perdesse o show. - Gritei e com um golpe acertei em cheio a vidraça, que se desmanchou em pedaços. Segui até a próxima e fiz o mesmo.

- Você não vai me parar, Deus?! Estou destruindo sua casa, eu estou destruindo você! - Gritava sem parar.

Em algum momento, eu já tinha perdido o controle, minhas mãos, braços e pés estavam cortados por causa do vidro, e eu chutava, quebrava e gritava a plenos pulmões.

- Dean, já chega. Você irá se machucar mais. - Uma voz que não era desconhecida, chegou aos meus ouvidos.

- Não, ele não salvou minha mãe... ele me tirou tudo. E eu vou tirar tudo dele. - Gritei.

- Dean, não vale a pena. Me escute, você vai se complicar. - Ele falou.

- Eu não me importo. Deus, porque?! Ela era minha mãe, eu te odeio. - Chorava.

De repente senti braços me envolvendo, e eu desabei a chorar.

- Dean você precisa se acalmar. - O homem falava.

Levantei o rosto e vi um par de olhos azuis angustiados, me fitando.

- Porque padre?! Porque?! - Soluçava.

- Eu não sei, mas Deus sempre sabe o que faz. Vem, vamos sair daqui. - Me chamou.

O acompanhei, e pude ver algumas pessoas me olhando e cochichando. Entramos numa casinha, que parecia ficar nos fundos da igreja, era bem simples mas aconchegante.

- Sente-se aí, eu vou pegar o kit de primeiros socorros. - Ele falou.

Sentei na cama e pude da uma olhada na pequena casa, ela só tinha dois cômodos, uma sala com um balcão que a dividia da cozinha e uma porta que devia ser o banheiro. E a cama se encontrava num canto, próximo a divisa da sala e cozinha. Logo o padre apareceu trazendo o kit e puxando uma cadeira, se sentou na minha frente.

- É melhor você tirar é... suas roupas, deve ter cortes espalhados por seu corpo. - Falou constrangido.

Eu assenti e comecei a tirar a camisa e depois a calça, ficando apenas de cueca.

- É... ok, tem muitos cortes, isso pode arder um pouco. - Falou.

- Eu aguento. - Disse por fim.

Então ele começou a limpar os cortes das minhas mãos e braços, passando em seguida para os meus pés e outros espalhados por meu corpo, que eu não lembro de como consegui todos aqueles cortes.

- Pronto, amanhã você já vai está bem melhor, não foram cortes fundos. - Falou.

- Eu não... Não entendo padre. - Exitei.

- O quê? - Perguntou.

- Eu acabei de destruir sua igreja e ao invés de me levar pra delegacia ou hospício, sei lá... você está cuidando de mim. Porque? - Perguntei.

- A igreja pode ser reconstruída novamente, mas a sua alma quebrada, pode demorar mais. - Respondeu.

- Eu não... - Tentei falar.

- Não Dean, você sabe que tenho razão. Mas eu também posso te garantir, que esse vazio, mágoa e rancor vão passar um dia. Eu tenho fé. - Falou.

- Mas eu não. - Respondi.

- Eu tenho por nós dois. - Decretou.

Apenas o olhei e assenti.

- Agora durma e descanse. - Ele falou.

- E você? - Perguntei.

- Eu me ajeito por aqui. - Falou.

Assenti e me deitei na cama, ele tinha realmente o dom pra isso, ser padre. E no fundo eu sabia, que eu ia o corromper.

My sin, my salvation - DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora