Bring me home

158 14 8
                                    

Wherever I go... You bring me home

Harry

O mundo parecia se mover de modo mais lento. As palavras que eram ditas pareciam distantes e seus significados sequer chegavam a mim, porque aquilo era irreal demais, para que pudesse ser verdade.

Meus olhos viajaram da mulher, alguns anos mais jovem que eu, para a que ocupava um lugar ao meu lado. Os olhos dela ainda eram os olhos de quando a conheci. Os mesmos olhos que me prenderam no show de Manchester e que desde então eram sempre os olhos que eu buscava, em todo o lugar que ia.

Como sempre havia sido, Summer era um poço de calma em meio às notícias inesperadas. E isso estava claro em cada parte dela que assentia tranquilamente enquanto a médica falava sem parar nem por um momento.

Minha primeira reação foi estender minha mão, até que ela tocasse a sua, e foi assim que tive sua atenção para mim então.

Ela me olhou, como sempre olhava, e sorriu então usando sua outra mão para espalmar a minha e deixar sobre ela, um carinho. Seus olhos não se demoraram em mim, retornaram a médica e então eu a acompanhei, me esforçando para dar atenção às palavras.

— Não temos muito como prever o tempo em que a doença pode evoluir. Podem ser anos ou semanas. Não é algo que podemos mapear. - a médica declarou.

— Existe algum tratamento que pode ser feito, para retardar o processo? - Sun perguntou e eu só conseguia pensar em como ela conseguia lidar tão facilmente com aquilo.

— Sim. Vou te passar alguns remédios, porém os sinais da perda de memória já estão surgindo. Não sei por quanto tempo pode ajudar. - minha esposa apenas assentiu.

— As crianças podem ter? - foi a preocupação seguinte.

— O gene do Alzheimer pode ser passado para os filhos. Podemos solicitar um exame que mapeia essas células e nos diz a pré disposição deles para a doença. - ela assentiu.

— Na verdade, seria apenas a Alice. Às vezes me esqueço que o Davi não é nosso filho de sangue. - ela riu fraco — Mas podem ficar despreocupados que nesse caso o esquecimento é só porque sou uma mãe apaixonada pelos meus filhos. - o tom animado e divertido fez a médica sorrir.

— Se quiser algum tempo para falar com eles, podemos marcar um exame para sua filha na próxima consulta. Apesar de não conseguirmos definir muita coisa, precisamos ficar em acompanhamento, tudo bem? - Summer assentiu.

— Sem problemas.

Mais alguns minutos de conversa, receitas de remédios e uma consulta marcada depois, nós deixamos o consultório. No grande hospital, Summer sorria para pessoas que sequer conhecia, enquanto segurava minha mão com firmeza.

Enquanto esperávamos o elevador eu a encarei. Ela apenas olhava para frente, parecendo pensar em algo.

Por deus, essa mulher era definitivamente como o sol. Sempre havia sido pra mim. Sempre havia sido capaz de iluminar qualquer momento e nem mesmo depois de ouvir de uma médica que poderia se esquecer de uma vida inteira, em breve, a luz dela se apagava.

Sem muito pensar eu apenas soltei sua mão e a puxei então por completo para os meus braços, a escondendo ali, como se desse modo pudesse a proteger de qualquer coisa. Ela se aconchegou a mim, sem qualquer resistência e como sempre fazia, inalou o meu cheiro.

— Eu te amo, mais que tudo. - sussurrei e pude ouvi-la suspirar.

— Está assustado, não é? - ela perguntou, mas eu sabia que ela já tinha certeza da resposta.

You will always be the one - Histórias antes do fim [ Harry Styles ]Onde histórias criam vida. Descubra agora