Yellow. [tradução pt]

um.

Foto de Raye a representar Iman anexada.

O Harry é especial. Sempre foi. Sempre será especial.

O adjetivo tornou-se o seu preferido quando se descrevia a outras pessoas porque dessa maneira eles podem não ter que fazer demasiadas perguntas e ele estaria safo de situações constrangedoras. Anne, a sua mãe e confidente, sempre suspeitou que algo fosse especial no seu único filho. Quando ela estava grávida, era perfeitamente normal até ele decidir escapar para o mundo dois meses antes do planeado. Tudo era frágil e especial desde o primeiro dia dele na incubadora. Ninguém se queixou ou suspeitou demasiado mas todos os olhos estavam colocados no rapaz de olhos claros. Claro, ele sofreu consequências de um parto complicado enquanto bebé e tinha uns ligeiros problemas nos membros, o que iria acabar por se tornar apenas num coxear impercetível na sua maneira de andar como um filhote de alce.

Sendo uma mãe cuidadosa e observadora, a Anne olhou para baixo para reparar em algo mais no seu filho a crescer e quando ele fez três anos, os seus medos foram lentamente confirmados; o Harry era certamente diferente. Diagnóstico precoce, sessões de terapia regulares, visitas ao hospital e amor familiar incondicional, tudo misturado permitiu-lhe crescer para um homem único com um coração demasiado bonito para o mundo. O Harry conseguiu viver uma boa vida até agora e ainda está a caminho para alcançar mais para ele mesmo, esperançosamente. Nem toda a gente tão especial como ele, é assim tão sortudo e, de alguma forma, ele compreende isso. Nem toda a gente especial tem uma "mamã" doce, um padrasto carinhoso, uma irmã engraçada, melhores amigos loucos e mais importante, uma filha bonita. A sua bonita filha, a quem ele ainda não se ligou completamente, tem um lugar enorme no seu coração. Não porque ela é a cópia de carbono da sua mãe, mas apenas porque sempre que ele se sente um pouco perdido no grande mundo, ela trá-lo de volta para encontrar a sua mente.

Folhas de outono são esmagadas debaixo dos seus sapatos castanhos e o som fá-lo sorrir um pouco para ele mesmo, enquanto ele anda constrangedoramente atrás da sua mãe para o relativamente grande edifício de tijolo vermelho. O ar límpido bate contra a pele visível pelas suas calças pretas rasgadas, e isso faz com que os pelos no seu corpo se ergam um pouco, antes de ele morder o seu lábio para se ajustar ao tempo. Uma das portas de vidro duplo é gentilmente empurrada e ele é pressionado para entrar no edifício quente pela sua mãe, que tem um pequeno sorriso na cara. Sem dizer nada, como esperado, ambos fizeram o seu caminho para dentro da biblioteca até o Harry parar abruptamente. Ele imediatamente plantou os seus pés no chão e baixou o seu olhar para os seus sapatos, grunhindo suavemente para si mesmo e apertando os seus dedos, com as suas sobrancelhas franzidas.

"Okay, essa é a minha deixa para ir embora...," a Anna suspira com um pequeno sorriso. "Quando acabares, chama alguém para te vir buscar ou manda mensagem, mas tenta ligar desta vez, por favor, amor."

Não há resposta enquanto ela observa a sua expressão em branco, como esperado.

"Está bem. Espero que tenhas uma boa tarde, eu adoro-te e vejo-te mais tarde, sabes que te posso ajudar a instalares-te e...," ela é interrompida por outro grunhido e imediatamente acenou em obediência.

O Harry quer ser independente. Aos vinte e quatro anos, ele está desesperado para ser independente e experienciar a vida por si próprio, não com alguém a segurar a sua mão como sempre.

"Vejo-te mais tarde, Harry," ela sorri e gentilmente sai da biblioteca.

O edifício é de longe mais quente do que lá fora e ele realmente gosta disso, cheira um pouco a baunilha e a páginas frescas. Tudo parece bem lido e bem olhado, mas ele não pode afirmar isso visto mal ter observado o ambiente. Ao contrário dos seus medos profundos, a biblioteca mal tem uma mão cheia de pessoas de momento e ele sabe disso porque toda a gente está provavelmente a ter aulas agora ou estão a trabalhar. Outra ótima razão para estar a participar nesta atividade extra-curricular e a manter-se ocupado.