Harmonias & Ruídos

nos bastidores

— Cheguei. – Avisei de maneira exageradamente animada. Como eu esperava apenas Bailey me olhou. Mary estava focada demais assistindo o show.

— Suas últimas palavras? - Avisou voltando seu olhar para o telefone. Acho que sequer percebeu Dave ao meu lado.

— Você não pode me matar com tantas testemunhas. - Acho que ela entendeu a dica, pois, rapidamente seu olhar caiu no garoto moreno. - Esse é Dave. E Dave essa é Bailey.

— O garoto do jornal... - Reconheceu rapidamente.

— Sim, aparentemente esse é o meu apelido pelos corredores. - Sorriu, mas a carranca de Bailey não deu nem um sinal de sumiço. - Parece que você realmente veio com as suas amigas. – Me encarou divertido.

— Não tenha tanta certeza de que ainda somos amigas. - Bailey implicou, mas eu sabia que ela não falava sério. – Achei que você odiasse a banda do meu irmão. O que faz aqui?

— Tenho que ter material para matérias novas. – Minha amiga ainda me encarava, provavelmente, já entendendo o motivo para que eu tivesse levado ele até lá.

— Bom, venha que vou te apresentar a amiga legal. – Sorri e ouvi Bailey resmungando atrás de mim enquanto eu caminhava em direção a mais perto do palco. – Mary, por favor, essa música é péssima. – Chamei sua atenção.

— Você só diz isso porque é sobre você... – Seja lá o que ela fosse concluir rapidamente desistiu ao ver Dave. – Ei, você não é...

— O menino do jornal? Sim, prazer Dave. – Ele não parecia chateado por ter sido reconhecido por todos daquela maneira. Sinceramente, nem tinha razão. Se ele quisesse seguir a carreira, aquele era um bom começo. – Mary, certo?

— Eu mesma, a única amiga que provavelmente não vai ser presa por assassinato antes dos 30. – Brincou e eu revirei os olhos mesmo ela estando cem por cento certa. Apesar de que eu não mataria ninguém, quem faria isso seria a Bailey, eu a ajudaria a esconder o corpo e Mary seria nossa advogada de defesa. – Achei que você não gostasse muito da banda. – Ela parecia confusa, mas sei que no fundo entendia o porquê de ele estar ali comigo.

— Ah, eu preciso estudar sobre quem eu escrevo, não é? Encontrei Lauren e ela me convidou. Não vi motivo para recusar. – O olhar de Mary em cima de mim era praticamente acusatório.

— Relaxa, Rosemary. Luke não vai se importar, afinal publicidade é sempre bom.

— Claro... – Ela não parecia muito confiável que aquele show não fosse terminar em mais uma de nossas brigas.

Mary resolveu ignorar qualquer comentário que ela tivesse pra fazer e voltou a curtir seu show e Bailey continuava focada no seu telefone. Se não fosse ela, eu quase poderia dizer que era um menino, mas se tinha alguém mais fechada do que eu nesses assuntos, essa pessoa era minha amiga. Eu a conhecia desde os 5 anos e "garotos" nunca foi um assunto entre nós duas. Isso só veio à tona quando conhecemos Mary e ela começou a se apaixonar por todos os meninos ao nosso redor a cada 15 dias.

Apesar disso, até mesmo eu já tinha gostado de algumas pessoas nesse tempo. No meu aniversário de quinze anos, eu era completamente apaixonada por James. Ele foi meu par na festa e dei meu primeiro beijo com ele. Não durou muito mesmo assim, quanto mais ele crescia mais idiota ficava. Na última vez que tive notícias, ele tinha sido pego praticamente transando com uma das animadoras no quartinho do zelador.

Dave não parecia ser aquele tipo de garoto. Algo que eu realmente gostava bastante. Ele parecia centrado enquanto falava sobre seu sonho de seguir na carreira de jornalista e como ter um bom jornal na escola o ajudaria nas cartas de recomendação no ano que vem. Passamos o resto das músicas conversando e, sinceramente, eu mal conseguia prestar atenção na voz de Luke. Em algum momento, Bailey resolveu desmanchar a cara fechada e entrou na conversa. Mary, por outro lado, seguia fazendo vídeos e aproveitando o show mais afastada.