Nem sempre o óbvio é o nosso destino, nem sempre a história vivida é realmente a nossa, nem sempre a nossa visão de felicidade é realmente a felicidade, nem sempre ter olhos nos faz enxergar
Minha mãe morreu quando eu nasci e desde então meu avô cuidava de mim, eu não conhecia meu pai, meu avô me disse que ele era um homem que precisava de Deus na sua vida, todas as noites eu ouvia meu avô ler para mim histórias da bíblia e como o céu era lindo e Deus era bom, tínhamos uma vida simples mais nunca passamos fome e nem deixei de ir para a escola, mais tudo mudou no dia em que meu avô teve um infarto e foi internado na u.t.i, uma moça me levou na casa de um homem e disse que ele era meu pai e que ficaria comigo até meu avô melhorar, desse dia em diante começou meu pesadelo, ele era mau e fazia coisas feias e erradas, me obrigava a roubar e a mentir para as pessoas, se eu não conseguisse dinheiro para ele beber e usar droga ele me batia muito e ameaçava ir até o hospital matar meu avô se eu contasse isso para alguém, eu tinha muito medo dele e um dia eu fugi
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Preferia morar na rua ao voltar para aquela casa de tormentos, passei a dormir em frente de bancos em praças onde tinham segurança, um dia eu estava sentada em um banco de praça com muita fome, já tinha três dias sem comer e um menino veio falar comigo, fiquei assustada e corri me escondendo por trás de uma arvore, ele sorriu e colocou algo encima do banco e saiu, me aproximei devagar e olhei em volta para ver se o via, depois olhei o que ele tinha deixado no banco, era um sanduiche muito gostoso, quase me engasguei de tão rápido que comi, depois desse dia, todos os dias ele trazia algo para eu comer, eu nunca tinha falado com ele, mais um dia eu olhei em volta e o vi de longe com outro menino, ele sorriu para mim e acenou, também sorri e acenei para ele, eu ia escondido no hospital para saber do meu avô e uma enfermeira era sempre muito boazinha comigo, eu tinha muito medo de encontrar com meu pai, por isso não demorava no hospital, meu avô ainda não tinha acordado mais estava bem melhor que antes, pela primeira vez na minha vida eu fui convidada para uma festa de aniversário, ganhei roupa nova e tudo, eu nem sabia que era o aniversário do meu amiguinho do parque, fiquei muito feliz quando o vi, a mãe dele era muito legal e ele também era, ficamos brincando e conversando e ele foi a primeira pessoa para quem contei o que meu pai fazia comigo e a situação do meu avô
Mateus: vamos falar com meu avô
Zoe: não, se meu pai souber ele.....
Mateus: eu duvido ele encarar o meu avô, ele é um cara durão sabia?
Zoe: é mesmo?
Mateus: é sim, mais também é uma pessoa muito legal, tenho certeza que ele vai te ajudar, você pode ficar morando na minha casa até seu avô sair do hospital
Zoe: sua mãe não vai querer
Mateus: minha mãe também é legal
Zoe: sua família é muito gente boa
Mateus: menos meu irmão, ele é um pouco difícil de lidar
Zoe: porque?
Mateus: é que ele nunca gosta de ninguém, mais minha mãe me disse que pessoas assim quando gostam fazem qualquer coisa pela outra, então, quando ele te conhecer com certeza vai ser seu amigo
Zoe: acho que já somos porque foi ele quem me convidou para o seu aniversário e ainda pediu para sua mãe me comprar roupas novas
Mateus: eu achei isso muito legal
Zoe: (sorri) eu também
Mateus: agora que somos amigos, me diz seu nome
Zoe: meu nome é Zoe e o seu?
Mateus: me chamo Mateus
Zoe: obrigada por me deixar ficar na sua festa
Mateus: obrigado por vir a minha festa
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Sua mãe o chamou para receber outros presentes e eu fiquei olhando o resto da festa quando seu irmão me chamou para brincar no gelo, disse a ele que não sabia patinar mais ele me disse que iria me ensinar, até ali ele era muito legal mais quando entramos na pista, ele começou a me ofender e me ameaçar até me expulsar da sua casa, tive muito medo porque era justamente isso que meu pai fazia comigo, sai correndo com meu joelho machucado e acabei sendo encontrada por meu pai na esquina
Joel: te achei sua miserável fujona
Fiquei paralisada só de ouvir a sua voz e quando me virei o olhei para ele senti pavor, ele estava com cara de louco e seus olhos estavam arregalados, a primeira coisa que veio na minha mente foi: ele vai me matar
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