ATENÇÃO!
Este capítulo contém descrições de insinuação de sexo e práticas de sadismo e masoquismo. Se você se sente desconfortável com esse tipo de conteúdo, NÃO leia.
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LUST RABBIT
"Por que há duas sombras embaixo de uma só luz?" — era o que eu pensava enquanto eu e Seulgi caminhávamos por entre as curtas ruas do Museu do Neon.
Não havia muitas pessoas naquele horário, o que contribuía para que o ar ficasse ainda mais tenso. Pelo canto do olho, eu conseguia enxergar os dois homens de terno, caminhando a apenas alguns passos atrás de nós, atentos caso algo nos colocasse em perigo. A cada passo que dávamos, uma sensação estranha crescia em meu estômago, algo desconhecido, avassalador.
Medo? Oh, não, Bae Irene não sente medo. Nunca.
Mas Seulgi estava nervosa, eu conseguia sentir. Era como se nervosismo e raiva fossem exalados por todos os seus poros, por cada microscópica parte de seu corpo, como um animal preso em uma jaula, pensando a todo momento em como escapar. E por mais que tentasse mascarar com uma feição séria e passos firmes, no fundo, ela sabia que eu podia lê-la como ninguém.
Milhares de letreiros antigos exibiam suas luzes e desenhos chamativos, iluminando as ruelas de concreto. O céu de Las Vegas raramente tinha estrelas, mas quando olhei para cima e enxerguei aquele tom alaranjado escuro de poluição, desejei ver pelo menos uma. Talvez uma estrela fosse o suficiente para me acalmar. Ou uma taça de vinho. Ou até mesmo uma rodada de sexo. Eu só queria terminar aquilo o mais rápido possível.
Situações em que eu não tinha o controle parcial ou total me irritavam. Não gostava de depender de ninguém para absolutamente nada. Claro, existiam algumas exceções, como a administração do meu cassino, ou o meu próprio prazer — apesar desse ser saciado também por conta própria —, mas na maioria das vezes, valia mais a pena estar sozinha. Foi desse jeito que conquistei tudo o que possuo, e era um método eficaz demais para ser deixado de lado, não acham?
O que quero que você entenda, querido leitor, é que todos nós queremos poder, de diversos modos diferentes. Todos nascemos com essa sede insaciável, esse desejo que nunca consegue ser suprido, é a natureza humana, é impossível escapar. E, quando nos forçam a abandonar essa sede, entramos em colapso, fazemos coisas irracionais, nos deixamos ser controlados pelos instintos animalescos dessa ânsia dolorosa. É assim que funciona a corrupção, por exemplo. Simplesmente pessoas que não estavam pensando com coerência, cegos pelo próprio desejo.
De certo modo, eu compreendia aquele alguém que roubou todo o nosso dinheiro, foi um simples ato de desejar ter ainda mais poder sobre algo. Mas o que me deixava raivosa era o fato desse mesmo alguém usar isso para forçar a deixar a minha própria sede de lado, para que eu perdesse o controle e fizesse algo irracional. Era como se estivessem me observando, esperando pacientemente para que eu abrisse uma pequena brecha no muro do meu império inalcançável, e então, atacassem.
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Poker face ™
FanfictionNa balança da consciência, o que pesa mais: amor ou dinheiro? Em um jogo perigoso como este, a última coisa com que pode se contar é a sorte. Façam suas apostas, a temporada está aberta.