Caminhos Cruzados

Capítulo 26

Olívia

Cinco anos Depois

"Amor." Ofego.

"Bom dia, preta." Sorri saindo do meio de minhas pernas.

"Você pode me acordar todos os dias assim." Ele ri e me beija.

Quando começamos a nos animar batidas soam atrás da porta que logo é aberta. "Bom dia mamãe e papai!" Enzo entra animado acompanhado de seu irmão que aparentemente foi acordado pela cara.

"Bom dia meninos."

Miguel sobe na cama e deita ao meu lado me abraçando. "Ele me acordou mamãe." Fala manhoso.

Rio junto de Gerson. "O que aconteceu?" Gerson pergunta e levanta.

"Hoje a gente volta pra casa!" Enzo fala animado.

"É só a noite filho." Torço a boca.

"Não importa mamãe, hoje a gente volta para o calor." Ele comemora.

Enzo e Giovanna são os que mais detestam o clima europeu.

Faz três anos que a gente se mudou do Brasil, a pandemia durou dois anos, mas depois de um ano e meio conseguimos nos mudar, Gerson foi comprado pelo Inter de Milão e eu vim trabalhar com a Vogue como tinha que ser.

E agora, quase quatro anos depois estamos voltando.

Fui novamente transferida para o Brasil e Gerson vai voltar para o Flamengo, coisa de louco, eu sei.

"O que vocês acham de irem acordar a irmã de vocês?"

Gerson sugere e os gêmeos correm, até Miguel que tava meio dormindo.

Eles adoram atazanar a coitada garota.

"Você sabe que ela vai surtar."

"Estou aguardando os gritos." Ele diz e eu me levanto indo para o banheiro tomar banho.

Entro no chuveiro rindo com os gritos de Giovanna, ela odeia ser acordada.

Quando que eu ia imaginar que teria uma vida tão perfeita?

Nunca!

A minha família é a mais doida, mas também a mais amorosa.

Gerson e eu não casamos, com a pandeia e a mudança logo em seguida acabamos 'esquecendo' disso.

Bom, eu esqueci porque Gerson fala sobre isso o tempo todo, já eu não ligo muito, o que importa é o nosso companheirismo e amor que cresce a cada dia.

*

"Todo mundo pronto?" Pergunto olhando meus filhos com suas malas.

"Sim mãe." Respondem em uníssono e se viram indo na frente.

"Eu também tô pronto mamãe." Gerson faz graça.

"Cala a boca garoto." Rio lhe dando um tapa de leve. "Por que mesmo eu to usando essa roupa? Foi muito desconfortável no voo." Reclamo ajeitando o vestido que ele insistiu que eu usasse.

"Para de reclamar mulher, a gente vai fazer uma para no caminho."

Concordo com a cabeça mesmo sem entender muito porque to cansada demais pra discutir, caminhamos até a saída e tem um carinha com plaquinha nos esperando. "Achei que o Gabriel viria." Sussurro para Gerson quando nos aproximamos.

"Ele teve um problema." Diz e saí andando mais rápido.

Dou de ombros e me apresso em ajudar as crianças.

O carro se movimenta e eu fico observando a paisagem, principalmente quando passo pela praia.

Como senti falta do meu país Rio de Janeiro.

Quando a gente foi pra Europa eu sabia que ia ser difícil, sempre gostei de praia e mesmo que lá tenham praia incríveis, não é verão o ano todo igual aqui no Rio.

Sinto o carro parar e franzo o cenho ao ver que não estamos nem perto da casa de Gerson, desvio o olhar da praia e foco na igreja em que paramos.

"O que é isso?" Pergunto quando as crianças se apressam em descer. "Onde eles estão indo?"

"Amor, a gente adiou muito isso." Fico nervosa. "Eu te amo, e a nosso história foi muito louca, uma história digna de livro." Sorrio. "Nós crescemos muito um com o outro e hoje eu quis te fazer uma surpresa." Beija minha testa e me coloca de frente para a porta da igreja. "Não me mata por ter feito tudo sem te consultar."

Eu fico atônita quando a porta da igreja se abre revelando todos os nossos familiares e amigos.

"Gerson!" Exclamo sem acreditar.

"Não vai dizer não hein." Fala e saí em direção a igreja.

Meu Deus, eu acho que vou casar.

Meu pai se aproxima e Gerson vai em direção ao altar. "O que tá acontecendo?" Pergunto pro meu pai quando ele cruza o braço com o meu e caminha até o altar.

A sinfonia de 'um amor puro' começa a tocar e lágrimas se formam em meus olhos.

Eu sempre disse que me casaria com essa música.

"Pelo que estou entendendo é o seu casamento bebê." Meu pai faz graça e acabo rindo.

Posso notar pela visão periférica muitos amigos, a mãe de Gerson ao lado de minha mãe no altar e do outro lado Gabriel e Ana acompanhados de André e Bia.

Meus filhos andam em minha frente.

Não consigo controlar as lágrimas.

"Meu Deus." Abraço Gerson quando meu pai me entrega no altar. "Eu to tremendo, preto." Falo alto fazendo todos rirem.

"Não vai desmaiar." Quem diz é o padre.

Sorrio.

Nesse momento eu sei que mesmo com a loucura que foi a nossa caminhada, essa foi a coisa mais certa que já fiz na vida.

Gerson é a coisa mais preciosa que eu já tive na minha vida.

"Aceito."

"Aceito." Sorrimos um para o outro e trocamos as alianças.

"Obrigada por tanto, preto."

"Obrigado por ser minha melhor parte, preta." Sorrimos um para o outro e nos beijamos.

Ouço os gritos e aplausos e nos separamos sorrindo.

"Borá beber." Grito assim que pisamos fora da igreja. "Tem festa né amor?" Olho para Gerson alarmada.

"Rexxxxpeita Olívia, claro que tem festa." Gabriel grita forçando um sotaque carioca que ele não tem.

Rimos e entramos no carro, as crianças foram com meus pais.

"Que a gente continue sempre assim." Sorrio pra ele.

"Sempre assim, amor." Nos beijamos sorrindo. 

3/3

Confesso que chorei escrevendo, foi difícil me despedir desse casal.

Eles vieram em um momento que a minha saúde mental precisava de um descanso - ainda precisa - e foram muito importantes nesse momento de isolamento. Espero que tenham feito tão bem para vocês quando fizeram para mim!Vou trazer um epílogo ainda, mas só ano que vem, também teremos um livro para  Gabriel e pra Ana, porque me dei conta do quão bem escrever me faz.Conto com vocês nesse nova caminhada.Que 2021 traga a vacina que 2020 não trouxe.Boas festas, se cuidem e se puderem não se aglomerem kkkkkPassem protetor solar e bebam água. 
Obrigada por me acompanharem até aqui. <3