Capítulo 24

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Olívia

"Eu vou embora do Brasil em uma semana." Disse tirando a minha mão da sua.

Um mês foi tempo o suficiente para Gerson me deixar na fossa, acho que eu nunca fiquei tão mal em toda minha vida.

Sim, eu sei que pareço extremamente dramática, mas é verdade.

O problema em si não foi ele ter terminado comigo, óbvio que isso me machucou, mas me machucou mais ainda ele dizer que eu não era nada, que a nossa família não era nada e que tanto ele quanto Giovanna seguiriam a vida sem mim de tão inútil que eu fui na vida deles.

Eu fui assim tão ruim?

Eu fui assim tão insignificante?

Nosso relacionamento e nossa amizade foram tão rasos assim?

Esse e outros vários questionamentos rodavam minha mente.

Minha psicóloga fez questão de me mostrar um outro lado da situação, mas tem momentos na vida que a dor precisa ser sentida.

E no meu caso, foi muito sentida.

"Como assim você vai embora?" Perguntou atordoado.

Tomo um gole do meu café engolindo junto com ele a vontade de gritar, de chorar e principalmente a vontade de me jogar em seus braços e voltar a ter a vidinha de comercial de manteiga que eu achei que a gente tinha. "Eu vou trabalhar na Vogue europeia, em todas, vou ser tipo um suporte para cada revista da Europa."

Os primeiros dias foram os piores, eu chorava, não tinha criatividade e muito menos a capacidade de fazer alguma coisa que não fosse estar na redação, por isso fiquei auxiliando a equipe ao invés de criar meus textos e reportagens, e estar nessa nova função me abriu portas, depois de quinze dias auxiliando a equipe a editora chefe da revista me fez a proposta de ir para a Europa auxiliar todas as revistas do continente.

No início pensei em negar, porque fiquei com medo, por estar em outro continente e ter tamanha responsabilidade, porém logo as palavras de Gerson vieram em minha mente e eu aceite.

"E eu? E a Giovanna?" Pergunta com uma postura mais rígida, como se não acreditassem em minhas palavras.

"Foi tu mesmo quem disse que eu não era nada pra vocês." Sou rápida em lhe responder. "Disse que a Giovanna logo ia me esquecer, e consequentemente tu também, não vejo o motivo desse teu questionamento." Meu tom é frio e isso faz com que Gerson carregue uma expressão brava.

"Eu fiz pra te proteger Olívia."

"Não, tu fez pra se proteger, fez pra proteger a tua família porque se por um momento tu tivesse pensando em me proteger tu teria sido honesto ou pelo menos não teria me magoado tanto." Minha voz começa a ficar embargada e minha respiração ofegante. "Ou quem sabe teria me procurado assim que tudo se resolveu."

Eu sabia que não era uma boa ideia vir aqui, mas precisava me despedir da Giovanna.

"Não faz isso Olívia, tudo que eu fiz foi pensando no teu bem estar." Passa a mão na cabeça em sinal de nervosismo.

Ele tava tão lindo.

A barba um pouco maior que da última vez que nos vimos passava uma imagem de homem mais velho que vaia muito bem nele.

"Tu sabe que não." Suspiro terminando o café. "Eu só vim aqui hoje porque queria me despedir da Gio, eu já estava em contato com a tua mãe para fazer isso acontecer e ela achou que seria mais fácil eu vim hoje já que você foi assistir o parto da sua irmã." Me levanto deixando uma nota de dez reais na mesa para pagar o café. "Eu vou até a sala de espera para me despedir direito da Gio já que prometemos." Me viro para sair do café, mas paro. "Parabéns pelos sobrinhos."

Gerson

Tem momentos na vida que a gente toma uma decisão sem a mínima noção do quanto ela pode mudar tudo.

Quando eu terminei com a Olívia, eu fui duro sim porque precisava que ela ficasse longe para conseguir resolver a situação com a minha irmã, porém eu ainda tinha esperança de que nós dois poderíamos voltar no futuro.

Eu não fui atrás dela logo que a pai dos meus sobrinhos foi preso exatamente porque fiquei com medo de sua reação, fiquei com medo de acontecer exatamente o que aconteceu há alguns segundos atrás.

Fiquei com medo de ter perdido pra sempre a mulher da minha vida.

Suspiro saindo da cafeteria de maneira automática ainda tentando assimilar tudo o que aconteceu.

Quando chego perto do quarto da minha irmã vejo uma correria de médicos e minha mãe corre para me abraçar.

"O que tá acontecendo?" Pergunto, mas ela só chora. "Olívia." Chamo-a e vejo seus olhos molhados enquanto a mesma agarra Giovanna de maneira apertada.

"Ela..," Minha mãe tenta falar, mas seu soluço a interrompo

"Ela teve uma parada cardíaca, Gerson." Olívia fala depois de secar o rosto com o dorso da mão.

Ela caminha em minha direção de maneira calma, depois de sentar Giovanna num dos bancos, ela consegue tirar minha mão dos meus braços fazendo-a se sentar ao lado de minha filha.

Eu sigo de pé com o olhar perdido, sem acreditar no que está por vir. "Eu sinto muito, Gerson." Olívia pega a minha mão e me encara. "Emília se foi." 




Vamos de maratona?
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Se preparem para se despedir do nosso casal!


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