A Dor

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E hoje é terça, por um minuto esqueci que hoje era dia de atualização, foi tanta correria para arrumar as coisas que, nossa, perdi a noção de tempo kk.
Mas o importante é que deu tudo certo, eu comprei tudo que precisava e não precisava kkkk (comprei tanto chocolate que tô quase pedindo pra cacau show me patrocinar, sinto que eu meu salário todo ficou na loja deles 😒)
Bom, o próximo capítulo agora é só depois do natal, tipo, capítulo triste perto do natal, mas ainda dá pra vcs se recuperarem desse capítulo kk.
Feliz natal pessoal 💕💕
Sem enrolar mais,
Boa leitura.

   “Estremeço quando você me toca,Temo que seja ele”— Dor

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   “Estremeço quando você me toca,
Temo que seja ele”
— Dor

— Vou tocar em você agora — sussurrou.
Sua mão ergueu-se devagar, ele estendeu tão lentamente a palma aberta em minha direção que, por alguns segundos, eu pensei que o tempo tivesse parado. 

Observei a trajetória de seus dedos, consciente de que quem me tocava agora era ele, o loiro dono dos olhos carmesim de brilho intenso e rebelde que me tiravam o fôlego, aquele que tinha a posse do meu coração e amor por completo.

Meu corpo tremeu em expectativa e repúdio, receoso diante de qualquer toque sobre minha pele, mas que eu ainda desejava que ele o fizesse, que fosse ele a tocar-me. Meus olhos se encheram de salgadas lágrimas assim que seus dígitos pousaram suavemente sobre minha mão. 

As memórias sombrias que ainda estavam vívidas em mim, dos momentos brutos, desprezíveis e dolorosos vieram como um soco bem-dado em meu maxilar. Mesmo observando a figura a minha frente, mesmo sabendo que quem me tocava não era o monstro que me assombrava, sentir seus dedos quentes deslizarem por toda a extensão da minha palma me trouxe náusea. Meu coração contraiu no peito, as batidas dolorosas demais para suportar. Meus pulmões contraiam devagar, era claro que eu estava hiperventilando em busca de uma quantidade de ar para me manter vivo que parecia inexistir.

Meu corpo vibrou no mesmo ritmo acelerado e descontrolado das batidas do meu coração que bombeava sangue loucamente buscando atender às necessidades adicionais causadas pelo estresse; meus músculos e articulações travaram em choque e repulsa, fiquei imóvel e a total mercê dos dígitos pousados delicadamente sobre minha pele. 

Um grito de desespero preso na minha garganta me sufocava ao ponto de que eu sentia como se fosse afogar em minha própria angústia. O meu eu, perdido no meio do mar de tormenta que havia se tornado minha mente, chorava de maneira impetuosa ao se ver novamente preso e sem forças para correr do caos que me atormentava. Fui tragado pela escuridão ao meu redor e ela me acolheu com carinho em seu manto grosso e pesado. 

Sendo apenas uma alma frágil, ferida e maltratada que necessitava de conforto e segurança, eu buscava curar a mim mesmo de alguma forma das lembranças e cicatrizes que envolviam por completo minha existência em seu horror. Desabando ao ter um toque novamente sobre mim. 

Como se sua mão fosse o fogo que me queimava, eu recuei de maneira bruta para longe de si e seu amor borbulhante. Me afastei da sua existência que se tornava um borrão enquanto sua terna imagem se distorcia para o ser de olhos vermelhos e cabelos levemente azulados que havia me tornado aquilo que eu era agora. 

A sensação, ainda fresca em meus membros, dos seus toques e da dor que ele me trazia cada vez que sua mão se fechava em alguma parte do meu corpo apenas para me fazer rachar como uma casca oca e frágil que não tinha outra escapatória além de chorar e implorar por ajuda ou piedade, atormentava minha mente falha e perturbada por ele. 

Meu corpo se contorceu, fechando e espremendo-se mo casulo de segurança que eu sabia ser tão frágil e inútil quanto meu choro e pedido de socorro. Os joelhos empurravam minha caixa torácica enquanto eu afundava ainda mais em mim mesmo, no canto da cama e contra a parede. Eu só queria fundir-me com ela, para reprimir e abominar tudo ao meu redor na ínfima esperança de me livrar da dor que parecia envolver até os meus ossos em suas garras afiadas e horripilantes. 

— Deku. 

Sua voz era algo tão distante e surreal que as lágrimas se tornaram mais violentas com a ilusão que meu cérebro insistia em manter, a mentira que o indivíduo a minha frente nesse momento era real e não uma miragem. Minha mente insistia em dizer que eu ainda me encontrava preso com aquele ser monstruoso, distante do conforto dos braços e do amor que a verdadeira presença à minha frente tanto necessita entregar para me socorrer da dor arrebatadora que ele mesmo, sem culpa alguma, me trazia. 

— Desculpa — o pedido era embargado pelo seu próprio sofrimento e angústia ao me ver assim, seguido dos soluços baixos fruto de um choro sofrido. Eram as lágrimas de alguém que havia chegado tarde e não podia mais me ajudar ou salvar, que agora se desculpava pelo ser quebrado e sem resgate que me tornei. 

Seu choro atormentava a parte da minha mente que ainda estava lúcida e livre de pesadelos, a parte que apenas desejava estar ao seu lado e ser confortado com a calidez do seu amor.

Estremeço quando você me toca pois temo que seja ele aqui novamente para destruir os restos dos pedaços trincados que sobraram do meu eu perdido, mas choro quando você se distancia, porque sei ser do teu amor que preciso para unir novamente a ruína que me tornei.






Outros jeitos de usar a boca (KatsuDeku - BakuDeku)Onde histórias criam vida. Descubra agora