heartache

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Fabio e Amelie se conheciam há anos, desde os primeiros anos de escola. Durante muito tempo, eles não passaram de conhecidos, só começaram a ter mais contato quando os meninos deixaram de ser os inimigos das meninas para serem suas diversões. As amigas dela adoravam ele, aquele tímido e desajeitado garoto que andava de moto. Na verdade, apenas enxergavam a última parte.

Para Amelie, isso não fazia a menor diferença. Ela, inclusive, nem o achava bonito. Ou simpático. Porque em uma das únicas vezes que realmente tinha conversado com ele foi em um trabalho em grupo que ela teve que fazer praticamente tudo sozinha e Fabio apenas ficou com a nota boa no final. Para a morena, que tinha as melhores notas da sala, ele definitivamente não era tudo aquilo que suas amigas imaginavam e não passava de um folgado.

No entanto, tudo mudou no último ano, quando um dos melhores amigos dele, Bernard, deu uma festa em sua casa poucos dias antes do Natal, antes de seus pais voltarem de uma viagem à Itália. Marie-Hélène e Lilou convenceram Amelie a ir a festa, alegando que seria uma das últimas festas antes da formatura e dizendo que ela estava estudando muito, precisava relaxar. O que não era mentira, tanto, que até a mãe dela concordou que a filha deveria ir.

Assim como ela, Fabio também não estava animado para ir e teve que ser persuadido pelos amigos. Bernard nunca o deixaria perder uma festa e como se não bastasse, ainda foi convocado para ajudar a arrumar a casa: trancar os quartos, afastar os móveis, separar os copos, guardar os objetos de valor que não poderiam ser quebrados de jeito nenhum e montar o beer pong.

Por isso, logo que os convidados começaram a chegar, Fabio já estava exausto. Ele tomava sua cerveja calmamente, sentado no sofá que foi colocado em frente a escada para impedir que invadissem o andar de cima, quando Lilou o chamou para ser a dupla de Amelie no jogo de baralho.

Ele aceitou, como a própria Lilou havia dito para ele, não estava fazendo nada e além disso, Fabio amava uma competição. Não sabia que Amelie amava tanto quanto ele e era tão competitiva que suas amigas não queriam ser a dupla dela.

Ele nunca jogava para perder. E sempre terminava as noites jogando com seus amigos. Ele sabia os truques e os sinais.

Sentou-se de frente para a futura médica, e Marie-Hélène cometeu seu primeiro erro da noite, deixando ele embaralhar e distribuir as cartas. Com isso, Amelie gritou truco logo na segunda rodada e eles ganharam com facilidade. Eles eram melhores jogadores que as amigas dela e não estavam bêbados como elas, portanto, não seria difícil ganhar mesmo que Fabio não estivesse roubando. Mas Amelie gostava das regras e demorou um pouco a perceber que todas as vezes que ele distribuía as cartas, era como se ela ganhasse um presente de Natal.

Para comprovar sua teoria, ela propositalmente cometeu um erro, fingindo não perceber que estava com a carta de maior naipe e o jogando logo na primeira rodada. Ela olhava fixamente para ele enquanto desperdiçava a carta, e ele se irritou, passou a mão pelos cabelos e bufou alto.

— Por que você fez isso? — Fabio perguntou. Ela fez uma careta, fingindo ter percebido o erro. Amelie teve que segurar a risada quando percebeu a irritação dele, talvez se estivessem em um lugar com mais iluminação, ela poderia ver o rosto dele vermelho de raiva, com o sangue fervendo.

— Confundi. — deu de ombros. Queria testar os limites dele, o fazendo perder totalmente a paciência.

E não demorou muito para que ela atingisse o objetivo. Assim que perderam a rodada seguinte, Fabio levantou bruscamente. Lançou um olhar mortal para Amelie e disse que estava cansado de jogar. Tão infantil como o Fabio que havia deixado a Amelie de 12 anos fazer o trabalho de geografia sozinha. E, por isso, a morena não podia evitar sorrir e só não dava uma risada alta porque não estava afim de explicar às amigas o que havia feito.

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