Eu costumava voltar da escola em um horário chuvoso. E, sempre que sentava para esperar meu ônibus, olhava para cima e me deparava com nuvens de chuva se formando e fechando os céus. Tão altas e tão tristes, mas eu percebia que me identificava com elas mais do que pensava, e aos poucos fui aprendendo a ver beleza naquele céu. Quando me sentia triste ou cansado, eu o encarava e via que estava tão prestes a desabar quanto eu. Éramos só nós: eu e os céus cinzentos. Acho que, às vezes, nos sentimos tão sozinhos que, quando paramos para olhar a natureza ao nosso redor, percebemos o quanto ela está aberta a interpretações e conexões. E, às vezes, podemos encontrar companhia nos detalhes mais improváveis, até mesmo em uma tempestade iminente.