Por um momento, Hande achou que estava morta. Mas seu palpite caiu por terra quando seu ouvidos capturaram barulhos questionáveis, a primeiro instante.
— Ai, meu Deus! Será que ela morreu? — Hande escutou uma voz desconhecida ao longe.
— Claro que não, seu idiota! Saia já daqui! — Ela sorriu ao distinguir a voz de Bige em meio aos barulhos confusos.
Hande tentou abrir os olhos, mas sem sucesso. Parecia que sua cabeça pesava toneladas. Sentiu uma forte fisgada de dor em sua têmpora direita e gemeu baixinho.
— Hande do céu, acorde.— Erçel tentou dar uma resposta à Aras, mas falhou novamente. O quê diabos estava acontecendo? Ela pensou.— Querida, pegue nossas coisas, eu irei carregá-la.
— Não! Eu carrego. — Uma voz rouca que a fez arrepiar inteirinha acompanhada de uma respiração ofegante, bateu em seu rosto.— É minha culpa.
Espera aí! Culpa? As engrenagens da mente de Hande começaram a trabalhar. A bola! Quem jogou a maldita bola?
Com um grande esforço, Hande finalmente abriu os olhos. Precisava entender o quê estava se passando ao seu redor.
A primeira coisa que focou foi em um par de olhos verdes com pintinhas castanhas a fitando, preocupados.
Hande sorriu desnorteada, vendo que o homem lhe deu um sorriso caloroso ao perceber sua volta para o mundo dos vivos.
Prestou mais atenção nas feições dele, e quase teve um troço em reconhecimento.
— Você! — Hande levantou-se abruptamente percebendo que tinha caído tal qual uma fruta madura em cima do assento. Ainda um pouco tonta, sentiu um dos braços dele lhe darem suporte para permanecer de pé.
— Eu! — Ele sorriu divertido, apesar dos traços de preocupação em seus olhos.— É uma fã, certo? Muito linda por sinal.
— Não! — Hande arfou com a ousadia. Avistou seu boné dos Yankees caído ao seu lado e rapidamente colocou. — Melhor agora?
— Acho que eu que deveria te perguntar isso.— Kerem respondeu divertido, inabalável as repostas dela. — Como se sente?
— Estou be...— Hande começou e Kerem tocou-lhe em um lado da testa. O lado dolorido. — Aí!
— Venha, vou te levar ao médico. Precisamos ter certeza que nada sério aconteceu.— Ele a agarrou pela mão, deixando-a aturdida e começando a andar.— Mas primeiro, temos que achar algum gelo pra por aí, já está começando a ficar roxo. Acho que devo ter algo no vestiário e...
— Pare! — Hande freou, desvencilhando-se. Tudo estava acontecendo rápido demais.— Não vou a lugar algum com você.
— O quê? Por quê?
— Vocês vão ficar parados aí? — Ela o ignorou e estreitou os olhos para Bige e Aras ao seu lado que a encaravam em divertimento.
— Pode voltar para o jogo, Bursin. Cuidaremos da nossa garota. — Aras sorriu, tomando a palavra.
— O quê? — Hande não conseguiu segurar a língua curiosa.— Você abandonou o jogo? Por quê?
— Por você.— Ele a fitou intensamente.
— Uh! — Hande disse sem graça.— Eu agradeço, mas não é necessário.
— Eu insisto.— Kerem cruzou os braços, atraindo a atenção de Hande para lá.
Ela secou os músculos do rapaz sob o uniforme do time, imaginando como seria se os mesmos estivesse ao redor de sua cintura. Sempre quisera testar a resistência de um atleta. Se dando conta de seus pensamentos pecaminosos sem fundamento, Hande balançou a cabeça numa tentativa de expulsar tais coisas de sua mente.
— Olha, eu... — Ela começou, mas suas palavras morreram na boca quando focalizou algo a sua frente. — Mas o quê...
— E lá estão eles! Nossa estrela da temporada dando assistência a uma torcedora da casa! — Um dos narradores falou.
— Olhe! Aquilo é o que eu estou pensando? — O outro narrador completou, eufórico.— Eles estão no Kiss Cam!
Hande avistou seu semblante confuso nos telões do estádio, com Kerem ao seu lado e ambos rodeados por corações naquele imenso monitor.
Perdida, virou-se para o rapaz e sem querer, voltou os olhos para os lábios bem desenhados dele. Totalmente beijáveis.
Percebeu que Kerem também estava a analisando, os olhos agora um pouco mais escuros, como se esperasse uma resposta sua.
Mas aquilo era loucura, certo? Só pessoas loucas beijavam desconhecidos na frente de milhares de outras pessoas desconhecidas!
— HANDE! — Ela avistou Murat se aproximando distante e o olhou em descrença com seu atrevimento.— VOCÊ ESTÁ BEM?
Hande respondeu ao seu impasse no impulso. Afinal, todos temos um pouco de loucura dentro de nós, certo?
Com seu boné indo de encontro ao chão, Hande agarrou o rosto quente de Kerem entre suas mãos e acabou com qualquer tipo de distância entre eles.
A língua macia dele adentrou sua boca devagar, como se pedisse permissão. Erçel abriu mais a boca a fim de aprofundar o beijo e sentiu o corpo todo esquentar.
Uma das mãos de Kerem segurava com delicadeza a sua nuca, enquanto a outra apertava mais forte e de forma possessiva a sua cintura. Não existia nenhum tipo de espaço entre os corpos. Peito a peito, sentiam algo avassalador acontecendo ali.
Quando o ar se fez necessário, ambos se encararam aturdidos, completamente imersos naquela névoa intensa de desejo.
Mas a bolha recém criada de ambos foi estourada quando ouviram o som de aplausos em massa, todos do estádio batiam palmas e assobiavam histéricos.
Foi quando Hande percebeu o que fez.
Agradecendo mentalmente que Murat já não estava mais ali, em pânico com a multidão e tamanha repercussão, Hande olhou para Bige e Aras antes de sair correndo, tentando não cambalear.
Outrora de partir porta a fora, parou na saída e olhou para trás. Encontrando o par de olhos que lhe tiraram o fôlego a poucos instantes ainda vidrados nela.
Suspirou ao virar-se e seguir em frente.
Já no carro com Aras e Bige lhe conduzindo ao hospital, suspirou novamente ao perceber que não conseguiria esquecer o que acabara de acontecer tão cedo.
Seja pelo seu rosto colado no dele estampando os tabloides com a manchete: "DE INIMIGOS NO JOGO PARA AMANTES NO BACKSTAGE!", ou pelo fato de sua testa ter ganhado um belo de um roxo por conta do ocorrido ou talvez seja porque seu coração acelerava toda vez que pensava naquele beijo com aquela maldita língua habilidosa.
Se as festividades de Natal já começaram assim, Hande mal sabia o que a esperava nas festividades de ano novo.
―
Espero de coração que tenham gostado!
Um feliz Natal para cada um de vocês :)
E volto aqui dia 31 com o desfecho da história, beijos!!
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Kiss Cam | ShortFic Hanker
RomanceNew York Yankees e Boston Red Sox eram inimigos declarados! O que tornava o novo astro em ascensão do beisebol deste último time: Kerem Bursin, um adversário apto para Hande Erçel, torcedora fervorosa dos Yankees. Porém, quando acontece um beijo pro...