Kiss Cam | ShortFic Hanker

Parte 01

— E vem aí, o embate mais esperado de toda a temporada da MLB (Major League Baseball): New York Yankees e Boston Red Sox! Ambos formam a maior rivalidade do beisebol. Para muitos, é a maior dos esportes americanos [...]

A voz do locutor fazia Hande se remexer no assento da arquibancada, ansiosa. Tinha esperado por esse momento desde o início da competição, era o duelo dos gigantes! Arrumou seu cabelo sob o boné dos Yankees que usava e sorriu eufórica para Bige e Aras ao seu lado.

Seu casal de amigos resolveu lhe presentear com este evento, garantido-lhe um ótimo lugar na ala Oeste do estádio, longe de toda a loucura e guerras de pipoca indesejadas. Para Hande Erçel, era a melhor manhã de véspera de Natal de todas! E mal podia esperar para que os Yankees garantissem sua vitória para que além surtar de alegria, pudesse se empanturrar dos biscoitos de gengibre que sua irmã Gamze fizera naquela manhã, sem nenhuma culpa por se desviar da dieta.

Analisando o ambiente, Hande avistou um rapaz fazendo uma espécie de bolão sobre o placar do jogo. Consumida pela fé na magia do Natal e uma confiança cega em seu time do coração, resolveu investir e ter a experiência de uma torcedora completa.

Sob o olhar divertido de Bige e Aras, Hande depositou uma cédula de cem dólares na pequena urna que o rapaz mantia.

— Qual é a sua aposta, moça?

— 22 x 7 para os Yankees. — Hande respondeu sem pestanejar.

— Confiante você, não? — O rapaz levantou as sobrancelhas, surpreso.

— Confiante não, realista.

— Certo...— O rapaz anotou algo em um talão e lhe entregou.— Mesmo assim... soube que aquele ruivo do Mets foi vendido recentemente para o Boston, e o cara é bom.

Hande observou o carinha seguir calmo por entre as arquibancadas, levando consigo além de seu dinheiro, parte de seu bom humor natalino.

A garota soltou o ar que nem havia percebido que prendia enquanto a palavra merda se repetia como ecos dentro de sua mente, agora como um turbilhão.

— Querida? Tudo bem? — Bige tocou-lhe o braço e Erçel lhe encarou com os olhos esbugalhados.

— Vocês sabem me dizer o que o New York Mets e o Boston tem em comum? — A voz calma de Hande era um contraste com o seu interior consumido pela raiva.

— Ambos estão no top 5 de melhores da temporada? — Aras se arriscou dizer.

— Também! — Hande fez um biquinho irritado.— Mas também são os meus maiores inimigos!

— Você quis dizer os maiores inimigos do Yankees, certo? — Bige sorriu com o fanatismo da amiga.

— Claro, claro...— Hande assentiu.— E como se isso não bastasse, aquele ruivo dos infernos foi transferido do Mets para o Boston!

— Wow! — Aras assobiou em provocação. — Será que teremos uma nova maldição bambino?

— Não me importaria se o Mets caísse, exceto se o Boston se desse bem. Isso não! — Hande respondeu pensativa.

Tudo começou em 1919, quando os Red Sox, em situação crítica por conta de problemas financeiros, venderam Babe Ruth aos Yankees por US$ 125.000. Mais tarde, esse episódio seria conhecido como " A Maldição do Bambino" de Boston, já que o sucesso da equipe começou a diminuir depois de perder Ruth para Nova York.

E claro, as brigas se tornaram constantes e perigosas entre as equipes. O que Hande achava o cúmulo da imbecilidade. Afinal, ganhando ou perdendo, o respeito sempre deve prevalecer.