Parte 04

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Hande o encarava estupefata. Se beliscou discretamente para ter certeza de que aquilo não era mais um sonho. Ao sentir a dor do beliscão em sua coxa, concluiu que tudo aquilo era muito real. E não sabia como agir.

— Não está me perseguindo, está Kerem? — Hande disse, desconfiada.

A boca de Kerem ficou seca ao escuta-la pronunciar seu nome pela primeira vez. Estremeceu ao sentir a onda de desejo em seu corpo ao encarar os lábios carnudos e o corpo esculpido daquela deusa em forma de mulher.

— Como está, Kerem? Como foi o jogo, Kerem? Não vai me perguntar nada disso, Hande? — Ele pigarreou e fez graça, fazendo-a arregalar os olhos.

— Como diab- digo, como sabe meu nome? — Ela se corrigiu a tempo, antes de dizer alguma besteira na frente de Mavi.

— Você parecia saber tudo sobre mim. — Ele sorriu e sentou-se na cadeira ao seu lado, com feições relaxadas.— Achei injusto e procurei saber mais sobre você também, handemiyy.

— Só meus amigos me chamam de handemiyy.

— Ótimo, porque eu pretendo ser bem mais que isso.

— Eu realmente não vou discutir com você de novo.— Hande o encarou em descrença.

Notando uma movimentação estranha perto deles, Hande franziu o cenho ao ver Kerem levantar-se de repente.

Fuck! — Ele praguejou e ganhou um olhar feio de Hande.— Desculpe. Não saia daí, tamam? Já volto.

Ela apenas o observou se distanciar e tirar fotos com alguns garotinhos e, com uma mulher bastante interessada em enrolar o dedo nos cabelos, também aparentando ter um tique nervoso nos olhos visto que piscava tanto.

Kerem voltou cabisbaixo, tirando um boné conhecido e óculos escuros dos bolsos da calça e vestindo-os.

— Desculpe por isso, Hande. De verdade.— Ele respondeu envergonhado, percebendo o olhar dela.— Não se preocupe, não vou deixar que desonrem você outra vez. Eles não tiraram nenhuma foto de nós.

— Meu boné.

— O quê? — Ele piscou, confuso. Esperava que ela brigasse com ele ou algo do gênero.

— Você está usando o meu boné. Contraditório, afinal, você é um inimigo dos Yankees.— Ela estreitou os olhos.

— É o disfarce perfeito, não é?! Ninguém acreditaria que eu estaria usando o símbolo do meu rival. — Ele parecia orgulhoso de seu feito.— Mas então, essa princesa linda é sua filha?

Kerem tentava soar casual, mas era perceptível sua ansiedade pela resposta. Se fosse filha dela, ela também poderia ser casada? Ele pensou.

— Sobrinha.— Ela ainda tentava fazer Mavi comer.

Ele relaxou e olhou para as mãos de Hande, também não encontrando nenhum anel de compromisso. Suspirou aliviado ao perceber que a mulher que vinha tirando seu sono durante a última semana, era aparentemente solteira.

Meio contraditório visto que ambos se beijaram na semana passada, no calor do momento. Mas fora do estádio, era o mundo real. E ali, ele era somente o Kerem. E Hande a cada instante provava que não dava a mínima para a fama dele, só se ressentia pelo fato do mesmo ter ganhado de seu time. Mas apenas isso. E ele adorava ainda mais essa ideia a cada minuto.

— Huh, precisa de ajuda? Sou ótimo com crianças. — Ele não queria ir embora.

— Eu agradeço, Kerem, mas... — Hande foi interrompida por uma voz infantil.

— Keke!

Hande não podia acreditar no que ouvira.

— Keke! — Mavi repetiu, seguida de uma sonora gargalhada.

— Acho que eu assumo daqui. — Kerem sorriu convencido, pegando o prato com a papinha e a colher das mãos de uma Hande chocada.

— Traidora... — Hande observava de boca aberta Mavi, de bom grado, ser alimentada por Kerem.

Hande mal podia tirar os olhos dele. Parecia que estava hipnotizada. A atenção que ele dava para este momento era impressionante. Batia palminhas cada vez que Mavi engolia alguma parte da comida e sorriu entusiasmado para a menininha que deu gritinhos satisfeitos ao perceber que terminara a refeição.

Erçel se perguntou se ele tinha essa leveza e foco em tudo que fazia.

— Você é mesmo bom com crianças... — Hande pigarreou e tentou engolir o ciúme por Mavi não tê-la deixado alimentá-la.

Kerem sorriu em resposta. Tinha gostado da atenção e das feições de supresa de Hande ao vê-lo dar de comer a fofa garotinha.

— Que família linda! — Uma velhinha de olhos serenos e cabelos brancos se aproximou.— A bebê linda é a cara da mamãe! Talvez na próxima saia um anjinho mais parecido com você, papai.

— Assim eu espero, senhora. — Kerem sorriu e respondeu por ambos, enquanto Hande travou estupefata.

Allah os abençoe! — A senhora piscou e partiu tão rápido quanto chegou.

— Acho que ela quis dizer que formamos uma bela família. — Mavi dera um gritinho animado e Kerem encontrou os olhos da mais velha.— Até Mavidim concorda.

Hande não sabia se ele estava brincando. E não queria que ele estivesse.

— O quê está dizendo?! Essas coisas só acontecem comigo quando estou com você.— Hande bufou e olhou para seu relógio de pulso. Eram 17h. As horas tinham passado tão rápido com ele ali. — Deveria voltar para sua família e começar a se arrumar para a festa do hotel.

— Não posso. — Ele se remexeu desconfortável na cadeira.— Estou sozinho.

— O quê? Como assim? — Hande sentiu seu coração se apertar com a possibilidade do homem sentado a sua frente estar tão solitário em um dia tão especial.

— Com o jogo na véspera de Natal e tudo mais, tive que ficar e não consegui mais nenhuma passagem de avião para encontrá-los. Tudo lotado, final de ano, você sabe. — Ele dizia com os olhos tristes.— Meus colegas de time moram por perto, mas sou novato e não sou próximo de nenhum deles. Então achei que um lugar calmo como esse pudesse me servir como parada até conseguir algum voo em alguma data próxima.

Kerem resolveu omitir a parte que escolheu esse resort em específico porque sabia que ela estaria ali, tudo graças ao casal gentil de amigos da garota.

Hande se surpreendeu ao perceber que sabia o que fazer. Queria Kerem. Gostava do rapaz ao seu lado e a ideia de passar a virada do ano com ele pareceu mais que atraente. Olhou para Mavi de soslaio, e parecia que a garotinha pensava o mesmo que ela. Resolveu se dar uma chance e arriscou.

— Esteja neste mesmo local, hoje às 22h. Estarei esperando por você. — Hande lançou-lhe um olhar afiado.— E não aceito não como resposta.

Ela levantou-se, pegou o carrinho com Mavi e partiu rapidamente. Deixando um Kerem surpreso e ansioso para trás.

Kiss Cam | ShortFic HankerOnde histórias criam vida. Descubra agora