O final

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O centro comunitário tá lotado, de modo que é impossível não ser notado quando Katsuki adentra o recinto em uma roupa ridícula de duende, as orelhas pontudas ficam caindo, e exatamente como o Kirishima disse, o collant da calça aperta as bolas, mas ele avança, destemido, até onde ela está. 

A roupa de Mamãe Noel cai muito bem nela, botas felpudas, leggings pretas e uma túnica vermelha que agarra a figura curvilínea dela do modo mais lisonjeiro possível. Resumindo, ela tá uma gata, e ele tá ridículo. Mas o brilho no olhar dela quando o avista faz tudo valer a pena.

—  B-Bakugou-kun?

—  Tão precisando de ajuda com os pirralhos?

—  S-sim, hã... toda ajuda é bem-vinda, mas...

—  Então dá suas ordens, Mamãe Noel, sou seu ajudante. —  ela fica vermelha, mas o barulho das crianças parece impedi-la de se manter focada nele, então Uraraka só assente.

 —  Fica de olho pras crianças não puxarem os chifres do Todoroki-kun e hã... não esquece de sorrir.

—  Sim, Madame! —  ele não a olha diretamente pra não corar, e também se aproxima do Todoroki, que se vira pra ele rapidamente e volta sua atenção às crianças, mas volta a encará-lo, como se tivesse acabado de se dar conta de quem está diante dele.

—  Tsk, tá olhando o quê? Bora distribuir alegria pra pirralhada!

Mais cedo:

—  Kirishima, acorda aí! —  Katsuki bate na porta, na verdade, surra a porta,  pela terceira vez seguida.

—  Pô, mano... foi mal, não vou treinar não. —  ele abre a porta bocejando e coçando a barriga —  Sabe o que é, acordei malzão, tô com uma dor na... na... no umbigo, nem é porque é Natal e eu queria dormir mais um pouco, te juro, só tô com...

— Você não sabe mentir, Kirishima, cala a boca! —  ele cruza os braços —  Não quero treinar.

—  Não... não quer? —  o ruivo desperta um pouco mais —  Caralho, mano, você tá bem? Parece que não dormiu nada, tá todo trincado!

—  Tô bem. Escuta, cadê sua roupa de duende?

—  Minha... minha roupa de duende? Tá ali, por quê?

—  Me empresta. Ia alugar alguma, mas esse povo não quer saber de trabalhar, as lojas só abrem mais tarde, então vai a sua mesmo.

—  Hã... tá bom, pega ali. —  ele dá espaço para o loiro entrar —   As orelhas ficam caindo, e a calça aperta um pouco o saco, mas... não, peraí, pra quê você quer minha fantasia de duende, cara?

—  Ué, a Uraraka e o Meio a Meio não precisavam de um duende? Eu vou, pode ficar aí dormindo. 

—  Sério? Pô, valeu! Vou até falar pra Mina que vai dar pra gente tomar café juntos e... não,mano, eu preciso focar! Que diabos tá rolando aqui, Bakugou?

—  Eu vou ajudar, você pode ficar de boa.

—  Hã, ok. Tem certeza? 

—  Nunca tive tanta certeza como agora.

—  Caramba, másculo! —  ele balança a cabeça em aprovação —  Ok, né? Hã... o evento deles vai ser lá no centro comunitário, eles combinaram de sair às 8.

—  Ok. —  Katsuki recolhe todos os elementos da fantasia ridícula e dispara pela porta, mas antes de sair, ele se vira pro Kirishima e estende o punho pra ele. O idiota fica olhando pra cara dele sem entender, e então seus olhos se arregalam e ele ergue o punho também, batendo contra o dele animadamente —  Valeu por tudo, Kirishima, vejo você e os outros dois patetas mais tarde!

Sim, mais um conto de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora