CAPÍTULO 13 - Consciente

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Khlaos estava sentado no telhado dado para os jardins e acima da varanda a qual Ama e Yívan conversavam. Ele não estava seguro em lugar algum enquanto estivesse na Pólis, logo precisava passar a noite movendo-se e fora da visão comum. Havia sido automático seguir para o quarto de Yívan, era uma boa posição, vazia do alcance da maioria dos sacerdotes e membros do Florilégio. Eles haviam entrado nas fases em que Solstícios fora de época estavam abertos, logo haveriam olheiros atrás de personalidades. Devia seguir Ama tanto por si quanto por ela, ambos corriam o perigo de serem atacados caso estivessem expostos e fáceis.

A noite era sempre a pior. Por sorte, Yívan havia conquistado a um quarto próximo ao dele para Ama, logo o esforço de Khlaos era caminhar pelos telhados e encontrar varandas, caso não quisesse ir aos corredores mais abertos da zona dos templários. Já estava na hora de mover-se, todavia escutar as ações que se passaram fora de sua vista haviam o deixado parado em seu eixo de pensamento. Ele já havia separado bem fantasias juvenis da realidade, porém ser um observador desta realidade ainda o deixava paralisado.

"Deuses, eu sei que eu não sou flor que se cheire, mas tenha piedade dessa alma", ele pensa em Ama quando manda essa oração, cretino e perplexo.

O significado de Yívan era justiça e graça dos deuses, um nome que parecia haver sido escolhido a dedo para uma verdadeira criança abençoada. Khlaos havia esclarecido em seus pensamentos que o mesmo poderia até haver nascido em um berço ridículo de privilegiado, mas Yívan era o que se chamava de verdadeira criança abençoada.

Khlaos é resignado, não havia compreendido a tudo desde que Ama e Yívan haviam adentrado e, deduzindo ele o que ocorrera, era recomendável que não estivesse ali, mas seria uma longa noite a qual seria obrigado a dormir no telhado, seu descanso sendo os desmaios de sono frequentes e sustos aleatórios que o fariam acordar e voltar a ficar alerta. Acabaria fazendo isso por toda a semana, uma vez que não podia aceitar a proposta de Justicia de estar em seu casarão ou ir ao castelo-palácio para ser assassinado ou ser envenenado como o príncipe regente. Não tinha para onde ir, em todos os lugares era perigoso para si.

Ele caminha pelo teto até encontrar o quarto onde Hunus e Ama haviam sido colocadas para dormir. Não era distante, ainda possuía acessibilidade e ainda não podia ser visto. Elas já pareciam haver deitado quando este chegara, mas continuavam a conversar. Khlaos não tinha o direito de participar ou um lugar para ficar, então acomoda-se no teto acima delas, forçando a audição para saber se elas estavam acordadas e não se sentir tão só, encolhendo-se com o próprio corpo, não tendo onde recostar-se.

Era necessário fé para crer em magia.

Ele também gostaria de ser abduzido do menosprezo e não precisar espiar a vida alheia para não estar descartado dela. Khlaos não se sentia privilegiado.

*

Para distrair aos nobres e ricos de terras distantes que não podiam retornar para suas mansões, os Templários e Supremo Tribunal administrativo haviam feito programações para que estes não estivessem entediados enquanto aguardavam a semana de recuperação. Como sempre faziam, nada explicavam às classes inferiores presentes, a única fonte de comunicação sobre o que se passava vinha de Yívan e esporádicas aparições de Khlaos.

Quando Ama menos esperava, os sacerdotes e servos estavam preparando música e comida para mais festividades e eventos sociais típicos da Pólis e excessivamente cuidadosos para não ofender as origens étnicas dos presentes, homenageando-as, mas tentando ser neutros e universais. Um momento em que eles podiam disputar sobre superioridade artística e dominância. Ela não participava disto, consequentemente, não estava convidada ou tinha vontade.

Neste dia seguinte, Yívan fora buscar Ama e Hunus no quarto dos aprendizes desistentes. A porta fora aberta por Hunus, Ama parecia mais forte que nas outras ocasiões, embora ainda ferida. Os três encaminharam-se até que encontraram a Amo rodeado de "jovens místicos" os quais já o adoravam por sua personalidade carismática e por ele já dizer aos quatro ventos que era o irmão de consideração da futura Reaina única de Ágorantuon. Ele se junta aos três para que realizassem caminhada grupal.

EsperanczAOnde histórias criam vida. Descubra agora